Minha avó sempre costumava me dizer que a verdadeira felicidade está nas pequenas coisas. E se querem saber, ela estava completamente certa. Um abraço de Poncho, um sorriso de Poncho, um beijo no rosto ou um selinho de Poncho, ou uma simples saída até a esquina com Poncho... Ou seja, qualquer coisa com Poncho já me fazia extremamente feliz!
Acho que isso poderia me fazer passar como louca, maníaca ou qualquer outra coisa. Mas eu pouco estava me importando com o que os outros estavam achando. Só o que valia a pena era o agora.
Poncho estava se provando um ótimo namorado fictício. Desde a nossa ultima briga, ele havia deixado Alice de lado e começou a passar mais tempo comigo. Acho que finalmente se deu conta do mal que ela fazia a ele. Bem, isso já era um começo não?
- O que acha Annie? Frango ou hambúrguer? – Maite me perguntou e acho que a olhei como se tivesse duas cabeças, pois ela começou a rir. – Terra chamando Anahí. Terra chamando Anahí. – Imitou um megafone com as mãos. – Estava distraída né?
- Desculpa Mai... – Dei um sorriso sem graça. – É que... – Alice entrou na cozinha, pegou um copo de suco e saiu sem dizer nada.
- Não é a única que quer se livrar dela! – Ela disse tranquila. Arregalei os olhos espantada. Maite era super hippie, era sempre ela quem acalmava os ânimos.
- Estou falando com a Maite ou com a Dulce Maria? – Ela ergueu a sobrancelha desconfiada antes de soltar aquela risada. Alice apareceu pelo vão da porta, paramos e assim que saiu com aquela cara enfezada, voltamos a rir.
- Infelizmente não tem como tirar ela daqui. – Suspirei irritada. Não tinha como se conformar com aquela situação. Dulce fora daqui e aquela intrusa ocupando o lugar dela!
- E quem disse que não?
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – Alice veio correndo com um vestido de seda azul turquesa nas mãos. – O que você fez com o meu vestido sua louca! – Atirou o vestido na cara de Mai que o pegou parecendo não entender. – VOCÊ ESTRAGOU O MEU VESTIDO! – Ela gritou histérica.
- Eu não entendo... – Mai disse com a voz suave... suave até demais! Nesse instante me dei conta que a minha amiga havia aprendido muito convivendo com Dulce. Ela estava fingindo! – Oh me desculpe!
- SUA IDIOTA! – Ela avançou até parar em frente a Mai. – TEM NOÇÃO DO QUANTO CUSTA ISSO? – Arrancou o vestido da mão da minha amiga e tive que controlar o riso.
- Me desculpe Alice eu não vi, mas eu vou dar um jeito nisso está bem? – Pegou o vestido de volta e o abraçou. Foi ai então que pude ver as manchas esbranquiçadas no delicado vestido. Não consegui segurar e então comecei a rir e Mai me vendo, olhou para o vestido e começou a rir também.
- SUA DESGRAÇADA VOU MATAR VOCÊ! – E antes que nos déssemos conta, Alice pulou em cima de Mai. As duas caíram no chão. Alice estava por cima e puxava os cabelos de Mai que tentava tirá-la. Corri pra ajudar minha amiga, mas no mesmo instante Poncho e Christian entraram na cozinha.
Poncho fez um gesto para eu ficar onde estava e os dois mergulharam na bola que elas formavam no chão. Como era de se esperar, Christian saiu puxando Maite e Poncho a detestável.
- Querem parar e me explicar o que aconteceu? – Christian perguntou, mas Alice o ignorou e tentou avançar em cima de Mai. – EU DISSE PRA PARAR E ME EXPLICAR O QUE ACONTECEU! – Gritou colocando minha amiga atrás de si para evitar que ela fosse atingida.
- ESSA ESTÚPIDA ESTRAGOU O MEU VESTIDO! MAS ELA VAI PAGAR! – Christian se abaixou e pegou o vestido que agora jazia jogado num canto do chão e se levantou rapidamente pra evitar que Alice tivesse a oportunidade de agarrar Maite.
- Oh eu... já disse me desculpe. Eu juro que vou dar um jeito nisso. – Maite disse e agora estava realmente séria. Embora não admitisse Christian mexia com ela.
- Tudo isso... por causa de um vestido? – Ele praticamente rosnou e até Alice se encolheu indo parar atrás de Poncho. Minha vontade foi de arrastar aquela piranha pelos cabelos para longe do meu homem! – Responda! – Ele exigiu e até eu me encolhi. Christian sabia ser assustador quando queria.
- É um modelo exclusivo tá bom! – Ela disse meio em tom de desculpa, mas isso pareceu enfurecê-lo ainda mais. – Meu pai trouxe da França na ultima estação!
- Tudo isso por causa dessa porcaria? – Ele jogou o vestido no chão e Alice já ia abrir a boca para argumentar, mas ele continuou. – Se é por isso eu pago!
- Christian não...
- Já disse que pago!- Ele cortou Maite. – Agora chega dessa palhaçada. Vamos. – E sem explicação saiu puxando Mai que o seguiu consternada.
- ARGH! – Alice bufou, recolheu o vestido do chão e saiu pisando duro.
Poncho me soltou. Seus ombros sacudiram e ele começou a rir. Comecei a rir também e quanto percebi estávamos gargalhando feito um par de idiotas.
- Bem pelo jeito não vai ter almoço. – Disse olhando em volta e vendo apenas alguns sanduiches que Mai tinha feito para o café da manhã. – O que acha de fazemos um piquenique com isso?
- Acho perfeito! – Sorri e ele retribuiu.
Quinze minutos depois já estávamos dentro da nova conquista de Poncho: o carro que ele resolveu chamar de Smurf já que ele era todo azul.
Pouco mais de meia hora depois e chegamos ao Parque Ecológico Chipinque. A cidade de Monterrey e seus arredores, oferecem inúmeras atrações aos turistas, mas essa é uma das minhas favoritas. Chipinque é o local ideal pra quem deseja fugir um pouco da paisagem urbana e deixar os barulhos da cidade grande para trás. Lá é possível fazer caminhadas, escaladas, ciclismo de montanha, ou apenas fazer um piquinique. Também é possível observar as milhares de borboletas que passam pelo parque todo ano durante a época em que migram para o sul.
- O que acha dali? – Poncho apontou pra uma árvore. Embaixo havia um extenso gramado e em frente estava um mirante que nos possibilitava apreciar o voo das borboletas. Sorri assentindo. Mais romântico? Impossível. Porém me obriguei a lembrar que Poncho só me via como amiga e provavelmente não tinha, nem nunca teria nenhuma intenção amorosa comigo. – Incrível não? – Poncho disse largando a cesta com os sanduíches que roubamos, ou melhor, "pegamos emprestado."
- Maravilhoso. – Concordei estendendo a toalha. Alguns casais faziam o mesmo programa e pra todos os efeitos, passaríamos por apenas mais um.
- Ai como isso é bom! – Poncho se atirou na toalha, cruzou os braços atrás da cabeça e fechou os olhos. Será possível que ele fique cada vez mais lindo? – Nada de gritos, nada daquela loucura toda lá de casa!
- É mesmo. – Concordei me deitando ao seu lado. Fechei a cesta pra evitar que as formigas entrassem. - O que foi? – Abri os olhos. Poncho ria ainda na mesma posição e de olhos fechados.
- O vestido manchado... se eu não soubesse... isso poderia ser muito bem coisa da Dulce Maria!
- Pois é... saudade daquela ruiva maluca. – Eu não acredito que estávamos falando de Dulce num local tão romântico como aqueles, mas era melhor isso do que...
- E a cara da Alice! – Maldito! Poncho sabia exatamente como cortar o clima!
- Você não consegue esquecê-la. – Era uma afirmação, não uma pergunta. Não pude me conter e quando vi já tinha falado irritada. Qualquer coisa relacionada aquela mulher me irritava profundamente.
Poncho abriu os olhos e se virou de lado me encarando.
- Não. Claro que não. – Ele negou com certo nervosismo e acabei me sentindo decepcionada. Diante da reação dele, era claro, mais que óbvio pra mim, que Poncho sentia algo por ela. Apenas... não queria admitir isso.
- Não se engane. – Neguei me apoiando em um braço. Nossos olhares agora estavam agora frente a frente - Pode tentar enganar a mim, ao pessoal lá na república, mas não se engane. Isso é o pior que poderia fazer, sim?
Levou algum tempo. Não sei quanto, pois me perdi em seus olhos verdes como sempre acontecia. Na minha cabeça, Poncho e eu estaríamos ali não como amigos, mas pra namorar. Jamais em nenhum momento estaríamos falando da sua relação com a ex-namorada ou com quem quer que fosse. Infelizmente a realidade era bem diferente das minhas vontades. O jeito era se conformar e tentar aproveitar aquele dia com ele. É como diz aquela frase: "Não tenho tudo que quero, mas sou feliz com tudo o que tenho." E bem, se o melhor que Poncho tinha a me oferecer era a sua amizade, pois bem eu aceitaria de bom grado.
- Mas que droga Niña! Já disse que não quero nada com ela! – Ele explodiu. Olhei ao redor assustada, mas os outros casais no parque pareciam estar envoltos em suas bolhas de felicidade. – Mas que porcaria!
- Calma Poncho, eu só.... me preocupo entende? Você pode não perceber, mas... – eu sabia que não devia irritá-lo, mas como amiga era meu dever alertá-lo. - ... olha você se preocupa com ela, mais do que pensa.
- Só por que eu comentei se você tinha reparado na cara dela? – Ele foi se aproximando tanto que terminei novamente deitada e seu rosto fechado estava a poucos centímetros do meu enquanto seu corpo estava quase cobrindo o meu. – O que eu tenho que fazer pra provar que não quero nada com ela?
Fui tomada por um misto de sensações. Por um lado, me sentia assustada. Nunca tinha visto Poncho parecendo tão ameaçador. Por outro... ah! Fiquei sem ar com aquele homem quase todo em cima de mim. Alfonso nunca me pareceu tão... tão sexy... dominador... como agora. Ele poderia fazer o que quisesse comigo que eu não recusaria nada.
- Mas que inferno Anahí! – Disse e atacou meus lábios me deixando sem saber o que pensar...
------//---------
Por hoje é só meus amores, me desculpem pela demora, mas essa coisa de viajar, voltar e viajar de novo quebra toda minha rotina de escrita. Amanhã to indo viajar de novo, volto daqui uma semana, então já sabem que devo demorar um pouco entre esse post e o próximo.
Mas pra atiçar mais um pouco a curiosidade, posso dizer que já no próximo capítulo POncho vai descobrir algo super sério sobre Annie. O que vocês acham que é?
Ahhh! Outra coisa, enquanto não volto vão pensando e please votem pela próxima história.
( ) Mai e Christian
( ) Dulce e Christopher
É isso ai pessoal!
ATé breve!!!