“Sonhe enquanto pode e aproveite, porque pode ser a melhor coisa que já aconteceu.”
Costumava ser muito realista. Sempre amei Poncho da forma mais despretensiosa que encontrei, sem ter a esperança de que um dia as coisas poderiam ser diferente.
Pra mim, era muito fácil viver assim, estava acostumada e agora não sabia o que sentir. Era uma situação tão... estranha!
Durante toda a minha vida imaginei como seria tê-lo como algo mais próximo do que amigo, e agora que aconteceu, eu simplesmente não sabia o que dizer.
Depois daquele beijo, Poncho me puxou pela mão e voltamos pra casa no mais profundo silencio. Mas também o que eu podia esperar? Conversar sobre o tempo? Ou quem sabe sobre uma receita de bolo?!
Definitivamente nada parecia fazer sentido. Deitei a cabeça no travesseiro sem me trocar ou tirar a maquiagem. Eu ainda estava em choque! Como as coisas podiam mudar em apenas uma noite?
Está certo. Eu tinha que colocar todos os fatos numa balança e manter-me o mais racional possível. Sabia que tudo o que aconteceu naquela festava estava atrelado à presença de Alice e Diego de novo em nossas vidas. Não era o bastante pra acreditar que Poncho estava caindo de amores por mim!
- Posso entrar? – Poncho perguntou colocando apenas a cabeça pra dentro do quarto. Olhou para os lados vendo que estava vazio e mordeu os lábios. Nunca o tinha visto tão apreensivo.
- Cla-claro. – Praguejei mentalmente por gaguejar. Por que sempre tinha que fazer isso?
Poncho deitou-se ao meu lado e ficou olhando para o teto como tantas outras vezes. Só que ao contrário de outros momentos, eu não o sentia relaxado. Ele estava tão tenso quanto eu, como se algo pudesse escapar e estragar com aquilo que eu já nem sabia como chamar.
- Deve estar confusa. – Fitei seu rosto, mas ele continuava olhando para o teto. Fiz o mesmo e segui para o teto de estrelinhas florescentes.
- Bem, eu... – Nem sabia o que dizer
- Não se preocupe. – Ele pegou na minha mão e se virou de lado. Sabia que seus olhos estavam em mim, mas eu ainda não tinha coragem de encará-lo. – Sou eu quem deve explicações.
Me virei de lado e nossos olhos se conectaram assim como os dedos que ele fez questão de entrelaçá-los.
- Está brava comigo? – Ele mordeu os lábios e eu sorri, ele sempre fazia isso, desde quando éramos crianças.
- Não. Não tenho porque ficar brava. – Garanti e ele pareceu relaxar um pouco. Chegava a ser engraçado vê-lo tenso, já que sempre era tão seguro de si.
- Eu devia ter avisado. Na verdade eu... nem imaginava fazer algo assim. Mas a raiva me subiu a cabeça e não podia deixar aqueles dois levarem a melhor.
Não vou mentir. Ainda que eu imaginasse porque ele havia agido daquela forma tão precipitada, me deu uma certa melancolia ouvi-lo dizer isso.
- Me desculpa sim? – Me abraçou e depositou um beijo na minha testa. A lágrima quis escapar, mas não deixei. – Você é minha amiga. Não quero magoá-la.
- Não vai... - ... mais do que já magoou. – Fique tranquilo.
Ele beijou novamente minha testa e ficamos assim, por alguns instantes, apenas abraçados na minha cama num silencio confortável.
Ainda que não fosse como eu queria, era bom ver que ele não estava me tratando diferente. E acho que Poncho se sentiu igualmente aliviado.
- Poncho?
- Que?
Engoli em seco me preparando pra tirar a duvida que estava me queimando por dentro.
- Como vai ser... de agora em diante? – Ele franziu o cenho parecendo pensativo. – Quer dizer, eu sei que não é... bem você sabe um namoro, mas todo mundo acha que é então... eu não sei.
- Coloquei a gente numa confusão não é mesmo? – Ele sorriu envergonhado.
- Bem sim, quer dizer não. É só que... as pessoas vão... bem, isso é...
- Sei o que as pessoas pensam, mas o que me importa é o que você pensa. Eu preciso que me ajude, é claro, afinal não quero bancar o imbecil, mas não vou fazer nada que não queira. Niña... – Ele tocou meus cabelos carinhosamente. – O que você quer?
Essa pergunta era como uma bomba. Por um lado, se dissesse que sim, ele acharia que eu estava interessada, mas se disse que não ele ficaria chateado e com cara de idiota diante de todos depois da cena que fizemos.
“Não seja boba menina! Aproveite pra tirar uma casquinha dele. Não vai ter outra chance! Seja guerreira, vá a luta e conquiste-o antes que a vaca ruiva de a volta por cima!”
Só esse pensamento foi o suficiente pra me deixar irritada. Aquela mulher não ia se aproximar dele novamente. Não mesmo! Não no que dependesse de mim é claro. Além do mais, minha mente, ainda que louca, estava certa. Pela primeira vez em anos eu tinha uma chance. O namoro seria de mentira, mas quem sabe se não poderia se tornar algo real?
Antes que a coragem me abandonasse beijei o cantinho da sua boca e sorri. Ele me olhou confuso e eu sorri me sentindo mais segura.
- Acho que arrumou uma namorada Alfonso. – Pisquei e ele finalmente compreendeu, sorriu também e me abraçou.
Estava feito e podia vir o fosse. Eu estava pronta pra guerra, também para o amor... Porque no amor e na guerra, vale tudo!
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Por hoje é só minha gente! Espero que gostem!
Está sendo um pouco complicado de escrever por causa da faculdade, mas com um pouco de esforço dá tudo certo!!!
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Despretensiosa
Romance"Não pretendo que você retribua o meu amor. Muito menos espero que me olhe de maneira diferente somente porque agora sabe o que eu sinto. Minha única pretensão é que você encontre o amor ainda que não seja comigo, pois quando se ama, não há nada mai...