Capítulo 26

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É engraçado a maneira como idealizamos que tudo será de um jeito (melhor, mais fácil), sempre achando que depois da tempestade vem a calmaria. Claro que não aceitei cuidar da Clarinha achando que tudo seria às mil maravilhas, mas vou contar que é desgastante pra caralho a maioria das vezes.

A maternidade não é fácil!

Porra, não é fácil mesmo.

Os primeiros dias foram os mais difíceis para mim. Achei que seria tranquilo cuidar de uma bebê recém nascida e trabalhar (mesmo que home office), mas em vinte quatro horas de um dia era impossível arrumar tempo para tomar pelo menos um copo de água. É realmente muito desgastante.

Não estou reclamando, muito longe disso. Cuidar de uma vidinha é uma tarefa muito complicada, mas a cada nova descoberta dela, a cada gargalhada alta e aperto de felicidade, o meu coração enche de amor e satisfação.

Emerson ficou as primeiras duas semanas me ajudando em tempo integral, foi algo totalmente necessário e mesmo estando em dois foi difícil conciliar.

Sei que estou sendo um pouco (bastante) precipitada, mas meu apartamento já está todo equipado e preparado para uma criança. Contratei uma equipe para ajustar os cômodos e tomar as devidas precauções, quando ela começasse a desbravar o mundo com suas próprias perninhas, o globo gigante do meu apartamento já estaria seguro.

Na terceira semana começou a ser mais fácil, mas só depois do primeiro mês que conseguimos criar uma rotina realmente confortável para nós três.

Sim, porquê de repente éramos três.

Emerson não estava dormindo mais com a gente, como ele tinha que voltar todos os dias para sua casa por conta dos cachorros nós decidimos que era melhor ele dormir por lá mesmo. Pela manhã ele ia direto para a clínica trabalhar e eu ficava cuidando da Clarinha, depois do almoço o doutor vinha para o meu apartamento e assim era minha vez de trabalhar enquanto o pai ficava seu tempo com a neném.

Até cogitamos contratar alguém para nos ajudar a ter o tempo mais livre, mas concordamos que não era hora ainda.

Com o Emerson em casa no período da tarde consegui voltar as minhas consultas presenciais — o home office é ótimo, mas não se compara ao atendimento cara a cara, meu trabalho é duas vezes mais gratificante ao vivo, vendo os resultados de perto, absorvendo a felicidade dos meus pacientes quando veem que a boa alimentação e a vida saudável vale a pena.

Nossa rotina então se consolidou assim; eu chegando do serviço e sendo recebida com um jantar maravilhoso, um homem mais gostoso que a refeição e uma estrelinha que brilha radiante toda vez que me vê.

Eu sou apaixonada por ela.

E por ele.

Que confuso.

Meu peito chega a doer toda vez que entro em casa e vejo a felicidade da Clara ao me ver, a satisfação nítida no rosto do Emerson... O bem estar e a familiaridade dessa nova rotina enche meu peito de um sentimento que eu procurava a anos e encontrei do jeito mais contraditório possível.

Estava tudo errado, mas certo da nossa maneira.

Depois do jantar ele sempre me ajuda com a louça e brincamos um pouco até dar o horário de dormir e ele ir embora, então tudo recomeça.

Nosso novo normal é gostoso demais.

Os finais de semana deixamos o mais livre possível para ficarmos juntos, vez ou outra o Emerson tem alguma emergência, mas grande parte do tempo passávamos na sua casa para acostumar a Clarinha com o verde e o ar puro — nem tão puro, mas mais puro.

Ardentemente SuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora