Indigente [COMPLETA]

Bởi OkayAutora

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Em meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andaril... Xem Thêm

Capítulo 2 - Arte.
Capítulo 3 - Retrato.
Capítulo 4 - Trajes.
Capítulo 5 - Frio.
Capítulo 6 - Grãos.
Capítulo 7 - 38.
Capítulo 8 - Tempo.
Capítulo 9 - Humano.
Capítulo 10 - (Res)sentimento.
Capítulo 11 - Decisão.
Capítulo 12 - Recado.
Capítulo 13 - Rumos.
Capítulo 14 - Acolhimento.
Capítulo 15 - Insegurança.
Capítulo 16 - Recomeçando.
Capítulo 17 - Habituando.
Capítulo 18 - Provocação.
Capítulo 19 - Compensação.
Capítulo 20 - Aliviar-se.
Capítulo 21 - Despertar.
Capítulo 22 - Proteger.
Capítulo 23 - Início.
Capítulo 24 - Infância.
Capítulo 25 - Presente.
Capítulo 26 - Dilacerado.
Capítulo 27 - Arrependimento.
Capítulo 28 - Irremediável.
Capítulo 29 - Escolha.
Capítulo 30 - Distância.
Capítulo 31 - Inacessível.
Capítulo 32 - Flashback.
Capítulo 33 - Inconsistente.
Capítulo 34 - Esperança.
Capítulo 35 - Esperar.
Capítulo 36 - Conquista.
Capítulo 37 - Saudosista.
Capítulo 38 - Diálogo.
Capítulo 39 - Queda.
Capítulo 40 - Romantismo.
Capítulo 41 - Necessidade.
Capítulo 42 - Transparente.
Capítulo 43 - Solucionando.
Capítulo 44 - Festejando.
Capítulo 45 - Reivindicando.
Capítulo 46 - Cuidando.
Capítulo 47 - Retorno.
Capítulo 48 - Vínculo.
Capítulo 49 - Elo.
Capítulo 50 - Calúnia.
Capítulo 51 - Testemunha.
Capítulo 52 - Convite.
Capítulo 53 - Negócios.
Capítulo 54 - Coragem.
Capítulo 55 - Namorando.
Capítulo 56 - Sociedade.
Capítulo 57 - Comoção.
Capítulo 58 - Ciclos.
Capítulo 59 - Prestígio.

Capítulo 1 - R$ 1,45.

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Bởi OkayAutora


Capítulo 1 — R$ 1,45.

Carlos, após um cansativo dia de trabalho, apreciava o seu lanche, pensando nos deveres domésticos que o esperavam em casa. Algumas vezes por semana, frequentava aquela cafeteria, pedindo sempre o mesmo sanduíche integral, acompanhado de um suco de laranja.

Abstraiu-se dos pensamentos quando um maltrapilho adentrou o local, notou também olhares indiscretos dos outros clientes em direção ao homem aparentemente andarilho, que se aproximou do balcão e começou a contar as poucas moedas que carregava.

Duas mulheres e um rapaz se levantaram da mesa onde estavam e se retiraram do estabelecimento, reclamando do mau cheiro do homem. E ao ver aquela cena, o gerente do local se aproximou estressado, com uma carranca em seu rosto.

Carlos continuou observando e viu o momento que o maltrapilho colocou as moedas sobre o balcão, perguntando ao gerente se aquela quantia era suficiente para comprar um lanche. No entanto, suas poucas moedas foram ignoradas, pois o andarilho foi expulso do local.

Carlos indignou-se, se levantando de onde estava, deixando o que comia pela metade e pedindo a conta. Ao invés do gerente, outro funcionário lhe atendeu, onde pediu a ele que embrulhasse dois outros lanches, também comprando um suco.

O garçom perguntou se Carlos levaria o restante de seu sanduíche em uma embalagem para a viagem, mas ele negou, somente pagando e saindo do estabelecimento com o novo pedido em mãos.

Na calçada, olhou para os dois lados, procurando pelo homem maltrapilho, então o enxergou ao longe, já em outra quadra. Carlos correu até lá, tomando cuidado com as sacolas que segurava, agora entrando em uma rua menos movimentada, seguindo o andarilho.

— Ei! — Carlos chamou-o.

O homem virou-se bruscamente, com os olhos arregalados.

— Isso aqui é pra você... — Esticou o braço, segurando as sacolas.

O homem maltrapilho não respondeu, dando um passo para trás.

— É um lanche, pra você.

Carlos continuou o encarando, vendo o momento que a expressão do mendigo se aliviou. Assim o andarilho se aproximou colocando uma das mãos no bolso; no momento que o lanche foi entregue, Carlos teve a palma mão tomada pelas poucas moedas que o homem lhe deu, em uma forma de agradecimento.

— Não precisa disso. — Deu um sorriso sem graça, tentando devolver.

— Fique. — Foi tudo o que o maltrapilho respondeu.

— Como é seu nome?

— Eu não tenho nome.

— Todos têm um nome...

— Fernando.

— Eu sou Carlos. — Sorriu. — Espero que goste do lanche, Fernando.

Assim Carlos viu-o se sentar em alguns trapos, no único local coberto daquela rua. Ele se encolheu no que parecia ser o seu único abrigo, em frente à porta de um estabelecimento aparentemente abandonado.

Olhou para as próprias mãos antes de guardar as poucas moedas em seu bolso, achando admirável a forma como ele quis agradecer, lhe dando o pouco que tinha, exatamente um real e quarenta e cinco centavos.

Se retirou dali e virou a esquina, pensando na maneira que Fernando devorava o lanche, sentindo seu peito apertar dentro de si. Também não conseguia parar de pensar no quanto aquele homem era jovem para estar nas ruas, provavelmente tinham a mesma idade, ou pouco mais velho, talvez com seus trinta e poucos.

Carlos pensava na cena de poucos minutos atrás, até chegar ao estacionamento onde havia deixado o seu carro, assim rumando a sua casa. Era um pouco distante dali, não morava tão perto do centro da cidade, porém, adorava o seu bairro.

A sua casa era perfeita para um homem solteiro, pois mesmo sendo pequena, o tamanho lhe agradava. Carlos estacionou em sua garagem e caminhou até a porta de entrada, que dava direto em sua sala de estar, o maior cômodo da casa.

Dali foi para a cozinha, já preenchendo sua cafeteira com água e assim selecionando a função para um café bem preto. Enquanto esperava, pegou uma caneca no armário.

Caminhou até o seu quarto já com o café pronto, pegando um livro em sua estante para relaxar. Estava exausto, Carlos exercia a função de instrutor em uma academia local e trabalhava de segunda à sexta e em alguns fins de semana.

Por mais que se esforçasse para relaxar, não tirava de sua cabeça o que tinha feito hoje à tarde. Para muitas pessoas, um gesto de generosidade, mas Carlos, mesmo se sentindo bem com o que havia feito, não se sentia totalmente satisfeito.

Para ele, ver uma pessoa ao relento sempre tocava o seu coração, sabia dos muitos problemas que levava uma pessoa para as ruas, não importavam quais, sempre se sentia tocado.

Queria saber mais da vida daquele homem, aparentemente lúcido e com praticamente a sua idade. Não havia somente presenciado a vida de Fernando por poucos minutos, como também se colocado em seu lugar, estando ali de corpo e alma.

♢♦♢

Fernando amanhecia com o barulho dos carros naquela manhã, já imaginando que provavelmente seria perto das nove horas, início do expediente comercial, para tal movimentação de veículos.

As lanchonetes locais já estavam com as portas abertas, o que causava um cheiro terrivelmente delicioso, trazendo um desconforto na região abdominal de Fernando, seu estômago reclamava.

Porém aquela não era a pior fome que já havia sentido, pois no dia anterior, um simpático homem havia lhe trazido dois lanches, juntamente à uma boa quantidade de suco de laranja, geralmente o seu jantar não era tão farto.

Esfregou os olhos e sentou-se, abraçando os joelhos, as manhãs eram sempre frias e o tecido de seu desgastado casaco era fino demais. Fernando bocejou, olhando para as calçadas movimentadas, pensando no quanto era engraçado o dom que adquiriu de ser invisível.

Não imaginava que em tão pouco tempo aprenderia mais sobre o mundo do que em trinta e sete anos, sua idade atual. Sabia que as pessoas não haviam deixado de enxergá-lo, mas sim evitavam fazer contato visual, para não serem chamadas ou induzidas a entregar dinheiro.

Mas ele sinceramente preferia assim, preferia não ser notado do que passar por mais humilhações do que sua trajetória já havia lhe sobrecarregado.

♢♦♢

— Tô indo, Edu, até semana que vem! — Carlos despediu-se do amigo de trabalho, já no fim do expediente.

— Bom fim de semana!

— Pra você também!

Assim Carlos saiu da academia, às seis e meia da tarde daquela primeira sexta-feira de agosto. Já ia para o estacionamento quando lembrou-se do ocorrido do dia anterior, não comeria fora nesse dia, mas faria questão de passar em um restaurante.

Comprou uma marmita completa e andou pelas calçadas, refazendo o mesmo caminho, procurando o homem de ontem. Ao chegar na mesma rua que o viu pela última vez, percebeu que ele estava exatamente no mesmo lugar, encolhido, praticamente camuflado entre alguns papelões.

— Fernando? — Chamou-o.

Carlos percebeu que acordou-o, pois o corpo do homem contraiu-se. Agachou-se perto dele e assim viu o momento que ele lhe encarou, abrindo os olhos vagarosamente.

— Eu comprei isso aqui pra você.

— Eu não posso aceitar. — Falou, quase em um sussurro.

— Por que não?

— Não tenho condições de te retribuir.

— Eu não faço isso querendo algo em troca. — Colocou a sacola em suas mãos. — Bom, se bem que tem uma coisa que você pode fazer por mim sim...

— Diga.

— Eu quero que você me conte a sua história. — Afirmou. — Não me leve a mal, mas como veio parar nas ruas, Fernando?

— É uma longa história.

— Você pode comer primeiro.

Fernando sentiu a embalagem quente e retirou-a da sacolinha plástica, ela estava embrulhada em papel alumínio. O cheiro bom já exalava, agitando o estômago do maltrapilho, fazendo barulhos altos.

Carlos sorriu, sentando-se ao lado dele, ansioso para saber mais sobre Fernando.

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NOTAS DA AUTORA: A história será atualizada todos os domingos! 

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