Capítulo 45 - Virando o Jogo

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Abri os olhos e respirei fundo. O relógio marcava duas da manhã, dali a vinte minutos o taxi passaria pra e pegar. Tinha que ser rápida.

Tentando fazer o mínimo de barulho, troquei de roupa. A camisola foi parar na mala e em seu lugar vesti uma calça jeans, bota, blusa e uma jaqueta de couro. Estava começando o inverno que não costumava ser nada fácil e isso deveria ser o bastante pra me proteger.

Mai dormia de bruços com um braço para fora da cama. Era engraçado de ver o sono tão pesado pra alguém tão delicada. Dei um beijo em sua cabeça e sai do quarto antes que ela acordasse. Sentiria falta da minha pequena grande guerreira, mas era necessário.

Descer com a mala não foi uma tarefa fácil, ainda mais de madrugada. Não queria que ninguém acordasse. Despedidas não eram o meu forte, então sair na madrugada era o ideal. Além do mais não queria dar à Alice o gostinho de me ver saindo de casa.

Aos pés da escada Whiskas miava. Pela primeira vez ele me permitiu que eu abaixasse e o pegasse no colo. Era certo que não nos dávamos muito bem, mas confesso que me acostumei com aquele gato e até sentiria saudades dele.

- Sei que não fomos os melhores amigos, mas eu vou sentir falta de você. – Em resposta, Whiskas meteu o focinho no meu pescoço e ficou miando baixinho. Acariciei seu pelo e passamos assim alguns segundos agradáveis.

- Você achou mesmo que eu ia perder essa cena? – Alice disse descendo as escadas como se fosse uma rainha frente aos súditos.

- Mudei de ideia Whiskas. Pode deitar na minha cama o quanto quiser. E pode miar muito a noite, Mai não vai se importar e ah, pode arranhar as pernas dessa perua a vontade. – Dei um beijo na cabecinha dele e o soltei. No mesmo instante ele passou por Alice, mas não sem antes ranger os dentes e arranhá-la.

- Ai seu vira-lata fedorento! – Reclamou e contive o sorriso. – Você vai ver quando eu fizer churrasquinho de gato! – Ele subiu sem das bola pra ela.

- Não ouse ameaçar Whiskas. – Puxei-a pelo cotovelo. – Ele está aqui há muito mais tempo e assim vai permanecer.

- Com certeza mais tempo que você que pelo visto... já está de saída não? – Provocou e eu fiquei com vontade de esmurrar a cara dela. Mas iria acabar acordando os outros e isso incluía Poncho, ela se faria de vítima e.... bem vai ver era isso que ela queria. – Sabe de uma coisa? Acho que já vi essa cena antes... se bem que... os papeis se inverteram não?

Que ela estava fazendo de propósito, isso era óbvio. Ela estava se divertindo com a situação. Dessa vez era eu quem estava saindo de casa, mas se querem saber, nas atuais circunstâncias até não me importava muito. Na verdade até gostava já que o clima naquele lugar não estava nada bom pra mim, era qualquer coisa menos um lar.

- Podem até ter se invertido, mas quem está com mais sorte sou eu. – Disse e ela não demonstrou nada. Pelo jeito teria que explicar com desenhos.

- Está falando isso por estar despeitada. Você está indo embora e eu fiquei. Você perdeu e eu ganhei. – Cruzou os braços e sorriu debochada parecendo uma criança mimada.

- Não se engane Alice. Pode até achar que está ganhando, mas não tem um pingo de amor próprio pra conseguir as coisas por si mesma.

- E quem é você pra criticar? Você não conseguiu Poncho por si mesma. Tive que sair, aliás você me expulsou e só então conseguiu ficar com ele. – Disse e contive a vontade de dar um tapa naquele rostinho cheio de maquiagem.

- Não Alice, eu não fiz nada de errado. – Afirmei e ela riu com escárnio, mas logo esse sorriso sumiria do seu rosto. – Eu apenas protegi Poncho da namorada vagabunda que o traia com o namorado da melhor amiga! – Dito e feito, no mesmo instante ela tentou bater em cima, segurei sua mão no ar. – Não ouse. Fiz muito pouco até agora, mas não duvide quando digo que posso te destruir e aviso que agora não tenho mais nada a perder.

DespretensiosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora