Capítulo 18 - Saída.

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Capítulo 18 — Saída.

— Me avise quando fizer isso, para eu me esconder dele. — Guilherme falou ao irmão.

— Como assim, Gui?

— Eu quero estar longe quando você conversar com ele, se ele souber que fui eu que dedurei ele, estou morto.

— Por favor, não é verdade. — Gregório riu baixo. — O problema seu e da mamãe, é que nunca viram o lado bondoso do Otávio.

— Talvez seja porque ele não tenha? — Fez uma pergunta retórica.

— Se ele não tivesse seu lado bom, por que eu ainda estaria com ele?

— Às vezes eu acho que estamos falando de uma pessoa totalmente diferente.

— Tudo bem, Gui, eu entendo o porquê de seu receio, mas fica tranquilo, ele não vai te fazer nada. Na verdade, é ele que tem que prestar contas comigo.

•••

Manhã seguinte, terça-feira.

Gregório teve uma noite agitada, indo trabalhar com olheiras profundas, pois passou boa parte da noite em claro, por não ter conseguido criar coragem para falar com o namorado sobre sua descoberta. Tentava adiar a conversa, pois não sabia nem por onde começar.

Queria esquecer de tudo e a chave para aquilo sempre era o seu trabalho e sua reconfortante escrivaninha abarrotada de papéis. Chegou ao prédio um pouco mais atrasado que os outros dias e entrou, logo percebendo alguns funcionários desviando de seu caminho, indo procurarem as escadas, enquanto somente um aproximava-se dele.

— Oi. — Francisco tomou coragem para cumprimentá-lo. — Bom dia.

— Bom dia. — Falou, olhando rapidamente para o estagiário, esperando o elevador chegar.

— Ontem foi uma bosta pra você também ou a segunda-feira foi ruim só pra mim? — Continuou, arrancando um pequeno riso de Gregório.

— Não, foi bem desconfortável para mim também, só não sei se o seu motivo é o mesmo que o meu. — O gerente revelou.

— Provavelmente não. — Francisco afirmou, olhando para os pés. — Mas eu espero que hoje seja melhor.

— É, eu também. — Gregório concordou, adentrando o elevador no instante em que ele chegou.

Subiram ao quinto andar sem trocarem mais nenhuma outra palavra, o estagiário, ao vê-lo olhar para o próprio celular, não quis abusar com suas piadas, provavelmente seria completamente inútil em comparação aos assuntos que o gerente tinha para resolver.

Francisco ficou na sua, somente esperando a porta se abrir para assim sair atrás dele pelo corredor, ganhando uma certa distância para não o atrapalhar mais do que já pensava que incomodava. Na sua mesa, aproveitou enquanto o computador ligava, para assim conferir suas mensagens, vendo que precisava responder alguém que já evitava há um tempo.

O rapaz que tinha deixado os recados não era de se jogar fora, mas por mais que naquele momento não tivesse pique para sair com ele novamente, não o deixaria de escanteio, pelo menos responderia suas mensagens para não ser grosseiro.

Quando viu que o monitor acendeu, deixou o aparelho de lado e quando desviou sua atenção para pegar sua mochila, percebeu de relance um movimento nas persianas do escritório de Gregório, tendo uma ligeira impressão de que ele poderia estar olhando em sua direção.

Ficou curioso a ponto de olhar fixamente para a janela por alguns minutos, esperando que algo acontecesse para sanar sua curiosidade. Porém, nada aconteceu e teve que voltar sua atenção ao computador.

WorkaholicWhere stories live. Discover now