Capítulo 23 - Bônus POV. Emerson Gupper

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Sou um homem impaciente, mas não sou ansioso.

Porém naquele momento eu estava puxando o ar e ele não vinha, minha cabeça começou a zumbir e já previa uma crise de pânico.

Aconteceu a mesma coisa quando a Valentina nasceu e dessa vez eu sabia (e precisava) me controlar. O que já não é uma tarefa fácil e só para piorar tudo o trânsito de São Paulo é um inferno e a qualquer momento eu sei que vou arrancar o volante do carro pelo tanto que o aperto.

Os dedos finos e delicados da Angel puxaram minha mão direita do volante e se entrelaçaram aos meus dedos, apoiando-os na sua perna, desviei o olhar da placa do carro a minha frente e olhei para a mulher que estava de perfil.

Ela estava ali comigo.

Em um momento muito importante para mim.

Meu pilar, caralho eu amo essa mulher!

Quando ela olhou para mim eu soube que não precisava surtar, minha filha estava vindo ao mundo e eu não precisava mais me preocupar. Tudo iria ficar bem.

Sorri de lado para minha loira e afrouxei o aperto do volante, seguindo rumo a maternidade. Demorou mais um inferno de tempo para chegar, parecia uma eternidade, mas no relógio foi pouco mais de trinta minutos.

Cheguei no hospital como um louco, não vou julgar quem achou que eu fosse um, entrei correndo na recepção perguntando sobre a Letícia e nem me lembro onde deixei a chave do carro.

Dei minha identidade e a da Angel para a moça fazer o registro, nos dar os cartões e liberar para que subíssemos.

Porra, minha Clara vai nascer. Minha filha. Minha bebê.

Dessa vez ninguém a tiraria de mim. Nem por cima do meu cadáver.

Quando o elevador se abriu no andar indicado pela recepcionista vi Angel saindo do mesmo e a puxei de volta para um abraço.

— Estou nervoso — sussurrei apertando-a, eu era grande o suficiente para envolver seu corpo inteiro em meus braços.

E ela encaixava perfeitamente.

— Vai dar tudo certo, já deu — me prometeu passando os dedos pela minha barba, algo íntimo entre nós que normalmente me excitava, mas naquele momento me trouxe paz.

Selei nossos lábios e tive que soltá-la antes que o elevador fechasse as portas.

Encontramos a mãe da Letícia no corredor e parecia preocupada com o celular na mão.

— Graças a Deus você chegou — soltou afoita. — Let não está dilatando e sente muitas dores, o médico vai fazer a cesárea.

— Já está nascendo?

— Ela quis te esperar — contou chamando uma enfermeira que passava.

Engoli o nó na garganta e puxei o ar para respirar fundo, fui conduzido até uma sala para a troca de roupa e a higienização, e quando percebi já estava ao lado de Letícia na sala de cirurgia.

— O papai chegou, podemos começar? — o médico perguntou com um sorriso no rosto, só estava feliz com a demora porque eu tinha certeza que o valor do atraso iria para o bolso dele.

Um jazz tocava ao fundo e o pano branco abaixo do seio da Letícia impossibilitava que eu visse alguma coisa.

— Minhas pernas estão formigando — ela falou apertando minha mão.

— Isso é bom, é a anestesia fazendo efeito — sorri para reconfortá-la. Naquele momento a via como um anjo que estava trazendo um milagre para mim.

Ardentemente SuaWhere stories live. Discover now