Capítulo 28 - A noite dos Encontros

935 58 12
                                    

Meus olhos só podiam estar me pregando uma peça. Era isso! A imaginação pode ser algo muito perigoso principalmente quando além de ver, você começa a ouvir uma voz.

Fechei e abri os olhos rápido três vezes seguida. Não adiantou de nada. Aquela imagem infame continuava ali e o que era pior rindo da minha cara!

- Não sei por que tanto susto querida, sabia que eu estava de volta!

Naquele momento passei a considerar a hipótese de não ser a minha mente. Alice vinha caminho lentamente, porém determinada na minha direção até parar na minha frente.

- O que foi? Perdeu a língua... “Niña”? – Sussurrou com um toque de provocação.

Quem aquela cobra cascavel pensava que era? Ela sabia muito bem que Poncho e apenas Poncho me chamava assim. Era uma coisa entre nós, uma espécie de carinho. Me virei irritada e acertei a mão naquele rostinho debochado.

- Bem, pelo jeito não é mesmo imaginação. – Sorri satisfeita e me afastei um pouco. Aquela louca era bem capaz de tentar revidar.

- Sua ordinária! – Ela levantou a mão como eu previa.

- Nem tente! – Segurei seu braço e a empurrei pra trás. – A diferença é que você merece, eu não. E aliás, isso não é nem um terço do que eu deveria fazer!

- Você deve se achar o máximo, mas não passa de uma coitada que não sabe viver se não estiver na sombra do Alfonso!

Se eu tivesse uma taça de cristal nas mãos, com certeza teria deixado cair. Não por ser desastrada, mas é que Alice se aproximou da realidade, como eu não queria. Também não me sentia dependente dele, mas tinha que concordar que o fato de acordar e dormir pensando nele complicavam um pouco as coisas.

- Meça as suas palavras. Você não sabe nada da minha relação com Alfonso! - Respondi séria, mas por dentro estava como gelatina.

- E você por acaso sabia da minha relação com ele? Não seja hipócrita Anahí! Fez o que era conveniente pra você!

- Ah! E você era um anjo Alice? Como pode pensar em me criticar? Afinal pra quem trai o namorado... – Dei de ombros!

- CHEGA! – Gritou e uma moça que ia entrando no banheiro, recuou saindo do recinto. – Não vou ficar aqui discutindo com você! Só quero que saiba de uma coisa! – Se aproximou e colocou o dedo na minha cara. – Eu vim pra ficar. Eu vou reconquistá-lo. E nada, nem ninguém, muito menos você, vai conseguir impedir.

Era isso que eu temia! Aquele demônio tinha voltado e ainda que eu me resforçasse sabia que as coisas não seriam como antes. Eu estava numa cilada. Não podia contar a Alfonso que Alice o traia sem entregar que eu sabia e o deixei ficar iludido!

 Eu estava numa guerra e não estava certa das chances que eu tinha, mas trataria de dar o meu melhor. Não deixaria que Poncho se afundasse novamente nas mãos daquela mulher. Tirei o dedo da minha cara e apesar do tremor que eu sentia durante toda aquela conversa, a encarei firme.

- Você pode até tentar, mas não vai conseguir. – Sai do banheiro sem esperar por resposta.

Eu não podia cair no jogo dela. Não podia e não devia. Ah! Mas era tão fácil sentir o sangue subir a cabeça com aquela... aquela...!

Meu corpo se chocou com algo duro e cai no chão. Estava tão irritada que nem olhei pra pessoa que me estendeu a mão e peguei sem hesitar.

- Olá princesa!

Quase cai no chão novamente quando ouvi aquela voz. Não era possível! Hoje era o dia de encontrar os fantasmas do passado!

- O que faz aqui? – Perguntei direta.

- Nossa boa noite pra você também. Aliás, como vai Annie? Linda como sempre é claro! – Diego possuía algo ao seu favor: era extremamente bonito. Loiro, alto, forte, olhos azuis que em outros tempos me faziam viajar. É claro que eu sempre fui apaixonada por Poncho, mas também não era cega. Com certeza a perdição pra qualquer mulher, quer dizer, qualquer mulher menos eu.

 - Me larga! – Puxei meu braço com força. – Vou repetir só mais uma vez: que diabos faz aqui?

- Oras que gatinha arisca! – Ele me pegou de novo pelo braço e me puxou em sua direção. – Voltei semana passada e é assim que você me recebe? Deveria ser um pouco mais educada amor.

- Me deixa seu nojento!

- Ah não mesmo, acho que ainda me deve umas coisinhas que roubou do meu armário, neném. – Ele disse apertando meu braço ainda mais forte.

- Eu não roubei nada! – Estava tentando a todo o custo me soltar, mas era difícil. Diego era muito mais forte do que eu.

- Seu imbecil, aquilo quase me matou. Tinha que me agradecer por não ter te denunciado! – Ainda tentava me desvencilhar do meu ex.

- Quase me meteu numa enrascada feia gatinha! Mas não se preocupe... – Olhou meu corpo de cima a baixo e aquilo me deu nojo. – Tem várias maneiras de me pagar. – E me puxou pela cintura até estarmos colados.

- QUE MERDA É ESSA?

DespretensiosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora