Capítulo 21

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Passou duas semanas desde nossa mini viagem e Letícia estava sumida, vez ou outra me mandava mensagens mostrando as coisas da bebê que chegavam, mas só depois de eu perguntar se estava tudo bem.

Combinamos de assistir algum filme no sábado à noite, mas uma hora antes do horário Let ligou toda espalhafatosa dizendo que estava morrendo de vontade de ir a um barzinho. Tentei debater, mas óbvio que ela conseguiu me persuadir com suas desculpas de mulher grávida, vida social e conselhos da sua psicóloga.

Eu estava de pijama desde as três da tarde, mas criei coragem e me arrumei para uma noite das meninas. Combinamos de nos encontrar no estacionamento e fomos com o meu carro, mas antes de sair de casa chequei meu celular para ver se Emerson tinha me respondido — mandei uma mensagem falando sobre a Let e aproveitei perguntando se estava de pé o almoço de amanhã, mas desde as cinco horas ele não olhava o aplicativo.

Chegamos no bar e pelo horário o lugar não estava lotado, sentamos em uma mesinha redonda alta que nos possibilitava ter privacidade e ao mesmo tempo curtir o ambiente. Estava tocando um sertanejo e na hora me lembrei do doutor, mas fui firme em não checar o celular novamente para ver se tinha alguma resposta dele.

— Nossa, eu estava precisando me distrair, não aguento mais ficar em casa chupando dedo — Let comentou assim que o garçom trouxe nossas bebidas.

— Você não está indo trabalhar?

— Estou, mas não é a mesma coisa. Desde que concebi a Clarinha não sei o que é um sexo selvagem — reclamou bebendo um gole do suco de limão. — Ninguém quer sair com uma grávida.

— Você só não encontrou o cara certo Let.

— Estou atrás de sexo Angel, o homem da minha vida é o Emerson e ele não me quis, esses dias até tentei conversar com ele para voltarmos a transar sem compromisso, em nome da nossa amizade e dos hormônios da gestação, mas ele insiste em não querer misturar as coisas.

Respirei fundo e decidi que aquela era a hora de introduzir o assunto do nosso relacionamento, talvez Letícia não esteja preparada ainda, mas já passou da hora dela saber e de eu me livrar de vez desse peso.

Pelo menos estávamos em um lugar público e cheio de testemunhas.

— Let, faz tempo que estou querendo conversar com...

— E falando no diabo... — minha amiga me interrompeu perdendo seu olhar para algum ponto atrás de mim.

Apoiei meus cotovelos na mesa e inclinei a cabeça tentando disfarçar ao olhar para trás, encontrei o doutor sentado em uma mesa afastada do bar, ele estava na companhia de uma mulher, eles bebiam cerveja e pareciam bem confortáveis rindo um para o outro.

Tentei não me exaltar com aquela cena, tentei respirar fundo e ser racional, pensar nas possibilidades para esse encontro, mas se era algo informal e amigável, por que não respondia minhas mensagens... O celular poderia ter descarregado, mas isso não justificaria aquela troca de olhares e a mulher tocando no seu braço como duas pessoas bem íntimas.

Eu não deveria estar sentindo esse embrulho no estômago e a dor no peito. Não deveria ter deixado nosso lance avançar a ponto de ter que controlar a respiração para não ter um ataque de ciúme.

Depois de tudo o que passamos... Todas as confidências... Os almoços, carinhos e...

— Eu vou até lá — ouvi Letícia falar alto e voltei a atenção para ela. — Isso é um absurdo, ele não pode ficar comigo uma noite para atender meus desejos, mas sai comendo qualquer vagabunda.

— Pelo amor de Deus Let, você não vai lá — ela já estava se levantando, mas voltou contrariada a bunda no banco. — Você sabe que ele tem outros casos, não vai meter o louco agora — falei para ela, mas era mais um conselho para mim mesma.

Ardentemente SuaWhere stories live. Discover now