— Que... que merda... vo...você...esta... — Miguel mal consegue formar suas palavras agora.

— Poupe seu fôlego companheiro, nos vamos achar um lugar para nos esconder e esperar Eric. E ai de você se me atormentar a paciência. — Paro precisando de ar, malditas costelas. — Eu to com dor, eu to com medo e eu to irritada então cala essa maldita boca e me ajuda a te tirar daqui. — De frente para ele em sua janela, começo a tentar puxar sua porta. — Eu sei que você também esta com dor, mas eu preciso que você me ajude a empurrar a porta. — ele acena levemente com a cabeça.

— Um, dois... três — Conto e começamos a tentar abri-la. — Vamos lá! Anda! Abre!— grunho, mas por mais força que conseguimos fazer a maldita porta não se move. Miguel amaldiçoa.

— Vai...em...bo...ra.... Bella. — a dor em seus olhos me quebra.

— Não! — digo irritada me aproximando dele pela janela. Me curvo, engolindo a dor e me aproximo de seu rosto. — Nos não desistimos lembra? A gente luta até o fim, até quando não der mais e nos não chegamos nesse momento, esta me ouvindo? — Dou um leve beijo em sua boca, deitando minha testa na sua, expiro fundo seu cheiro e me afasto. Olho para o veiculo todo amassado a minha frente e penso. Sigo até a porta de trás do motorista rezando para que ela não esteja emperrada como as outras. Por favor deus! Por favor! Respiro fundo o máximo que posso e puxo a maçaneta , a porta range e não se move no inicio, mas quando estou prestes a desistir e cair no chão sem forças ela se move, não abre muito, mas pode funcionar.

— O que... você... esta fazendo?

— Você precisa sair por trás — me aproximo de sua janela novamente

— Eu não...

— Sim, você consegue. Nada de desistir Miguel! Eu te proíbo inferno! A gente não desiste!—  grito em sua cara, ele me olha e determinação brilha em seus olhos. Ele respira fundo, se contorce no banco da frente o máximo que pode e se joga no banco de trás. Ele cai em um baque surdo, ouço o momento em que perde todo o ar com o impacto e geme de dor. Espero que ele se levante, mas por um momento ele fica imóvel demais me fazendo entrar em desespero.

— Miguel? Miguel? — avanço, me contorcendo no espaço aberto da porta para chegar até ele.

— Eu...  só preciso de um... minuto.

— Tudo bem. — ele levanta sua cabeça e se arrasta em minha direção lentamente, estendo minha mão para ele e ele ergue a sua. Quando nossas mãos quase se tocam, Miguel para me encarando.

— Você... você deveria apenas ir Bela. Eu... eu não sei se consigo.

— Você pode não conseguir sozinho, mas eu to aqui com você agora. Vamos! — empurro mais meu braço em sua direção e ele pega minha mão, começando nossa luta em tira-lo dali.

Com Miguel apoiado a minha lateral tropeçamos até a traseira do carro, longe da parte destruída do carro. Encosto-o firmemente na lataria, dando-o tempo de recuperar o fôlego antes de sairmos atras de algum abrigo, clamando internamente que Eric não demorasse a nos achar.

— Você esta bem? Consegue ficar em pé ou prefere se sentar? — pergunto preocupada olhando seu rosto cada vez mais palido.

— Eu to bem — respira tremulo — em pé, não sei... se eu... conseguiria me levantar... se sentasse.

— Tudo bem — suspiro cansada, lutando contra a dor — eu só preciso pegar minha bolsa, lá tem alguns curativos que vão ser muito uteis agora. — digo me afastando. Mal dou três passos para longe quando me viro pensando ter ouvido algo, meu corpo inteiro se arrepia com aquela sensação horrivelmente familiar, sem pensar duas vezes me jogo sobre o corpo de Miguel

Um segundo depois ouço o tiro...

instantes depois...

Sinto a dor.

ConfinadaWhere stories live. Discover now