Capítulo 22 - Segredos - (Parte 1)

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A porta da frente bateu com força e só tive vontade de chorar. Era como se o meu mundo tivesse começado a desabar. Sentia como se a minha relação com Poncho fosse de cristal, simples, clara e transparente, mas bastava uma pequena rachadura pra não ser mais tão perfeito e tudo começar a ir pelos ares.

Dulce me olhava com remorso e Christopher sem entender porque eu estava tão sensível pelo fato de Poncho ter saído daquela maneira.   

- Annie nós sentimos muito e...

- Sentimos? Por que? – Christopher indagou completamente sem noção. Senti um pouquinho de vontade de rir afinal, ele era muito desligado, se bem que... ele nem tinha como saber, uma vez que eu fazia questão de manter o mais absoluto segredo em como me sentia. Dulce apenas percebia as coisas rápido demais, infelizmente e viu que eu estava prestes a desmoronar.

- O que eu quero dizer é que devíamos ser um pouco mais sensíveis com o Poncho! - Dulce retrucou dando uma cotovelada no estômago dele. – Opa! Me desculpe querido! Foi sem querer! Vem, vamos lá fora pra você tomar um ar!

Quando a porta da frente se fechou pela segunda vez, senti as lágrimas caírem pelo meu rosto. Fechei meus olhos e fui tomada por toda a dor que eu pensei jamais voltar a sentir.

Alice Lanus... Esse era um nome que eu gostaria tanto de esquecer quanto Diego Riviera. Se havia diferença entre os dois? Nenhuma. Duas maçãs podres. Era assim que eu os considerava hoje em dia, capaz de contagiar uma plantação inteira.

Alice, ou Liz, como gostava de ser chamada era nada mais, nada menos que a ex-namorada de Poncho. Problema com isso? Muitos. Liz foi namorada do meu... de Alfonso por quatro anos e durante todo esse tempo, não tive um minuto de sossego. Liz não gostava da minha amizade com Poncho e quando digo não gostar, me refiro a odiar mesmo. Mas tudo bem, o sentimento era recíproco afinal ela estava com o cara que eu amava. Por causa dela tive inúmeros desentendimentos com meu melhor amigo. E ele cego não via que ela não era nenhuma santinha.

Ainda me lembro de uma da última briga que tivemos por causa dela. Alice tinha ido a mesma festa em que eu estava... só que sozinha. Achei um absurdo, pois sabia que era escondido. Tinha ouvido ela falar pra Poncho que iria visitar a prima doente!

Que prima doente que nada! A safada estava lá se esfregando em dois caras ao mesmo tempo, em algo que certamente não poderia ser chamado de dança.

“- O que tanto olha minha gatinha? – Diego sussurrou abraçando-me por trás e distribuindo beijinhos no meu pescoço. Soltei risadinhas sem poder me conter.

 

Se havia algo de bom acontecendo na minha vida, era meu namoro com Diego. Não é que estivesse tremendamente apaixonada por ele, mas era bom estar com alguém que gostava e se importava com você. Diego estava longe da perfeição, mas me ajudava, mesmo sem saber, a manter Poncho longe da cabeça.

 

- Não é nada. – Me virei e coloquei as mãos em seu pescoço. Puxei-o para um beijo e o virei de costas para que ele não visse Alice. Diego e Poncho não se davam bem e apesar de querer muito contar o que Alice andava fazendo, não queria que fosse ele a dizer.

 

- Humm está tão carinhosa hoje meu doce... – Distribuiu mais alguns beijos. – O que acha de escaparmos daqui e... – um amigo o chamou. – Inferno espere aqui sim?

 

Assim que ele saiu, meus olhos se encontraram novamente com a figura de Alice que continuava dançando colada aos dois rapazes. Mas como se soubesse que estava sendo observada, seu olhar voou na minha direção. Por alguns instantes pareceu chocada, porém em seguida me lançou um sorriso maldoso como se dissesse “Poncho não vai acreditar em você nunca.”

 

Sacudi a cabeça irritada e seu sorriso de deboche se estendeu. Decidi parar de olhá-la antes que a irritação me subisse a cabeça. Ela estava certa. Poncho não acreditaria em mim se fosse contar porque ele sabia que eu não gostava nem um pouco dela. Além do mais, embora estivesse dançando agarrada com os dois rapazes, não havia feito mais que isso.

 

- Desculpe amor, mas surgiu um probleminha. – Diego voltou e dei sorte por ele estar novamente de costas para Alice. – Tenho que dar uma saída com aquele meu amigo. – Apontou para o rapaz que o tinha chamado antes.

 

Dei uma olhada no garoto e não vi nada demais. Era até bonito na verdade, mas como eu sabia os meios em que Diego estava envolvido, tive a certeza de que boa coisa não era.

 

- Die... por favor, não vai.

 

- Fica tranquila meu amor, te prometo que não é nada disso que está pensando. – Ele sabia bem ao que me referia. – Só vou ajudá-lo. O carro da namorada enguiçou a duas quadras daqui e precisamos empurrá-lo. Não se preocupa logo venho te buscar. Além do mais... tenho umas... coisinhas aqui pra gente. – Mexeu no bolso e mordi os lábios, nervosa.

 

Como eu disse, Diego não era nenhum santo. Mas eu tampouco era. Seria hipócrita em criticá-lo, quando eu também fazia uso das tais... coisinhas. E não, não era nenhuma viciada, mas ali, usando um pouco, ajudava a amenizar a dor que eu sentia por ver com Poncho com aquela mulher. Só usava algumas porcarias quando estava bem irritada e esse hoje era o caso.

 

- Está bem. Mas volta rápido tá? – Diego assentiu e me deu um beijo daqueles tipo de cinema e então foi embora. E com ele tive uma certeza, a noite estava apenas começando...

 

 

Algumas horas depois e eu já estava cheia daquela festa. Gente bêbada, transando por todos os cantos da casa e Diego, ao contrário do que disse, não apareceu, nem ao menos me ligou. Seu amigo também não voltou. Perdi também Alice de vista logo depois de Diego ter saído. Dei de ombros, isso não era importante, afinal quanto menos visse aquela... melhor.

 

Suspirei cansada demais pra pensar em brigar com ele. Peguei minha jaqueta e sai na madrugada fria de Monterrey.

 

A caminhada não era tão longa até a república. Dei graças a Deus por isso, pois cansada do jeito que estava não aguentaria muito mais. Durante o caminho, fui pensando em Poncho e o que estaria fazendo sozinho. Por alguns momentos me atrevi a sonhar comigo e ele abraçadinhos no sofá, vendo um filme na TV durante um sábado a noite. Trocaria qualquer festa por aquela rotina.

 

Um barulho, chamou a minha atenção. Não era qualquer um, mais parecia... um casal gemendo. Achei graça, as pessoas não tinham mais vergonha na cara! Ia seguir o meu caminho quando uma peça de roupa íntima caiu em meu colo. Olhei para o lado, disposta a devolver ao casal de engraçadinhos, quando...

 

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Primeiro post do ano e voltamos com a corda toda!

O que será que a Annie viu hein?

Obrigada meninas, continuem comentando!

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