Workaholic

By OkayAutora

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Gregório é um executivo de notável sucesso financeiro atribuído a trabalho duro. Não apenas duro, como também... More

Capítulo 1 - Coincidência.
Capítulo 2 - Prioridades.
Capítulo 3 - Trato.
Capítulo 4 - Prosas.
Capítulo 5 - Esconderijo.
Capítulo 6 - Agindo.
Capítulo 7 - Gatilho.
Capítulo 8 - Compromisso.
Capítulo 9 - Ilusão.
Capítulo 10 - Desiludindo.
Capítulo 11 - Vulnerável.
Capítulo 12 - Vomitando.
Capítulo 13 - Neura.
Capítulo 14 - Solucionando.
Capítulo 15 - Descobrindo.
Capítulo 16 - Castigo.
Capítulo 17 - Coragem.
Capítulo 18 - Saída.
Capítulo 19 - Dor.
Capítulo 20 - Ordem.
Capítulo 21 - Intenção.
Capítulo 22 - Surpresa.
Capítulo 23 - Noite.
Capítulo 24 - Cinco Sentidos.
Capítulo 25 - Manhã.
Capítulo 26 - Retorno.
Capítulo 27 - Versões.
Capítulo 28 - Alívio.
Capítulo 29 - Onisciente
Capítulo 30 - Experiência.
Capítulo 31 - Excitação.
Capítulo 32 - Divulgando.
Capítulo 33 - Proposta.
Capítulo 34 - Expressão.
Capítulo 35 - Revista.
Capítulo 36 - Resposta.
Capítulo 37 - Arrependimento.
Capítulo 38 - Paralisado.
Capítulo 39 - Percebendo.
Capítulo 40 - Choque.
Capítulo 41 - Afronta.
Capítulo 42 - Procura.
Capítulo 43 - Sozinho.
Capítulo 44 - Perdão.
Capítulo 45 - Arbítrio.
Capítulo 46 - Proximidade.
Capítulo 47 - Realidade.
Capítulo 48 - Caminhos.
Epílogo.

Capítulo 49 - Estrutura.

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By OkayAutora

Capítulo 49 — Estrutura.

A festa continuou e Francisco não se separou de Gregório, mesmo enquanto reabastecia os aperitivos e pegava mais gelo. O gerente lhe ajudava com os afazeres de auxiliar do anfitrião e, enquanto arrumava tudo, não deixavam de conversar.

Receberam a companhia do aniversariante em alguns momentos e permaneceram próximos o restante da noite. Era bom estarem juntos e se sentiam bem, com os assuntos fluindo e as horas voando.

A maior parte dos convidados já tinha ido embora quando Augusto se aproximou do amigo e o cunhado, interrompendo-os:

— Fran, a gente exagerou na comida, mesmo dando para o pessoal levar, já não tem mais espaço na geladeira pra guardar aqui... Teria como você levar umas coisas lá pra sua casa?

— Posso levar sim, só não prometo devolver tudo. — Sorriu brincalhão.

— Tá bom, vou te trazer os potes. Vou pegar um pouco pra você levar também, Greg. — Augusto afirmou, se retirando novamente.

— Eu acho que já vou indo, então. — Gregório declarou, colocando as mãos no bolso.

— Foi legal conversar com você hoje... — Francisco afirmou, desviando o olhar por um segundo.

— Foi mesmo.

Permaneceram em silêncio por alguns segundos antes de Augusto voltar, quase sem conseguir segurar tudo, tentando equilibrar todos os potes nos braços. Francisco ajudou-o e Gregório também participou, dividindo o peso com ele.

— Eu te ajudo a levar. — O gerente indicou, já com os potes em mãos.

Francisco agradeceu e despediu-se do amigo, indo para sua casa, acompanhado de Gregório. Apoiou o excesso de coisas na perna para abrir o portão e entrou, ligando as luzes e indo para a cozinha com ele.

— Não repara a bagunça, tá? — Francisco riu baixinho, deixando as coisas sobre a mesa.

— Que bagunça? — O outro respondeu, sorrindo. — Sua casa é sempre arrumadinha, você é caprichoso.

— Ah, mas só porque você vinha me visitar. — Abriu a geladeira, organizando o interior para abrir o espaço. — Você pode ir me passando os potes? Os maiores, primeiro.

— Aqui. — Começou a entregar, por ordem.

— Obrigado. — Recebeu-os, abaixando-se na altura das prateleiras, enquanto arrumava tudo.

— Quer ajuda? — Ofereceu, enquanto ia entregando os próximos.

— Não, tá dando certo aqui. — Levantou-se. — Mais um.

— Aqui.

— Obrigado, foi tudo o que dava. Esses não couberam e como você precisa levar um pouco, são seus. — Finalizou e deu as últimas embalagens nas mãos dele.

— Tudo bem, eu levo. — Segurou-os, sorrindo. — Obrigado.

— Sabe? Você deveria vir mais pra cá, quer dizer, eu sei que faz tempo já que... você sabe, que a gente não conversa mais. — Sugeriu, fechando a geladeira.

— Eu acho que não seria uma boa ideia. — Protestou, vendo que o outro mudava a expressão. — Me desculpa, eu sei que você não queria ouvir isso e que você só queria ser educado, mas eu acho melhor não...

— Tudo bem, Greg. — Engoliu em seco, desfazendo o sorriso. — Fica tranquilo.

— Você não percebeu? — Gregório perguntou, preocupado.

— Percebi o quê? — Indagou confuso.

— O jeito que agem conosco. — Esclareceu, franzindo o cenho. — Eles nos olham estranho e colocam uma pressão desconfortável em cima da gente.

— É verdade... Eu só tento não ligar, mas isso é chato, mesmo. — Francisco assumiu, colocando as mãos nos bolsos da calça, desconcertado. — Me desculpa por isso.

— Não é sua culpa, nem minha. — Olhou por um segundo para os potes que segurava. — Mas eu não quero estragar tudo, nem piorar a situação.

— Eu entendo, de verdade. — O estudante forçou um sorriso, não querendo demonstrar seu descontentamento.

— Então, eu vou indo. Abre o portão pra mim? — Gregório desviou o olhar, pegando as chaves do carro do bolso.

— Sim, eu te acompanho.

Francisco suspirou, indo na frente dele, não querendo que ele visse a sua expressão chateada. A noite toda tinha sido boa, boa até demais, tendo que guardá-la apenas em sua memória dali em diante por conta das pessoas inconvenientes ao seu redor.

Apesar de abatido, concordava com Gregório e não queria que ele se sentisse mal, ficando triste por não saber quando o veria de novo e se ele também pensava naquilo. Basicamente cogitava qualquer coisa que pudesse desviar sua atenção do fato de que possivelmente não o veria de novo.

Abriu o portão e o levou até o carro, vendo-o colocar os potes de lado e ajustar o cinto de segurança. Gregório ainda mantinha a porta aberta quando Francisco abaixou-se para lhe dar um beijo na bochecha de despedida, envergonhado por aquilo, mas não arrependido.

— Chico. — Chamou-o, vendo que se aproximava novamente.

— Oi?

Gregório pegou-o de surpresa. Sem sequer pensar, apenas deixou-o mais próximo e o tocou na bochecha, roubando os lábios dele para si no mesmo instante. Francisco mal se lembrava do próprio nome quando se deu conta de que suas bocas se uniam e aproveitou para tocá-lo também, acariciando os cabelos do gerente com carinho enquanto seus olhos fechavam. Deixou que seus lábios brincassem despretensiosamente, não pensando em mais nada além daquilo.

Gregório conseguiu se recordar exatamente de qual era o gosto dele quando deixou que sua língua fizesse parte do beijo, queria dar a iniciativa para que ele visse que podia ir além. E embora tivesse receio do que ele estaria pensando, não carregava remorso algum pelo que estava sentindo.

Francisco desceu os dedos para as bochechas dele, segurando-o em ambos os lados do rosto, afastando-se de mansinho e abrindo os olhos apenas para conferir se não estava delirando, acabando por encontrar uma expressão totalmente rendida do outro.

— Esquece tudo o que eu te disse agora pouco. — Gregório garantiu, rindo baixinho.

O estudante não evitou abrir um sorriso largo, gesticulando afirmativamente com a cabeça, mantendo seus rostos colados, sendo atraído para os lábios dele outra vez. Ambos fecharam os olhos e Gregório também aproveitou para voltar a tocá-lo no rosto, sendo agora o outro que deixava a língua fazer parte do beijo.

Francisco, mesmo que de olhos fechados, percebia as reações do mais velho, notando os suspiros dele enquanto explorava sua boca úmida e brincava consigo, mordiscando-o e o lambendo como costumava fazer há tanto tempo e que lhe dava saudade.

Um som alto de buzina pegou ambos de surpresa e Francisco afastou-se dele, rindo e indo para trás, fechando a porta do carro de Gregório ao notar que o carro que buzinou pedia passagem.

— Que susto! — O gerente assumiu, abaixando o vidro.

— Ainda bem que não é ninguém que a gente conhece. — Falou, próximo da porta fechada do outro, voltando a se abaixar. — Eu nem sei o que acabou de acontecer e teria que responder às perguntas dos outros.

— É verdade... — Gregório encarou-o, vendo-o se apoiar na janela aberta. — Eu também não sei o que acabou de acontecer, mas eu gostei.

— Eu também. — O mais novo sorriu, acanhado. — O que a gente faz agora? O que você quer fazer, Greg?

— A única certeza que eu tenho é que eu não quero deixar de te ver. — Assumiu, sentindo seus batimentos acelerarem.

Francisco levou sua mão para dentro do carro e entrelaçou seus dedos com os dele. Seu coração poderia pular para fora do corpo, de tão feliz que estava, sem ainda acreditar no que havia acabado de acontecer.

— Então a gente vai descobrir junto, porque eu também quero você comigo. — O estudante respondeu-o, agarrando a mão dele com mais força, convicto.

— No nosso tempo. — Gregório beijou seus dedos juntos. — Sem ninguém pra interferir dessa vez.

•••

Terça-feira, catorze de setembro.

— Feliz aniversário, Augusto! — Gregório foi o primeiro a dizer, levantando-se de sua cadeira e cumprimentando o cunhado.

— Feliz aniversário, querido! — Valquíria beijou-o no rosto, deixando uma marca leve de seu batom vermelho na bochecha do rapaz.

— Parabéns, Augusto. — Dante foi o último a dizer, de modo mais reservado, mas abrindo um sorriso educado ao cumprimentar o genro.

— Obrigado. — O aniversariante respondeu, tímido pela recepção dos sogros, indo para seu assento ao lado do noivo.

— Vem cá, minha mãe te sujou aqui, deixa eu te limpar. — Guilherme riu e aproximou-o, umedecendo o dedão com a saliva, antes de passar pela bochecha do loiro. — Prontinho.

Augusto não podia negar que estava ligeiramente desconfortável em ver os pais de Guilherme depois de tanto tempo. Eles eram boas pessoas, mas não podia negar que temia fazer ou falar algo indevido na frente deles.

Gregório observava o irmão e o cunhado de onde estava, percebendo que eles ficaram ainda mais tímidos quando Valquíria entrou no assunto que já sabia que seria o foco daquela noite.

— Ah, eu ainda não acredito que meu bebezinho vai se casar... — Ela suspirou, parecendo nostálgica. — E que bom que estamos todos juntos aqui, temos que aproveitar esses momentos... E sabem do que mais? Eu e Dante estamos planejando dar uma desacelerada nas viagens, assim poderemos ficar mais tempo com vocês e ajudar com o que for necessário nessa preparação do casamento.

— Mãe... — Guilherme a repreendeu em tom brincalhão.

— Eu sei! Eu sei! Não vou me intrometer, mas eu amo casamentos! O que posso fazer? — Ela exclamou, sorridente.

— Mas que bom que vão poder ficar mais tempo no Brasil, pra variar. — O caçula voltou a dizer.

— É, agora que as negociações mais pesadas foram feitas, posso me dar ao luxo de descansar um pouco mais. — Dante explicou.

— Eu sei que eu já saturei o Gui com esse assunto, mas e quanto a você, Augusto, o que pensa sobre uma festa de noivado? — Valquíria quis saber, olhando para o genro. — Você não conhece o restante da família e seria uma boa oportunidade...

— Mãe, o Guto pode conhecer a família em qualquer ocasião sem ser o noivado. — O filho mais novo rebateu.

— Na verdade, eu gosto da ideia da festa, só precisamos definir os outros detalhes antes, não é, Gui? — Augusto forçou um sorriso, tentando não demonstrar seu nervosismo. — De qualquer forma, a gente pensou em algo reservado.

— Eu entendo, vou ter que deixar os meus planos para noivado e casamento pomposos para o Greg. — Ela falou, rindo enquanto olhava para o mais velho.

Embora soubesse que era brincadeira da parte dela, o gerente sabia que aquilo não seria impossível. De qualquer forma, era bom observar como ela tinha aceitado bem o fato de que fariam algo pequeno, percebendo que, apesar de insistente, Valquíria sabia dar o espaço que precisavam.

O jantar permaneceu agradável, enquanto agora os pais relembravam como foi o dia em que souberam que Guilherme estava noivo. Primeiro começaram a rir, achando que era algum tipo de pegadinha, para logo depois, Valquíria, em particular, começar a chorar emocionada.

Gregório sabia que Dante era um pai protetor e percebeu como ele ficou enciumado com a notícia, com medo de que o caçula não estivesse pronto para se casar, mas nunca deixou de apoiar as decisões dos filhos e daquela vez não seria diferente.

Um pouco depois de fazerem os pedidos, Valquíria tomou a liberdade de começar um brinde, feliz por estarem todos reunidos e em uma situação tão especial.

— Ao Augusto. — A mulher ergueu a taça. — Eu estou muito contente em te receber na família, meu bem. Eu percebo como o Gui amadureceu assim que te conheceu e o quanto ele tá feliz. Ele descobriu uma vocação e aprendeu a ser mais responsável, também. Eu não poderia estar mais grata por ter um genro como você, bem-vindo à família, querido.

Todos brindaram e o aniversariante agradeceu as palavras carinhosas da sogra. Era bonito ver como estavam em sintonia, com Gregório tendo sonhado acordado por um momento com aquelas palavras da mãe.

Não pôde negar que se imaginou no lugar do irmão, Valquíria sempre foi exigente quanto aos namorados dos filhos e acabava por desprezar todos os pretendentes que arrumavam, sendo aquela uma situação inédita.

Ela mudou o jeito em que se referia ao Augusto e passou a ver com olhos mais bondosos as outras questões além do dinheiro. O que fez Gregório lembrar-se de como ela olhou para Francisco pela primeira vez, nada satisfeita.

O gerente deixou-se levar pela fantasia de estar naquela mesa, estando noivo daquele que poderia facilmente ganhar o coração de todos no mesmo ritmo em que roubava gargalhadas.

Seu peito apertou em um misto de saudade e lembranças boas, pedindo um minuto para todos os que estavam na mesa, se levantando da mesa. Foi para um local reservado e retirou o celular do bolso, fazendo uma ligação.

— Alô, Greg?

— Oi, Chico. — Sorriu no instante em que ouviu a voz dele. — Tô te atrapalhando?

— Não, eu tenho um tempinho antes de ir pra aula.

— Eu esqueço que você tá estudando, me desculpa. — Gregório passou a mão pela testa, envergonhado.

— Que isso, tá tudo bem. E logo tudo isso acaba, é meu último semestre... Só espero não pegar DP em nenhuma disciplina. — O mais novo riu.

— Bom, eu só queria falar que me deu vontade de te ver. — Confessou, envergonhado.

— Quando?

— Hoje seria muito ruim? — Ofereceu, tímido.

— Ah, hoje eu não tenho nenhuma aula livre e combinei de fazer umas correções da entrega do meu TCC com o meu orientador... Eu saio quase às onze de lá. — Francisco respondeu, suspirando.

— Tem problema se eu te pegar na saída e te der uma carona pra sua casa? Eu só queria te ver um pouco...

— Tem certeza? Se não for te atrapalhar, tudo bem, mas não precisa me buscar se não der.

— Eu só preciso te ver um pouquinho, se você deixar. — Gregório mordeu o lábio inferior com força, com medo de estar sendo invasivo demais.

— Tá bom. Te vejo lá mais tarde.

— Combinado, então. — Sorriu satisfeito, querendo saber qual expressão ele estaria fazendo no momento.

— Vou ficar te esperando.

Gregório voltou para o jantar e mal conseguiu se concentrar, apenas pensando em quem veria ainda naquela noite. Era engraçada a sensação de estar mantendo aquilo em segredo, se sentia um adolescente, mas era divertido sentir todas aquelas sensações de primeiro encontro.

•••

Eles se encontraram não só depois do jantar, como continuaram se vendo nos próximos dias. Gregório fez questão de buscar Francisco todos os dias após a aula, apenas se despedindo dele no portão, recebendo um abraço e um beijo rápido.

Levariam as coisas daquela forma e se sentiam bem assim. Era um romance ingênuo e puro, com encontros rápidos e ligações melosas, nada além disso. Estavam se conhecendo como devia ter sido desde o começo.

Francisco apenas tinha os fins de semana livres para organizar a casa e quando restavam algumas horinhas, se encontrava com Gregório, o que não parecia suficiente para sanar a vontade constante que tinham de se encontrar. Eram sempre esperas que pareciam não acabar mais.

Mês seguinte, sexta-feira, vinte e sete de outubro.

— Está entregue. — Gregório estacionou ao chegar na casa de Francisco.

— Obrigado, Greg. — Deu-lhe um selinho. — Não só por sempre vir me buscar, mas por ter me dado uma força hoje. Eu fiquei bem nervoso antes de apresentar o TCC pra banca.

— Não tem como não ficar, eu te entendo. — Sorriu carinhosamente. — Lembro de como foi minha apresentação, até passei mal.

— Eu tô muito feliz que tá dando tudo certo e principalmente por ter você aqui. Você foi incrível hoje ficando lá comigo. — Francisco retribuiu o sorriso, tocando-o no ombro. — E tem uma coisa que eu queria te perguntar.

— Pode falar, Chico.

— Então, tô planejando a minha formatura e é em dezembro ainda, mas queria saber se você vai poder participar...

— Eu adoraria.

— É que, só tem um problema... A minha irmã e a minha mãe vão, os meninos também, então até lá, você sabe, a gente teria que decidir em como falar para os outros sobre a gente, porque seria estranho você participar assim, sem mais nem menos. — Francisco tentou explicar, desconcertado. — É claro, se você não quiser ir por esse motivo, tá tudo bem...

— Eu quero ir. Quero ver você se formando e também quero que saibam que estamos juntos. — Buscou a mão dele, unindo seus dedos. — Assim como eu quero que você vá na inauguração da minha empresa semana que vem e, com isso, não vai ter como esconder mais...

— Parece então que esse é um momento decisivo, né? — Francisco engoliu em seco, antes de encará-lo. — Você tem certeza de que quer continuar? Não que eu não esteja gostando, na verdade, eu tô adorando estar saindo com você e passando um tempo juntos, mas você sabe o que já aconteceu e... Eu tenho medo de estragar tudo e estar me precipitando de novo e...

— Eu te amo, Francisco. — Interrompeu-o, olhando em seus olhos.

Gregório tinha muito mais coisas para falar, mas queria não só ver qual era a reação dele, como também, formular o que diria. Francisco ficou em silêncio, totalmente em choque, sem saber se sorria ou se dizia algo, parecendo em um misto de emoções, sem nada conseguir pronunciar, vendo o mais velho voltar a dizer:

— Eu percebi que eu te amo desde que eu me afastei de você. Até achei que teria como amenizar o que eu sentia, mas... — Gregório voltou a tomar iniciativa, segurando com carinho os dedos dele. — Não teve como, nunca deixei de pensar em você, Chico. Senti sua falta todos os dias...

— Você... — Francisco iniciou a pergunta, ficando sem fôlego, encarando-o, com os olhos brilhantes. — Você me ama mesmo?

— Muito. Eu te amo muito. — Reforçou, esperançoso. — Me desculpa por esperar tanto pra te dizer...

— Não, não se culpe pelo passado, Greg... — Tocou-lhe no rosto, unindo suas testas, olhando-o de perto. — Eu tô só me certificando de que eu não estou sonhando. Pode me beliscar?

Gregório riu baixinho, recebendo um beijo carinhoso em seguida, deixando-se levar pelo ritmo apaixonado do outro. Tocou os cabelos de Francisco enquanto era envolvido pelos lábios gostosos dele, não queria que aquele momento acabasse, mas precisava brincar com ele, dando-lhe um beliscão de leve no braço, fazendo-o interromper o beijo e rir.

— É, eu não estou sonhando... E eu nunca deixei de amar você também. — Francisco sussurrou, ainda próximo, vendo os olhos do outro se espremerem molhados ao abrir um sorriso sincero.

•••

Uma semana depois, três de novembro.

Gregório chegou para buscar Francisco para o dia do grande evento, inauguraria sua empresa e revelaria o namoro aos familiares e amigos presentes, tudo mudaria dali em diante.

Não precisou descer do carro para receber a companhia dele, com Francisco fechando a porta após entrar, dando-lhe um selinho.

— Tá pronto para ser apresentado oficialmente como meu namorado? — Gregório perguntou, abrindo um sorriso arteiro.

— Nasci pronto. — Riu baixinho, colocando o cinto.

O mais velho estava prestes a dar a partida quando ouviu uma notificação. Curiosamente, Francisco também recebia alguma mensagem ao mesmo tempo e ambos pararam para verificar os celulares.

Gregório sentiu um arrepio na espinha, acabando com todo o seu bom humor ao ver o remetente. Francisco também estava em choque, logo percebendo que ambos recebiam um e-mail da mesma pessoa. O mais velho quase não conseguiu falar, deixando o celular de lado, informando-o de quem se tratava, embora o outro já soubesse:

— É o... Otávio. 

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