Capítulo 45

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Decidimos passar nossa pequena lua de mel em Trancoso na Bahia. Queríamos muito trazer as meninas com a gente, mas iria atrapalhar a rotina delas, principalmente das gêmeas que são mais novas. Apesar de ser difícil para mim deixá-las, minha mãe se prontificou a cuidar das netinhas, disse que queria passar o tempo de avó dela, livre dos meus olhos e das minhas regras chatas.

Gina ainda ficou dois dias em casa antes de voltar para Florianópolis cuidar do seu hostel, mas antes de ir me fez prometer que assim que nossa nova sementinha nascer todos nós vamos visitá-la e ficar um tempo por lá.

Por conta da descoberta da gravidez decidimos adiar a lua de mel, pelo menos até passar as primeiras semanas cruciais e o médico liberar a viagem de avião. Então com quinze semanas de gestação, quase quatro meses de gravidez, finalmente fomos liberados para nossa lua de mel tão esperada.

Seria a primeira vez que ficaríamos longe das crianças, a primeira vez que dormiríamos fora e que o Emerson não iria ler para as meninas antes de dormir.

Meu coração fica um pouco apertadinho ao pensar no sofrimento delas, mas infelizmente faz parte e elas precisam desse espaço para entenderem que também existe brincadeiras e diversão sem a mamãe e o papai — eu sei que é cedo e radical, mas sinto que estamos mimando muito elas.

É o terceiro dia da nossa lua de mel e aparentemente está tudo bem, sem acidentes com as crianças, elas estão comendo e parecem não estar fazendo chilique por estarmos longe. Só a Clara que está um pouco difícil de lidar, já que desde o casamento o dindo dela não apareceu e isso a deixa triste as vezes, mas aí a Jana ou uma das meninas começam a brincar com ela e logo passa.

Nesses três dias que estamos na Bahia nós praticamente não saímos do quarto.

Tem quem diga que lua de mel é para curtir e relaxar a folguinha das crianças, mas o Emerson não sabe o que isso significa e já me comeu em todos os cantos desse quarto enorme que reservamos.

Limites? O doutor não trabalha com eles.

— No que está pensando? — estávamos dentro da piscina na parte exterior do quarto, ela é rasa na medida certa para ficarmos confortáveis sentados e agarradinhos um no outro.

Eu estava no meio das suas pernas, com as mãos nos seus joelhos e a cabeça encostada em seu peitoral, enquanto suas mãos acariciavam nossa sementinha.

Ele estava muito gostoso, sua barba cheia molhada, seus olhos claros protegidos por um óculos de sol que combinava muito bem com o seu rosto e o restante do corpo tapado apenas por uma sunga preta que combina com a cor do meu biquíni.

— Queria conversar com você sobre o nome do nosso bebê — levei uma mão por cima da sua que estava na minha barriga e entrelacei nossos dedos.

Descobrimos na nossa última consulta o sexo do bebê, o que nos deixou muito feliz e aliviada, porque eu já não estava aguentando mais o meu marido resmungar toda hora, repetindo inúmeras vezes que não tem coração para mais uma menina e que vai colocar todas em um convento e elas só saíram com seus trinta anos.

— Tem algum em mente? — ele começou a passear os dedos da mão que não estava entrelaçada pelo meu braço, subindo até o ombro e voltando em uma carícia gostosa.

— João — continuei encarando a borda infinita da piscina, sem ter coragem o suficiente para encara-lo.

— Quer homenagear o seu ex marido... — não tinha sido uma pergunta, ele parecia só estar processando a informação. — Não sei como me sinto sobre isso — falou por fim.

O que foi uma reação bem menos explosiva da que eu previa. Emerson Gupper é assim, com coisas bobas ele é dramático e emburrado, faz uma verdadeira tempestade em copo d'água, mas quando o assunto é sério ele para e analisa a situação, sem se exaltar ou se equivocar.

Ardentemente SuaWhere stories live. Discover now