Capítulo 22 - Surpresa.

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Capítulo 22 — Surpresa.

— Desculpe, não queria te acordar. — Dante falou ao filho e ao ver que ele tinha arregalado os olhos, quis saber. — Te assustei?

— Pai?! — Gregório apoiou os cotovelos na cama, acalmando-se. — O que você tá fazendo aqui?

— Eu só queria ver como você estava, seu rosto tá um pouco melhor... — Observou. — Sua mãe também veio, tá lá tomando café com o Gui. Quer ir pra lá? Se quiser posso trazer algo pra você comer, também.

— Não, não precisa. — Falou, ainda tentando normalizar sua respiração.

— Eu sei que eu não devia ter aparecido assim do nada, mas eu queria mesmo te ver... Como você tá?

— Eu tô bem.

— É sério, Gregório? — Dante ironizou. — Por favor, uma hora ou outra você vai ter que me falar o que aconteceu.

— Sei que você e a mamãe apenas querem o meu bem, mas por enquanto eu estou tentando esquecer o que houve, então esse tipo de coisa não é muito agradável pra mim, se quer saber. — Se ajeitou sobre a cama, agora se sentando. — Posso pedir para que não toquem nesse assunto por um tempo? Tipo, para sempre?

— Você sabe que isso não é possível, Greg.

— Eu não quero falar, é sério. Eu sei que tenho idade pra resolver esse tipo de coisa sozinho... — Bufou. — Eu sinto muito, sei que vocês dois estão preocupados, mas eu não posso deixar que vocês assumam o controle da minha vida agora.

— Eu só gostaria de ter descoberto antes que não foi a primeira vez, Greg, foi isso que me machucou... Sua mãe também escondeu isso de mim, não acho justo, quero que confie em mim.

— Eu confio, pai. Só que é vergonhoso demais... E é doloroso.

— Eu nunca vou saber o que você passou na pele, filho, mas... também não quero que você se sinta culpado por algo que não é sua culpa. — Afirmou, cabisbaixo. — Eu queria muito poder te ajudar, mas sei que você já tem coisa demais na cabeça e que pelo menos, por enquanto, você quer um pouco de paz. Tô certo?

— Uhum. — Gregório sacudiu a cabeça afirmativamente, forçando um sorriso não muito convincente.

— Vem cá. — Dante abriu os braços. — Por mais que você possa não estar pronto pra isso agora, quero que saiba que eu estou aqui.

Gregório finalmente conseguiu abrir um sorriso genuíno, entrando em meio aos braços do pai, não demorando para receber beijos no topo de sua cabeça.

— Eu sei que você sabe se cuidar sozinho, mas eu sempre irei te proteger, independentemente da sua idade. — Falou, ainda com o filho em seus braços.

Dante sempre cumpria suas promessas, o filho sempre se sentia protegido com ele por perto. Gregório lembrava-se de que havia crescido e se tornado uma criança inteligente e corajosa por conta dele. Dante sempre o incentivou a dar o seu melhor em qualquer situação que fosse; da mais simples atividade, como dar nó sozinho nos cadarços à até mesmo tirar as rodinhas de sua bicicleta.

A visão era bem nítida em sua mente, Gregório lembrava-se do medo que havia sentido e da segurança que seu pai lhe passou quando o convenceu a andar na bicicleta pela primeira vez sem as rodinhas. Foi persuadido por ele, que corria ao seu lado, dizendo estar segurando-o pela garupa, até ter a sensação de deixá-lo para trás.

Dante parou de correr e viu o filho totalmente equilibrado, sabendo que ele se daria bem logo de início. E Gregório recordava-se de não sentir mais medo, pelo menos não até perceber o enorme desnivelamento da calçada, que fez com que caísse e ralasse todas as partes do corpo que não estavam protegidas pelos equipamentos de segurança.

WorkaholicWhere stories live. Discover now