38 - Ponto de Impacto

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No dia seguinte fomos embora à tarde e chegamos em casa após o maior engarrafamento. Eram quase dez da noite!

Saímos sem ver a dupla dinâmica, que ainda estava trancada no quarto. Na quinta liguei para Arthur e ele já havia chegado. Disse para que eu fosse lá à tarde fazer uma entrevista com ele e o tal Júlio. Fiquei receosa porque me imaginava dentro da equipe e agora tinha esse papo de entrevista.

Regina disse que iria para o Centro, passar no banco e dar uma olhada em suas finanças, uma vez que perdeu a noção de tudo desde que voltamos da Europa. Aproveitaria para comprar umas roupas íntimas.

Cheguei no escritório de Arthur em Botafogo às 13:30h. Ficava em um prédio enorme e bonito. Regina me ajudou a escolher a roupa e me arrumar. Estava meio nervosa. Quando toquei o interfone uma voz melosa de mulher me permitiu a entrada, e ao abrir a porta dei de cara com uma autêntica secretária gostosona. Não era bonita, mas dona de um belo corpo. A mulher vestia uma saia relativamente curta, usava uma blusa decotadíssima e parecia ter saltado direto de uma capa de revista erótica.

- Oi, meu nome é Simone. O senhor Arthur e o Júlio a esperam na sala. Pode vir. – sorriu.

Fui seguindo ela e achei graça dos trejeitos que tinha. Andava rebolando tanto que chegava a ser caricata. "Mas a bunda é bonita! O corpo todo, aliás."

Entrei em uma sala e Arthur e Júlio me aguardavam lá dentro. Estavam sentados em uma mesa redonda de quatro lugares. Havia uns papéis em uma das cadeiras. Ambos se levantaram para apertar minha mão. Júlio era como o colega: meia idade, atlético, mas ao contrário do outro, tinha a maior pinta de galinha.

- Então essa é Emma Swan! Deus! Nunca vi uma engenheira linda assim! – Júlio me olhou de baixo a cima.

- Boa tarde. – respondi seriamente.

"Ai não, coroa eu não agüento!"

- Já tirou o CREA? – Júlio perguntou.

- Ainda não. Recebi o diploma nas vésperas do carnaval. Aliás, trouxe meus documentos. – mostrei minha pasta – Hoje mesmo eu vejo isso.

- Vamos fazer o seguinte, Lula está indo no Centro por volta das três. Ele te leva lá e você se arruma com o CREA. Efetivamente seu dia começará amanhã. Vou te apresentar a equipe, amanhã você se reunirá com Alcides, Anderson e Bárbara e semana que vem começam as visitas na obra.

- Ótimo! – respondi.

- Então vamos, eu te apresento ao pessoal. – Arthur se levantou – Na volta, antes de sair com Lula, te falo sobre seus vencimentos.

- Até mais, menina. Viajo hoje pra São Paulo. – Julio estendeu a mão.

Retribui o cumprimento, desejei boa viagem e saí da sala com Arthur.

Andamos pelo corredor e ele foi me explicando tudo. Aquilo era na verdade uma imensa sala onde haviam divisórias separando pessoas. Ao todo, quinze funcionários; comigo dezesseis.

Ele me apresentou Simone, a secretária que me recebeu, e os engenheiros civis Alcides, Anderson e Carlos. Em outra baia estavam dois engenheiros elétricos, Fernando e Sandro. Na ‘ala dos técnicos’, havia um projetista apelidado Cancan, dois técnicos em edificações, Bárbara e Rodrigo, um técnico em estradas, Ricardo, um mestre de obras, Raimundinho. Em uma sala separada, o engenheiro de segurança no trabalho, Lula, e ao lado os contadores Camille e Leon, o maior gay do mundo. "Bom saber disso! Sinal de que eles aceitam o homossexualidade."

Júlio era o sócio de Arthur, e o homem que saía em reuniões afora fechando negócios. A empreiteira tinha sociedade com outra em São Paulo e a carteira de obras de ambas era imensa. Com a Prefeitura do Rio havia três trabalhos, sendo que um deles envolvia obras em favelas. Disse para Arthur que tinha interesse nisso depois que encerrasse com o caso de Bonsucesso. Ele gostou de saber, pois me disse que o pessoal dele morria de medo de favela.

Além do TempoWhere stories live. Discover now