Capítulo 47 - Muito Prazer!

1K 49 22
                                    


Meus olhos só sabiam se fixar em Poncho mesmo em meio a toda aquela confusão. Não era capaz de me mover com medo de ele simplesmente desaparecer comprovando que era uma alucinação. Ainda que eu estivesse zangada com ele não queria que fosse a minha imaginação me pregando uma peça.

- Hã... Annie será que pode sair de cima de Dulce, por favor? – Christopher pediu e me dei conta de que pra desfazer a montanha humana eu teria que ser a primeira a sair de cima.

- Ah claro. – Concordei e levantei rapidamente.

Em pouco tempo todos estavam de pé. Pra minha alegria, quer dizer tristeza, quer dizer "sei lá" Alfonso estava mesmo ali, parado diante de mim me olhando do mesmo jeito que eu o fitava.

- Humm bem vou nessa, meninas obrigado pelo café. – Christopher agradeceu.

- Ah espera! Me dá uma carona até o mercado? – Dulce pediu e quando percebi éramos só nós dois de novo.

- Oi. – Poncho disse e meu coração doeu. Estava há menos de um dia fora de casa e já sentia falta dele como se fosse há um mês. Na verdade, se parasse pra lembrar da ultima vez que nos falamos sem ofender um ao outro já fazia um bom tempo.

- Oi. – Respondi me sentindo como uma menininha de cinco anos na frente do garoto que gostava no jardim de infância.

- Será que eu posso entrar? – Apontou com a cabeça.

- Ah é claro. – Assenti e entramos em absoluto silencio.

Era engraçado que todo o discurso preparado na minha cabeça mais uma vez havia sumido. Era sempre assim com Poncho. Por mais que eu tentasse negar sempre era invadida por um milhão de borboletas no estomago quando estava com ele. As palavras me faltavam e isso já era o suficiente pra demonstrar como Alfonso Herrera mexia comigo.

- Então é aqui que Dulce se esconde? – Indagou observando a pequena sala que dividia espaço com a cozinha americana. De fato não era uma casa grande, só tinha dois quartos, mas era muito cômoda.

- Uhum.

"NÃO VAI BANCAR A CALHORDA ANAHI! RESPIRE FUNDO E ENFRENTE AO BONITÃO!"

- Suponho que não veio até aqui saber como Dulce vive. – Disse com mais coragem do que verdadeiramente sentia.

Poncho estava de costas, mesmo assim pude vê-lo estremecer. Orgulhoso do jeito que era imagino que não fosse nada fácil estar ali agora. Mas no fundo não eu não queria que ele pedisse perdão, estaria bem se ele me amasse, não precisava de nada mais.

- Não é claro que não. – Colocou a mão no bolso e retirou um papel dobrado. – Encontrei sua carta.

Minha cara foi ao chão quando o vi depositar meu bilhete de despedida em cima da mesa de centro. Ali estavam expostos todos os meus sentimentos por ele, o que tornava impossível me manter tão firme como pretendia.

- Humm, é... bem... acho que está tudo claro ali não? – Minhas bochechas esquentaram. Me sentia como uma criança pega pelo pai fazendo arte.

- Sim, e sabe do que mais? – Indagou e eu neguei com a cabeça. Acho que era incapaz de falar enquanto ele me rondava feito um gato. – Você está certa.

- O que? – As palavras mal pareciam ter saído da minha boca.

"Um dia você vai perceber que eu fui a melhor coisa que aconteceu na sua vida... Com isso, não pretendo bancar a arrogante nem me superestimar. O que quero dizer, é que algum dia, você vai se dar conta de que quem verdadeiramente gostava de você, era eu. Nesse momento, não pense que eu vou pular de alegria, não mesmo... Nesse dia, eu vou estar chorando, lamentando porque já vai ser tarde demais para dois corações machucados viverem um grande amor. E talvez, se chegar a ler isso, então saberá que foi exatamente isso que aconteceu...."

DespretensiosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora