Capítulo 30

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— Pegou a chupeta? — gritei do quarto, certa de que Emerson me ouviria da sala.

— Não precisa gritar — ele resmungou surgindo atrás de mim com a chupeta e a malinha da Clara nas mãos.

— Sinto que estou esquecendo alguma coisa — comentei encarando pela décima vez o quartinho rosa.

— Já está tudo aqui amor — garantiu sumindo pela porta novamente. — Vamos logo que estamos atrasados.

Varri meu olhar uma última vez para me certificar de que não estou esquecendo nada, só então corri para a sala pegar a Clarinha.

Pela primeira vez em quase um ano a minha bebê vai passar o final de semana longe de mim.

Eu estou quase tendo um treco? Estou, mas o Emerson concordou com a ideia e minha nova psicóloga disse que é saudável — tanto para a Clara quanto para o nosso relacionamento.

Não acho que seja saudável ela ficar longe de mim, tenho a vontade de colocá-la sobre minhas asas e protegê-la para sempre.

Estamos trabalhando isso nas consultas.

As vezes tenho medo de estar surtando também, mas conversei com a doutora e ela disse que é o instinto de proteção materno, junto com a insegurança, medo e todos os pormenores envolvidos.

— Está tudo bem Angel, acho que me lembro de como cuidar de um bebê — tia Su tentou me tranquilizar depois de repassarmos uma segunda vez a rotina da Clarinha, eu só consegui sorrir amarelo, pensando seriamente em desistir dessa ideia maluca.

— Vamos Angel — Emerson tocou no meu ombro para me incentivar.

— Sei que não é da minha conta, mas... Vocês estão juntos? — ela perguntou rapidamente. — Como um casal? — seus olhos estavam semicerrados e a feição duvidosa.

— Tia... — eu não queria, mas acabei me atrapalhando nas palavras.

— Não tenho nada a ver com isso, só estou perguntando porque sei que não fará bem a minha filha e quero que ela esteja preparada quando descobrir — apressou em se explicar.

— Nós não...

— Estamos, e pretendemos nos casar — Emerson me cortou tomando frente da situação.

Ele sabe que não me dou bem sobre pressão, me atrapalho nas palavras, começo a suar e parece que meu coração sobe para a boca.

— Meu santinho — ela exclamou assustada. — Fico muito feliz por vocês, só tenho medo pois sei que minha filha não aceitará bem — completou balançando a neta no colo para acalma-la.

— Não queremos que ela saiba agora, eu ia te contar tia, me desculpa...

— Não tem problema, eu entendo sua posição anjinho, você merece ser feliz, está fazendo um ótimo trabalho com a Clara.

Meu coração se encheu de paz pela aprovação dela, afrouxando um pouco o aperto que parece estar sempre me sufocando.

Saímos de mãos dadas da casa da tia Su, pela primeira vez demonstrando nossa relação sem receio de sermos julgados.

Assim que entramos no carro o Emerson seguiu rumo a Bertioga, onde iremos para o casamento de um amigo e já aproveitaremos o final de semana juntos.

— Está tudo bem? — perguntei quando percebi o doutor mais quieto que o normal, ele só me olhou pelo o canto do olho me ignorando completamente. — Se quiser posso dirigir — comentei deixando meu celular de lado no console do carro.

Ardentemente SuaWhere stories live. Discover now