Capítulo 4

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Me senti em um déjà vu com o cabelo molhado, roupa amarrotada, sem maquiagem nem calcinha, passando pela porta do apartamento as sete da manhã depois de não ter dormido nem três horas inteiras.

Estava me sentindo a Angel de anos atrás e só não me culpei tanto, porque transei somente com um homem naquela noite.

Mas estava tudo bem, eu era uma mulher solteira agora, não tinha problema ter um ou outro sexo casual, só não podia deixar levar pela minha antiga essência e extrapolar as noites, parceiros e quantidades.

— Alguém se divertiu na primeira noite na cidade grande — ouvi a voz da Letícia assim que entrei na cozinha depois de deixar minha bolsa no sofá. — Café? — ofereceu já servindo a minha xícara bem grande de pretinho puro.

— Tinha me esquecido do quanto essa cidade é tentadora — comentei contendo o sorriso, ainda com a sensação do toque das mãos másculas de Emerson na minha pele. — Acabei encontrando um cara que não vejo a muito tempo e quando dei por mim já estávamos como dois animais, nem vi a hora passar.

Vi minha amiga sorrir e sabia que ela estava feliz por mim, considerando que liguei algumas madrugadas para ela chorando pela falta que o João me fazia.

— Nem me fala em animal, estou precisando sair assim, desde que aquele babaca terminou comigo eu não sai com mais ninguém — levantei uma das sobrancelhas sem entender sobre o que Letícia estava falando.

— Não sabia que estava com alguém — comentei procurando na memória se ela tinha contado alguma coisa para mim.

— Acabei nem te contando amiga, não é como se ele estivesse só comigo sabe — seu semblante mudou para triste e briguei comigo mesma por não ser uma amiga presente na vida dela assim como ela era comigo. — Achei que dessa vez tinha me acertado com o Emerson, mas ele nunca vai ser de uma só.

Parei a xícara que me servia no ar, o café que estava tão bom de repente queimava na minha garganta e quando o forcei a descer para que não cuspisse dramaticamente na mesa acabei engasgando, fazendo tudo ficar ainda pior.

— Acho que desceu pelo buraco errado — forcei um riso sem graça quando consegui parar o vexame. — Emerson, o doutor? — perguntei nervosa, as mãos tremendo levemente, torcendo para que fosse somente uma coincidência.

— É Angel, aquele que você trabalhou um tempo — Letícia passou a faca na geleia, alheia ao meu desespero interno. — Estou há anos nessa, achei que dessa vez ia, mas acho que está na hora de desistir de vez.

Misericórdia!

Eu ia pro inferno, era certo minha ida para lá.

Mas se eu não estava ciente do pecado que estava cometendo, teria misericórdia?

Filho de uma puta, desgraçado de uma figa, eu ia matar ele, ia socar aquela cara bonita até ele ficar feio o suficiente para que ninguém mais quisesse sentar naquele corpo gostoso.

Me lembrava de ter falado que estava na casa da Letícia, ele sabia quem era, claro que sabia, quando recuou perguntei se tinha algum problema, o cachorro negou e não disse nada.

Deixou que eu pecasse no seu corpo.

Caralho, mas que porra!

Não era a primeira vez, já tinha passado da hora de contar para Letícia, mas o que eu diria? "Nossa amiga, por coincidência eu estava na casa dele até agora, presa nas mais diversas posições, com ele fodendo todos os meus buracos".

Não tinha como falar nada agora. Mesmo não tendo culpa direta ela me mataria e pisotearia no meu corpo.

— Eu não sabia, todos esses anos e você nunca disse sobre ele pra mim, só que ele era um chefe insuportável — pesei as palavras. — Por que nunca me contou? — perguntei chateada, por mim e por ela.

Ardentemente SuaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz