Capítulo 8 - O Baile de Máscaras

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E a primavera se aproxima e, assim como as flores que começam a nascer, eu também sinto algo nascendo dentro de mim. A esperança, que se renova, voltando a ser como uma semente que eu faço questão de regar dia a dia com amor. Pode até parecer tolice, mas toda a primavera eu me sentia especial, porque a sementinha me fazia voltar a sonhar e junto, vinha a certeza de que nessa estação,  o fruto desse amor surgiria: Poncho se declararia e também teria a certeza do quanto eu o amo.

        - SERÁ QUE ALGUÉM PODE ABRIR A PORTA? – Ouvi Dulce berrar lá de cima e só então me dei conta de que a campainha estava tocando.

        - Pode deixar, eu abro. – Resmunguei levantando da mesa da sala onde escrevia no meu diário ao perceber que Poncho e Christian estavam vidrados numa partida de vídeo game. Não sei que tanta graça tinha naquela coisa, mas enfim...

        - Pois não? – Indaguei à garota parada na porta da república. Era uma loira peituda toda sorridente e naquele instante dei graças a Deus por ter sido eu a atender a porta e não Poncho.

        - O Baile de Primavera será no próximo dia 23. – Ela disse me entregando os folhetos de propaganda. A voz era fina e enjoada, mas que pareceu atrair a atenção dos meninos já que no instante seguinte estavam me empurrando da porta.

          - Olá baby, o que tem pra nós? – Meu melhor amigo perguntou e senti vontade de esganá-lo por isso.

        - O tema do baile esse ano é “A Noite Misteriosa”. Quem for reconhecido antes da meia noite terá que pagar 500 pesos como uma espécie de multa.

        

         - Hã? – Os dois falaram ao mesmo tempo.

        - Ela quis dizer que vai ser um baile de máscaras seus idiotas! – Bufei irritada com a situação. Alfonso me olhou como se eu estivesse louca, mas não prestei mais atenção. Peguei o meu diário na mesa da cozinha e sumi escada acima.

        - Argh! Bando de idiotas! – Bati a porta do quarto com força.

        - Credo garota! O que aconteceu? – Dulce indagou. Estava tão furiosa que nem tinha percebido que ela estava no quarto.

       

- O que você acha? Aqueles imbecis que não podem ver um rabo de saia que...

- Humm tá com ciúmes do Ponchito é?

        - Eu? Está louca? – Apertei o meu diário com força contra o peito como se ela pudesse ler tudo o que estava escrito. As vezes tinha medo de Dulce, tinha a impressão que ela era meio vidente, meio bruxa... algo assim, pois sempre parecia adivinhar como eu me sentia.

        - Não. – Ela deu um sorriso malicioso. – Está escrito na sua cara que gosta dele.

        Pálida seria uma boa palavra para definir minha cor no momento. Na minha cabeça ninguém havia percebido como eu me sentia em relação a Alfonso. Porém agora minha segurança não existia mais. Me dei conta de que se Dulce já havia percebido então outras pessoas poderiam ter percebido também. Fui tomada pelo pânico quase que instantaneamente. De repente aquele quarto me pareceu pequeno demais, abafado demais e olhei para janela achando naquele momento que me jogar talvez não fosse uma solução tão ruim. Afinal, os mortos não tem problema com segredos. Pelo menos eu não veria a decepção de Poncho quando ele também se desse conta, aliás... se já não tivesse dado.

        - Relaxa, ninguém percebeu. – Dulce bufou e revirou os olhos. – Se te deixa mais tranquila, vamos mudar de assunto tá? Não vamos mais falar do que você sente, o que me diz? – Assenti ansiosamente. – Certo, agora me conta o que aconteceu lá embaixo.

        Em poucas palavras resumi a história da loira peituda sentindo a raiva aflorar novamente. Como é que o Alfonso podia olhar pra aquela... aquela.... senhorita distinta que tinha cara de quem trabalha na casa das primas?!

        - Então quer dizer que o baile vai cobrar uma multa de 500 pesos pra quem for desmascarado antes da meia noite... hum... interessante! – Ela disse já vestida andando de um lado para o outro com o olhar um tanto misterioso.

        - O que você tá pensando em fazer Dulce Maria? – Só a chamava assim quando estava receosa.

       

- Não se preocupe, no tempo certo você vai saber. - Ela me olhou com um sorriso que agora sim justificava o meu medo. Ai meu Deus! O que será que essa maluca ia aprontar?

DespretensiosaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum