Capítulo 27

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Senti a cama afundar e não precisei me mexer para saber que era o peso do corpo de Emerson. Ele não demorou a se aconchegar atrás de mim, sua mão passou pelo meu corpo puxando-me pela cintura e seu rosto se encaixou no vão do meu pescoço, nos deixando em uma conchinha aconchegante.

— Não consegui dar boa noite para a Clarinha — cortei o silêncio depois de um bom tempo em que somente nossa respiração e o barulho da cidade foi audível.

— Ela não vai ficar chateada — sua voz rouca soprou no meu ouvido, me arrepiando de imediato.

Emerson me deu o espaço para me mexer quando percebeu minhas intenções, então inverti nossa conchinha colando nossos corpos de frente um para o outro, assim eu pude me perder naqueles topázios apaixonantes.

— Eu nunca te contei sobre a minha mãe.

— Eu nunca perguntei — ele passou seu indicador e dedo médio pelo meu rosto e me permiti fechar os olhos para aproveitar o carinho.

— Não vai me perguntar sobre a prostituição? — questionei encarando-o novamente.

— E quem te disse que eu ouvi — levantou sua sobrancelha grossa para mim.

— Eu não fui exatamente compreensiva.

— Sei que não faria isso — sua certeza na voz me confunde.

— Então você tem mais confiança em mim do que meus pais — fui irônica e isso o fez soltar uma breve risada.

— Existem muitos pais equivocados, eu mesmo não tenho a melhor relação com o meu.

— Nunca me falou sobre ele.

— Nunca me perguntou também — ele sorriu pela piada e eu o acompanhei.

É impossível não me sentir completamente à vontade com aquele homem.

— Eu sempre tive uma ótima relação com meus pais, quando cresci acabei me apegando mais ao meu pai, mas nunca fui brigada com a minha mãe. Ela sempre viajou muito e como meu pai tem o boteco dele, eu sempre fiquei por lá quando precisava de dinheiro, o que as vezes eram meses, então nos aproximamos muito — confidenciei começando a ficar chorosa. — Quando eu decidi ir para Florianópolis meu pai brigou muito, disse que eu não ligava para a família, que eu estava querendo me afastar deles, essas coisas de pai... Minha mãe discutiu um pouco, mas logo desistiu quando viu que eu estava irredutível. Tentei contato quando estava lá, mas eles nunca me responderam, quando fui olhar nas redes sociais vi que me excluíram do Facebook, então nunca mais tive qualquer tipo de contato — algumas lágrimas teimosas escaparam, mas o Emerson tratou de limpá-las com seus lábios em beijos suaves na minha pele. — Pensei que estivessem chateados por abandoná-los, nunca sequer passou na minha cabeça a possibilidade de eles estarem bravos por causa de fofoca.

— Quem é esse que espalhou o absurdo?

— Meu ex — pela careta que o doutor fez não gostou nada do que ouviu. — Te contei sobre ele uma vez, antes do nosso caso no consultório eu só tinha dormido com ele e...

— É aquele bosta que não soube te comer — ele se indignou tanto que se remexeu na cama, deitando com a barriga para cima, encarando incrédulo o teto. — Eu não acredito que além de não saber como tratar uma mulher, aquele verme ainda tem a coragem de abrir a boca para falar qualquer coisa sobre você.

— Ele nunca prestou, mas meus pais sempre gostaram dele — suspirei esticando-me na mesma posição que o doutor. — Juntou que meus pais são reservados e puristas, e no final faz anos que não nos falamos.

— Que merda — o ogro resmungão seguia revoltado ao meu lado.

— Fazia um tempo que eu estava pensando neles, pretendia ir até o bar, mas sendo sincera, agora eu gostaria de não tê-la encontrado — virei meu corpo montando no Emerson, que prontamente levou suas mãos até meu quadril, prendendo-me a ele.

Ardentemente SuaWhere stories live. Discover now