Capítulo 30 - Experiência.

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Capítulo 30 — Experiência.

Ainda naquela segunda-feira, era o fim do expediente quando Gregório saía de sua sala, vendo o estagiário arrumar sua mochila. Como grande parte do pessoal já havia ido embora, aproximou-se sugestivamente da mesa de Francisco, indagando:

— E aí, coisinha linda, vem sempre por aqui?

— Na verdade sim, mas só pra paquerar o meu chefe. — Francisco respondeu-o, rindo com a brincadeira.

— Quer carona? — Ofereceu, vendo-o jogar a mochila nas costas.

— Não, tudo bem, Greg. Eu pego ônibus aqui pertinho.

— Ah, por favor, não custa nada. — Insistiu, desencostando-se da mesa dele. — Eu te deixo na sua casa.

— Não precisa, é sério. — Sorriu. — Não quero te atrapalhar.

— Não vai atrapalhar coisa nenhuma. — Reforçou. — Vem, vamos, Bentinho.

Não tinha como o estagiário recusar aquele convite, indo com ele ao elevador, levemente envergonhado, conversando pouco até descerem ao térreo. Ao passarem pelo hall, Francisco olhava para os lados enquanto caminhava, atento ao seu redor. Gregório não conseguiu deixar de notar aqueles gestos enquanto iam até o carro, entrando no veículo com ele e indagando:

— Queria te perguntar uma coisa, Francisco.

— Eita, me chamou de Francisco, então é coisa séria. — Riu baixinho. — O quê?

— Você parece meio receoso em estar andando comigo e nem queria aceitar a minha carona... Não parece ser só coisa da minha cabeça. Tá tudo bem?

— Sim... É que eu não quero te trazer problemas, mas tá tudo bem.

— Como assim me trazer problemas?

— Não sei o que pensariam se percebessem que eu estou sempre saindo com você...

— Você sabe que quando eu te pedi em namoro era sério, né?

Francisco não conseguiu evitar abrir um sorriso apaixonado e desviou seu olhar do dele.

— Eu já disse e repito: eu estava falando sério, Chico. — Gregório segurou o queixo do rapaz, levantando-o para cima. — E ninguém tem nada a ver com isso, nós estamos fazendo o nosso trabalho direito como sempre e isso é o que importa. Se descobrirem e acharem ruim, que venham falar comigo.

Francisco sorriu, mas por dentro, ainda estava pensativo, era confuso, mesmo que o gerente houvesse feito o pedido de namoro de modo claro e conciso, era complicado. Só ficaria mais tranquilo se soubesse exatamente quais eram as pretensões dele com o relacionamento, porque algo não parecia certo.

Em sua cabeça, nem em outro universo paralelo aquele homem teria motivos para se interessar por ele a tal ponto. O estagiário suspirou, estava tão distraído que mal percebeu que já estava próximo de sua casa, com Gregório reparando seu jeito quieto desde que começou a dirigir.

Ao carro ser estacionado, Francisco retirou o cinto de segurança e encarou-o, perguntando:

— Vai querer entrar, Greg?

— Melhor não. Sempre que eu entro, não quero mais ir embora. — Afirmou, fazendo-o rir baixinho. — E você tem aula, não tem?

— Tenho. — Falou, murmurando descontente. — Mas não teria problema faltar hoje... Fica comigo.

— Não fala assim, é golpe baixo. — Gregório pediu, encarando aqueles olhos pidões, vendo-o ficar mais próximo.

— Eu tô tão carente... — Disse, roçando o seu rosto em sua bochecha e forçando uma voz manhosa proposital, mal sabendo o quanto aquilo estava deixando o outro excitado.

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