17 - Voltando a Realidade e Conhecendo o Perdão

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- Eu mudei de idéia e quis voltar uns dias mais cedo. Chegaria ontem, mas o vôo atrasou muito e só cheguei agora.

"Meu Deus se ela chega ontem eu tava ferrada!"

André entra na sala carregado de malas e pacotes.

- Comprei mil coisas lindas! Seus parentes também mandaram alguns presentes por seu aniversário. - olhou para mim - A viagem foi um caos! Turbulências, atrasos...Oh my God!
Dolores, providencie um Blood Mary e prepare meu banho. Estou precisando de repouso. Ligue também para o massagista e mande-o vir aqui hoje por volta das 16:00h.

- Sim senhora!

Aproximou-se da mesa e pegou algumas uvas.

- Seu repouso ainda não terminou? - perguntou casualmente.

Senti a pergunta como um convite para que me retirasse. Eu também sabia que estava na hora.

- Sim. Arrumarei as coisas e hoje mesmo parto.

- Verdade? - Regina me perguntou surpresa e decepcionada.

- É. Eu ia te dizer isso ainda. Os dias de repouso já acabaram e eu tenho que voltar pra casa.

- Precisa fazer exames e falar com a doutora antes de ir! Sabe que há uma escadaria esperando por você no Cantagalo!

- Dolores, ligue para a médica e diga para que venha hoje aqui. Não queremos que Swan se sinta presa neste apartamento.

- Sim senhora.

- Bem, - levantei-me - peço licença e vou terminar de arrumar minhas coisas.

Saí, mas ainda ouvi Regina dizer à mãe:

- Ela não se sentirá presa mamãe, mas sim expulsa! Esquece que devemos a ela? Pelo menos eu devo muito...

♧♧♧♧♧♧♧

Outro médico, Paulo, que fez parte da equipe que me operou, foi me ver no apartamento de Regina e após algumas perguntas e aperta daqui aperta dali me liberou para voltar para casa. Disse apenas que eu deveria subir as escadas devagar e pausadamente. Regina disse que iria comigo, mas a mãe deu uma crise e falou sobre a violência nos morros. "Se ela soubesse que a filha já bateu as sete freguesias naquele morro..." Despedi-me das três: Dolores, Cora e Regina agradecendo por tudo. Elas disseram que não fizeram mais que obrigação, mas somente em Regina senti sinceridade. Subi as escadas devagar como o médico pediu, e talvez até mais devagar pois um monte de gente me parou no caminho para conversar e saber de mim. Passei na quitanda, mas seu Neneco estava na rua. Cheguei em casa e vovó rezava no quarto, ajoelhada em frente a santa. Regina me aconselhou a deixá-la falar primeiro e não fazer cobranças antes de ouvi-la. Coloquei as duas mochilas na cama e fiquei calada. Sentei-me. Ela me olhou e seus olhos se encheram de lágrimas.

- Rezei muito pra que tudo desse certo! - levantou-se - Está se sentindo bem?

- Sim. Daqui a cinco meses posso até voltar a praticar esporte.

Ela se levantou e parou na janela.

- Senti sua falta.

"Tanta que nem foi me ver ou telefonou!"

- Não acredita?

- Por que não me visitou?

- Eu visitei. Conversei com dois médicos e eles me explicaram tudo.

- Isso foi no dia seguinte da minha operação. Depois não apareceu mais. - fazia um grande esforço para não alterar meu tom de voz.

- Não gosto de hospitais!

Além do TempoWhere stories live. Discover now