Capítulo 38 - Jogo de Azar

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"Um beijo... isso é um beijo!"

Demorou até a ficha cair e eu me dar conta de que aquilo era um beijo. Poncho tinha os lábios sobre os meus até que depois, do que pareceu uma eternidade, passei a corresponder.

Movi minha cabeça para o lado e abri minha boca dando passagem para a sua língua. Não era a primeira vez que nos beijávamos, mas era a primeira em que aquilo era tão... intenso.

Poncho me puxou contra o seu corpo e agarrei seus cabelos puxando-o para mim como se assim pudéssemos ficar mais próximos ainda.

Mãos, lábios, cabeças, pernas e pés... o corpo inteiro se movia numa dança que eu nem imaginava que conhecia. Não fazia ideia de quanto tempo havia passado, pela primeira vez estava muito empolgada. Era apenas um beijo, mas eu queria mostrar como era especial pra mim.

O ar finalmente nos faltou. Poncho se afastou e mesmo assim permaneci de olhos fechados. Não queria por nada no mundo ter que abri-los pra descobrir que aquele beijo de cinema foi apenas um sonho. Sim, porque isso certamente só pode ser um sonho!

- Niña... olha pra mim por favor. – Ele pediu com a voz mansa. Chacoalhei a cabeça em sinal de negação e ele riu. – Por favor, sim? E não você não está sonhando.

Abri os olhos chocada no mesmo instante. Apavorada me perguntei se ele agora podia adivinhar pensamentos.

- Não eu não posso ler mentes que nem aquele vampiro idiota que você adora. – Ele bufou e então começou a rir mais ainda ao me ver arregalar os olhos ainda mais se isso era possível.

- Edward não é idiota. – Defendi cruzando os braços. Poncho caiu pra trás rindo e fiquei sem entender.

- Você precisa ver a sua cara... parece uma criancinha birrenta!

- Hey eu não sou birrenta! – Disse e ele gargalhou.

Foi então que me dei conta do que Poncho fizera. Após o beijo eu estava com medo de estragar alguma coisa e ele percebeu isso. Ele sentiu meu nervosismo e me fez quebrar a tensão e que voltássemos ao normal sem que eu nem ao menos percebesse. Era esse tipo de sensibilidade nele que me deixava mais apaixonada.

- Não, claro que não. Own que injustiça! – Poncho me puxou com ele e beijou minha testa. Me senti como se estivesse no lugar certo, em casa.

Passamos algum tempo em silencio. Poncho acariciava meu braço enquanto cantávamos canções bobas olhando o céu azul. Era tão natural estar assim como era o fato de precisar de ar para respirar. Não haviam preocupações, nem motivo para se sentir pressionada e naquele instante me dei conta de que era possível amá-lo ainda mais. Alfonso era a pessoa mais sensível que eu conhecia.

- Niña?

- Humm? – Resmunguei um pouco sonolenta.

- Tá me ouvindo?

- Uhum... – Afirmei com os olhos ágoras fechados.

- Sei. – Ele riu. – Niña... será que podemos conversar?

Abri meus olhos no mesmo instante. Toda a paz foi embora e no lugar surgiu uma nova onda de preocupação.

Abri meus olhos no mesmo instante. Toda a paz foi embora e no lugar surgiu uma nova onda de preocupação. Por que não podíamos continuar como estávamos? Era tão mais fácil.

- Não se preocupe... não vou devorá-la... não se não quiser.

- Como? – Ele falou mesmo isso? Eu não tinha ouvido mal?

- Niña... – Poncho se sentou me levando junto. - Eu não quero mais.

Meu coração passou a bater lentamente, sentia que em pouco tempo ele iria parar. Minha respiração quase não existia e me parecia que o tempo havia parado.

Não ele não podia fazer isso! Justo agora, que eu tinha uma chance ele queria terminar tudo.... Mas de repente passei a me perguntar, tudo o que? Éramos amigos, mas se fosse bem sincera comigo mesma, embora eu detestasse a ideia, tinha que admitir que ele não me via de outra forma. E seria egoísta demais tentar prendê-lo.

- Bem,.. eu... tudo bem... eu só... – Nem sabia o que dizer. Liberá-lo disso era muito difícil pra mim, mas eu teria que fazer.

- Você tem razão... acho que ainda gosto dela... não acho que não é bem gosta... só que ela mexe comigo. – Meu coração se partiu em dois ouvindo isso. Era como se toda a cor do mundo estivesse desaparecendo diante dos meus olhos, e a minha frente havia apenas um monte de areia num imenso deserto.

– Eu não quero mais isso... Não quero mais sofrer por alguém que não me olha da mesma forma.

As palavras de Poncho poderiam muito bem ser minhas. Era quase irônico ouvir uma coisa dessas justamente da pessoa que fazia a mesma coisa comigo. Se a situação não fosse tão triste pra mim, certamente eu daria risada.

- Pode me ajudar... a esquecê-la?

"COMO É QUE É?"

Definitivamente eu precisava dar umas pancadas na minha cabeça pra parar de imaginar coisas ou então lavar bem as orelhas. Ele estava me propondo o que?

- Annie... – Ele segurou minhas mãos e as segurou entre as suas. Um arrepio da cabeça aos pés passou pelo meu corpo ao ouvi-lo me chamar de Annie. Poncho nunca fazia isso. – Você me conhece melhor do que qualquer pessoa. Por favor, eu... será que pode fazer isso por mim?

Meu mundo virou de cabeça pra baixo. Era engraçado, esperei tanto tempo por uma chance de verdade e agora que tinha não sabia o que fazer. Poncho havia admitido que ainda sentia algo por aquela mulher e estava me pedindo que o ajudasse a esquecê-la.

Uma série de perguntas passaram a girar na minha mente. Aceito ou não aceito? Era justo comigo? E com ele? Eu conseguiria com que ele esquecesse Alice ou ela seria sempre uma sombra entre a gente? Seria certo seguir em frente ou acabaria me arrependendo. E se eu não aceitasse, ficaria me perguntando o que poderia ser depois?

Eram tantas perguntas que me senti tonta. Poncho percebeu no mesmo instante. Me fez deitar de novo e ficou acariciando os meus cabelos.

- Niña me desculpe. Eu não devia fa...

- Eu aceito. – Puxei seus cabelos e colei meus lábios nos dele. Por nada no mundo deixaria que ele completasse aquela frase com um arrependimento. Pode ser que eu também pudesse me arrepender, mas com certeza me arrependeria mais se não tentasse. Era como lançar dados num jogo de azar e definitivamente com isso, minha sorte estava lançada.

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Por hoje é só meus amores.

Sei que é curto, mas é um capítulo essencial.

Espero que gostem!!!



Bjusss

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