Capítulo 38 - Paralisado.

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Capítulo 38 — Paralisado.

Gregório não era hipócrita a ponto de dizer que se alegrava todas as manhãs de segunda-feira, mas aquela em particular não era tão boa como as outras. Sabia que em breve veria Francisco no escritório e que estar perto dele e saber que o que tinham já não seria o mesmo, era de partir o coração.

O gerente não entendia os próprios pensamentos, pois a presença daquele rapaz que em tão pouco tempo já tinha mudado a sua vida, era tão essencial a ponto de fazer com que ele quisesse voltar atrás, mas Gregório sabia bem que aquilo estaria fora de cogitação.

Foi ao banho e terminou de se arrumar, não se dando conta de que não conseguia tirar aqueles acontecimentos da cabeça. Geralmente conseguia manter o controle, mas não imaginava que encerrar o assunto de uma vez por todas com o estagiário teria aquela consequência, pensou que abandonar tudo o que tiveram para trás seria mais fácil.

Logicamente não achava que apagar o que teve com Francisco seria uma tarefa tranquila, mas pensava que ao menos conseguiria ter um pouco mais de paz para si mesmo, porque antes sentia-se mal com o fato de não conseguir retribuir o amor dele plenamente. No entanto, não conseguia entender o porquê de não estar conseguindo lidar com aquele vazio que sentia.

Tentava recordar-se de como tinha sido doloroso o término definitivo com Otávio e nem poderia comparar aquela dor que sentia com o que sofreu com o ex-namorado, mas sabia que, mesmo assim, tinha o pressentimento de que as coisas não acabariam por ali, que ainda tinha muito a acontecer.

Após abotoar a camisa e ajustar perfeitamente a gravata e o crachá, saiu do quarto, encontrando o irmão na cozinha como de costume.

— Bom dia, Gui. Não achei que te veria hoje.

— Bom dia. — O irmão forçou um sorriso. — Só vim buscar umas coisas pra ir pra casa do Guto, aí aproveitei pra fazer um café.

— Entendi. — Gregório afirmou, ligando a cafeteira. — Mas tão cedo? Algum motivo em especial?

— Nada. — O irmão disfarçou, olhando para o pão que comia.

— Sei. — Estreitou os olhos. — Você não me parece muito bem, vocês brigaram?

— Não é nada, mesmo. É sério. — O caçula reforçou. — Se eu estivesse bravo com ele, iria para lá? Não tem lógica.

— Talvez para pedir desculpas depois de algum acontecimento, assim como eu fiz quando fui atrás do Francisco. — Observou, fazendo o irmão rir.

— Não, não é nada disso. — Guilherme quis mudar o assunto. — Vai querer uma carona?

— Pode ser, qualquer coisa eu volto de táxi, é até melhor.

O caçula então terminou o seu café, satisfeito por Gregório não ter continuado a questioná-lo sobre Augusto. Guilherme pousaria mais alguns dias no namorado para as consultas médicas, assim ficava mais fácil dar apoio ao namorado e manter em segredo enquanto não tivesse a certeza do diagnóstico.

O gerente mal percebeu a inquietação do irmão, que disfarçava bem, puxava conversa e mesmo durante o percurso ao trabalho dele, não ficavam sem assunto. O caçula recebeu um beijo no rosto do irmão ao despedir-se, vendo-o descer do carro, para iniciar um dia difícil de trabalho.

Gregório estava alguns minutos atrasado e infortunadamente chegava junto a quem menos precisava ver naquela manhã. Olhou para o relógio, fingindo não o ter visto, mas foi inevitável, principalmente quando a porta do elevador fechou antes que ele chegasse, deixando-o à espera junto ao estagiário, que se aproximava.

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