Capítulo 12 — Vomitando.
— É sério? — Francisco olhou o celular, desesperado, vendo que realmente tinha feito besteira.
— Não tem problema... Relaxa. — Gregório colocou as mãos no bolso. — Mas eu posso saber o que houve?
— Eu realmente não sei o que te dizer. — O estagiário sentia algo entre o constrangimento e o susto. — Eu só me lembro de ter dormido com o celular na mão ontem, claro que eu não vou negar que entrei no seu perfil, mas... Me desculpe por isso.
— Eu já disse, está tudo bem.
— Eu já apaguei a publicação. — Francisco afirmou, com o celular em mãos, querendo livrar-se daquele aparelho mais do que nunca, caso aquele elevador tivesse janelas, provavelmente o jogaria prédio abaixo.
— Essas coisas acontecem mesmo. — O gerente compreendeu-o.
— Mas vem cá, o que você pensou? — Indagou, curioso para saber o que ele pensava. — Não ficou com medo de mim nem nada do tipo?
— Medo? Por quê?
— Por eu estar olhando seu perfil, talvez achar que sou um stalker, não sei.
— Não, na verdade, a primeira coisa que pensei é que tivesse sido sem querer, algo como você ter pensado em me mandar uma solicitação de amizade e clicado errado, não sei. — Gregório explicou. — Eu só fiquei em dúvida por conta do horário.
— É que às vezes eu vou dormir tarde mesmo. — Francisco olhou para os próprios pés. — Mas eu sou uma péssima pessoa, me desculpa mesmo.
— Eu já disse que não foi nada. — Continuou, dando um passo à frente quando a porta do elevador se abriu.
— Se eu fosse você, já teria me colocado para fora daqui. — Acompanhou-o agora pelo corredor daquele andar.
— Por que está dizendo isso? — O gerente parou de caminhar, encarando-o.
— Nada... — Coçou a nuca. — É que eu não sou nada profissional, sou totalmente antiético. Você com certeza deveria me dispensar, acabar com o meu contrato de estágio.
— Falando dessa maneira, parece até que você arquitetou tudo com antecedência. — Gregório analisou. — Se algo não está te agradando na empresa, Francisco, pode ser sincero comigo e me dizer exatamente o que está te incomodando.
— Não é bem isso, não. — Encarou os olhos que tanto admirava. — É que eu não presto mesmo, eu estava xeretando no seu perfil ontem não só por curiosidade.
— Onde está querendo chegar? — Olhou em volta e depois encarou o estagiário novamente.
— Nem preciso dizer, né? Tá meio na cara. — Francisco riu de si mesmo, apressando-se para sair de perto dele.
Gregório foi abandonado tão rápido que não pôde processar a informação devidamente, olhando o rapaz já longe, impactado o bastante para que não fosse atrás dele insistir que ele sanasse a sua curiosidade.
•••
Francisco parecia esperto, Gregório não sabia se ele tinha o manipulado para chegar exatamente a este ponto ou apenas uma maneira de expressar tudo o que estava guardado no peito. Por mais que fosse a última opção, ainda assim ficava confuso em saber o que o estagiário queria dizer com tudo aquilo.
Da sua sala, abriu as persianas o suficiente para olhar para o estagiário disfarçadamente, aquele rapaz era inteligente, diferente de todos os outros que já haviam trabalhado consigo. Francisco era o que menos precisava de sua ajuda, mas aquele que mais tinha o feito questionar o seu próprio trabalho, porque ele sempre se reinventava e trazia formas inovadoras para dentro da empresa.
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Workaholic
RomanceGregório é um executivo de notável sucesso financeiro atribuído a trabalho duro. Não apenas duro, como também excessivo. Diante das complicações de sua vida pessoal, Gregório não percebe que se tornou um Workaholic e que usa seu ofício para fugir de...