Capítulo 44

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Quando me casei com o João eu olhava para ele com a esperança de que seria feliz, me agarrando desesperadamente na ilusão de que ele me amava e que seu amor bastava para mim. Talvez, se estivesse vivo, seu amor ainda me bastaria e minha vida séria completamente diferente da que vivo hoje.

Agora, caminhando em direção ao homem da minha vida, eu não o vejo com a esperança de dias felizes, mas sim, com a certeza de que independente do dia, da situação ou do humor, independente de toda razão ou circunstância, é ao lado dele que eu quero estar. Passar pelos momentos bons e pelos ruins, por toda a merda que estiver a vir, sabendo que ele estará ao meu lado, me apoiando e protegendo.

Eu não via os convidados, a cerimonialista ou os fotógrafos, tudo o que enxergava era o Emerson. Me esperando impecavelmente no seu terno azul royal, cortado e ajustado para caber milimétricamente no seu corpo banhado a quilos de massa magra e músculos. Sua barba volumosa e bem desenhada adornando o rosto definido, em um mar de castanho com alguns fios grisalhos que o deixavam especialmente sexy. O cabelo cheio combinava espetacularmente com a barba, trazendo o ar selvagem de homem das cavernas que eu particularmente amo. A boca fina estava um pouco mais volumosa, provavelmente de tanto que ele a mordia — coisa que sempre faz quando está nervoso.

E os olhos. Os topázios que eu amo. Estavam mais claros e cheios d'agua pelas lágrimas que ele não fazia sala para derramar.

Eu o amo. E ele me ama também.

— Você é a noiva mais linda desse mundo — o ouvi sussurrar quando finalmente cheguei e nos posicionamos lado a lado.

Eu estava bonita, mas simples demais para ser considerada a mais bonita.

Optei por um vestido menos glamoroso, mas chamativo o suficiente para marcar cada detalhe do meu corpo. O decote da frente não é muito aberto, mas marca bem a linha dos seios, deixando um coração volumoso e as famosas saboneteiras da clavícula marcada. A alça do vestido é fina e segue a linha do decote extravagante das costas, que vai até o final dela, quase chegando ao cóccix, formando um V nada sutil.

O vestido é bem ajustado no corpo, estilo sereia e rendado a mão, a calda chega a se arrastar no chão, mas não a ponto de atrapalhar para me locomover pelo jardim. Era o ideal, perfeito em cada detalhe, feito exatamente na medida para perturbar o juízo do meu marido.

A cerimônia se passou como num passe de mágica, estava tão perdida na nossa bolha, no seu olhar e no sorriso, que só percebi que realmente não estávamos sozinhos quando a cerimonialista anunciou a entrada das meninas.

Primeiro veio a Clara, segurando as alianças como se protegesse o seu brinquedo favorito, andou tão alinhadinha que parecia ter ensaiado várias vezes para aquela entrada. Estava com um vestido branco estilo princesa e o único detalhe era o laço violeta acima da cintura, combinando com a cor das flores.

Em seguida veio as gêmeas, elas estavam de mãos dadas, em vestidos combinando com o da irmã mais velha, mas diferente da Clara vieram correndo pela passarela, chegou um momento que a Sara estacou chorando e a Stella saiu puxando a irmã como se nada tivesse acontecendo.

Foi engraçado, a risada ecoou pelo jardim e a primeira coisa que a Sara fez quando chegou até nós foi se agarrar ao pai.

Pois é, de que vale gerar a criança nove meses na barriga para ela preferir o pai. Não só uma delas, mas as três são um grude com meu ogro — que vira príncipe quando o assunto é suas filhas.

Minha mãe pegou a chorona do colo e tratou de acalma-la, enquanto Stella ficou com meu pai e a Clara quietinha e bem mocinha ao lado da Jana.

Eu achei que nada poderia ficar mais perfeito, até a hora que meu marido pegou o microfone e começou a falar.

Ardentemente SuaWhere stories live. Discover now