- Emma, é um prazer – dona Shelley me puxou em um abraço de urso.

- Igualmente.

- E onde estão todos? – perguntou vovó.

- Alguns no salão e outros na cozinha. A propósito, Regina, seus pais chegaram não faz muito tempo. Henry está jogando gamão com Terry, e sua mãe está...

- Está parada aqui na sala querendo um abraço da filha!

Olhamos quase que todos ao mesmo tempo e nos deparamos com Cora parada perto de uma pequena estante. Regina caminhou até ela e se abraçaram sem muito entusiasmo. Quanto a mim, se resumiu a um cumprimento com a cabeça. 

- Bem, essas meninas fizeram uma longa viagem e é hora de realmente chegarem. – vovó interrompeu – Creio que querem desarrumar as malas e comer algo. Talvez até queiram tomar um banho; os brasileiros tomam banho demais pelo que se diz, e Regina deve ter adquirido o hábito.

- Banho em um frio desses?? Deus! Mas tudo bem. Eu vou levá-las para o quarto e depois elas conversarão com todos.- disse Sr. Herbert.

"Todos? É esse todos que me apavora!"

Reparei que muitas vozes vinham de um cômodo mais para dentro da casa. "Deve ser o tal salão!"

- O quarto de vocês fica no terceiro andar. Regina conhece bem a casa. Venham!

- Quarto de vocês? – perguntou Cora com desaprovação – Regina não dormirá com Henry e eu como sempre?

- Não, querida! – dona Shelley interveio - Elas dividirão o quarto com Leslie e Meg. Deixamos os jovens todos no terceiro andar. - e olhando para nós – Podem ir meninas!

Não perdemos tempo e subimos as escadas atrás do Sr Herbert. Cruzamos um corredor comprido, cheio de quadros e entramos em um belo quarto com quatro camas.

- Aqui está! – colocou as malas sobre uma mesinha – Leslie está com esta cama e Meg com aquela ali do canto. Fiquem à vontade. No mais, Regina conhece bem a casa.

- Obrigado, senhor!

- Obrigado, tio!

- Pode me tratar por meu nome, Emma. Senhor é apenas Deus. – dito isso retirou-se do quarto.

              ♧♧♧♧♧♧

Após nossa efetiva chegada na casa, descemos arrumadas para o primeiro andar. Regina estava lindíssima usando botas negras de salto alto, calça preta justa no corpo e casaco de pele com motivos de oncinha. Maquiou-se com descrição e usou jóias douradas. Era incrível como sempre sabia ser deslumbrante!

Eu também usava botas, as que ela me deu, vesti uma calça jeans mesclada e coloquei o casaco marrom sobre uma blusa preta de gola rolê. Meus adereços eram prateados, e deixei Regina me maquiar. Ela adorava fazer isso. 
A primeira pessoa que vimos foi a vovó, que iniciou a peregrinação nos apresentando a família. Fomos direto para o salão e choquei ao chegar. Era um cômodo imenso, com uma grande mesa central na qual a ceia já estava posta. Havia inúmeras cadeiras, junto a mesa e espalhadas, um relógio estilo cuco, uma grande estante cheia de fotografias, vários quadros na parede e um piano de cauda perto da janela. O lustre de cristal parecia com aqueles que se vêem no Museu Imperial de Petrópolis. O salão era todo acarpetado, e me senti pisando em uma daquelas preciosidades que vêm do Oriente Médio. Havia também uma mesa menor, onde "meu sogro" e um homem jogavam gamão. Próxima a ela, um móvel cheio de tabuleiros e peças de jogos. Além de tudo isso, claro, havia também as pessoas. Dona Shelley e o marido tinham três filhos: Thompson, Malcon e Samuel, havendo pouca diferença de idade entre eles, que regulavam quarenta e poucos anos. Thompson era o mais velho e mais simpático, casado com Carmem, uma espanhola totalmente louca. Eles eram os pais de Leslie e Meg, que regulavam minha idade e pareciam duas hippies. Malcon era do tipo calado, mas muito gentil e sorridente. Era casado com Maddy, de iguais maneiras, e eram os pais de Terry, um rapaz de uns 25 anos, sendo o mais velho dos netos de Shelley e Herbert. Segundo vovó Granny: 

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