Capítulo 7

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Decidi dar espaço para os recém papais. Passei a semana toda correndo contra o tempo e principalmente contra a Letícia.

Ela me mandava mensagens para conversarmos e eu criava situações para que nossas agendas não batessem; trabalho, academia, mercado, shopping, salão, cada tempo que teria livre estava ocupando para que não tivesse que lidar com ela e a conversa com Emerson.

No fundo não queria saber se ele ficou feliz ou não, não sei como devo me sentir se ele for decidir assumir ela e a criança.

Feliz por ela?

Triste por mim e por um nós que não chegou nem perto de existir?

A realidade é que um relacionamento não se baseia apenas em sexo, e se por um acaso do destino não existisse o obstáculo Letícia e eu e ele fossemos ter algo a mais, não duraria muitos dias além dos trinta que já experimentamos.

Até porque eu e Emerson em um namoro seria basicamente; acordar com ele dentro de mim, tomar banho com mãos bobas até sair pelo menos um orgasmo de cada, tomar café da manhã e foder na cozinha, ir trabalhar e na hora do almoço uma rapinha na clínica ou no consultório, academia com ele suado e eu querendo subir nele, voltar para casa e transarmos a noite toda até o primeiro apagar.

Não se vive só de sexo. Já tive um relacionamento sério e sou bem ciente disso.

Mesmo assim minha boceta se retrai só de pensar nele, no seu corpo musculoso, nas pernas torneadas entre aquele cacet...

Inferno!

Preciso gozar.

Sai da academia com o corpo esgotado, exagerei nos exercícios de propósito tentando aliviar essa necessidade dele. Quando percebi que não deu certo já tratei de traçar a rota — era sábado à noite, iria pra porra de uma balada dançar até me esgotar, beijar muito na boca e transar com o primeiro gostoso que aparecer na minha frente.

Não que a Angel de antigamente estivesse vindo à tona, eu estava controlada! Era só esse meu botão "fugir da realidade" que eu estava apertando e precisava tacar o foda-se.

Depois eu lidaria com Letícia grávida, depois lidaria com essa coisa de pele que exalava do Emerson, e mais tarde ainda com o fato de que eu não conseguia tirar os dois da minha cabeça.

Ou seria os três?

Não demorei para chegar em casa, subindo correndo pela escada do prédio até chegar no meu andar praticamente sem fôlego, cuspindo o pulmão para fora. O cardio sem estar em dia chegando a reclamar questionando se estou achando que meu corpo é de atleta, quando na verdade fazia mais de quatro meses que eu mal via uma esteira — desde a morte do João e toda a confusão que se seguiu.

Parando para pensar, minha vida foi em uma linha reta e sublime demais por muito tempo para ser verdade. Acabando nisso que eu tinha voltado a chamar de vida: uma grande merda embolada.

Atualmente estava me sentindo o besouro rola bosta. Em forma mutante humanizada.

Prazer, eu.

"Amiga cadê você? Tenho muitas novidades, para de fugir de mim!".

"Sábado à noite caramba, vem aqui em casa, vamos assistir um filme e comer besteiras".

"Meu bebê vai nascer com cara de odeio-a-melhor-amiga-da-minha-mãe se você não der sinal de vida".

Ri da última mensagem, um riso triste de quem tinha muitos pecados para pagar.

"Não me odeie bebê-que-a-tia-ama! Estou indo farrear com um carinha, mas amanhã sem falta vamos botar o papo em dia e ir ver meu carro que você prometeu!", menti sobre o carinha? Em partes, já que provavelmente o fim da minha noite prometia um de marca A.

Ardentemente SuaWhere stories live. Discover now