Capítulo 35 - A Votação

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Um mês se passou sem que nada demais acontecesse. Parecia que eu estava errada. A casa acabou entrando numa rotina um tanto monótona agora sem Dulce. Por falar nela, minha amiga havia conseguido um emprego de meio período numa revista no centro de Monterrey. Apesar de tudo, estava feliz, sempre foi o sonho dela trabalhar numa. Além do mais, um salário maior era super bem vindo já que precisava se manter sozinha.

Ela estava se saindo bem. Mesmo assim era muita estranho não vê-la mais pela casa, no quarto a noite falando do cara gato que ela havia, ou procurando desesperada uma roupa para vestir quando já estava atrasada pra aula, ou traçando algum plano mirabolante. Dava saudade até mesmo de ouvir as discussões dela com Christopher.

Aliás, ai estava uma coisa que não andava nada bem. Christopher e eu não trocamos mais nem uma palavra depois daquele dia. Era triste, afinal eu pensava que éramos amigos, mas pelo visto não era bem assim. Ele me ignorava e eu fazia o mesmo. Pensando bem, talvez fosse melhor, se não acabaríamos discutindo sem parar.

- De novo lendo isso? – Poncho pulou no sofá e se sentou ao meu lado. Minhas pernas que estavam encolhidas foram automaticamente parar no colo dele.

- Hey mais respeito com os irmãos Maddox sim?  - Sorri com o meu exemplar de Bela Distração entre os braços. Definitivamente eu estava viciada nessa série. Me identifiquei muito com a Abby e com a Cami, apaixonadas pelo melhores amigos, porém ao contrário delas, meu final com Poncho não me parecia que seria tão feliz. A impressão que eu tinha com esse é que mesmo com esse falso namoro, as coisas continuaram as mesmas entre a gente. Ele simplesmente parecia não enxergar mais do que a melhor amiga.

- Na boa isso é livro de mulherzinha! – Provocou massageando o meu pé. Isso havia virado uma espécie de ritual e não vou negar: eu estava adorando!

- Ah claro e você acha muito maduro ficar lendo gibi! – Respondi com um sorriso.

- Oras nunca falei que eu fosse adulto! – Admitiu e para provar, começou a fazer cócegas no meu pé.

Iniciou-se uma verdade guerra de cosquinhas. Eu tentava escapar, mas ele era mais forte que eu e quando vi, caímos no chão.

- Para Poncho! – Tentei escapar, mas Poncho me colocou debaixo dele e segurou minhas mãos. Nossos olhos se conectaram e meu riso morreu. Prendi a respiração fitando aquele par de olhos verdes que constantemente me faziam perder o sono. Ele também estava sério, me encarava como se visse além de mim.

Poncho abaixou seu rosto até as pontas dos nossos narizes quase se encostassem. Pensei que fosse morrer pela falta de ar, mas de repente respirar não me pareceu ser algo tão essencial assim. Seus lábios se aproximaram dos meus

- Obrigada pela carona Damian. – Maite entrou pela porta da frente. Poncho se afastou, me estendeu a mão e levantamos... Eu estava completamente frustrada e ele não me olhava. Engoli em seco a vontade de gritar.

- Não por isso boneca. Deixa que eu levo pra você até a cozinha. – Damian passou com uma caixa nos braços. – Ora ora bom dia casal. Acho que devem ter dormido até tarde não? – Apontou com a cabeça para nós dois. Me olhei no espelho e arregalei os olhos. Eu estava descabelada e Poncho com a camisa fora do lugar. Maldita linguagem dos sinais, agora íamos passar por... dois pervertidos!

DespretensiosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora