Capítulo 47 - Realidade.

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Capítulo 47 — Realidade.

Dia seguinte, sábado, vinte e sete de maio.

Francisco terminava de arrumar a casa quando ouviu seu celular tocar, vendo o nome do amigo na tela, atendendo:

— Alô?

— Oi, Fran, tá ocupado? — Augusto indagou.

— Não, pode falar.

— Eu acabei de arrumar as minhas coisas para ir para o hospital.

— Ah, você já vai ser internado agora de tarde? — Francisco recordou-se da cirurgia dele.

— Já vou dar a entrada hoje e deixar tudo certo para o procedimento. — Informou. — O Gui tá vindo pra cá pra me buscar e queria saber se você quer carona... Você sabe, pra ver o Gregório.

— Ah. — Francisco não pôde deixar de se surpreender com a pergunta, não sabendo direito o que responder. — Eu não sei se eu vou visitar ele de novo.

— Por quê? As coisas foram estranhas ontem? — O amigo quis saber.

— Não, não é isso. Foi até legal... Legal até demais, eu não sei se hoje eu deveria ir também. — Disse, pensativo. — O que você acha? Não seria estranho?

— Não precisa perguntar isso pra mim, o que seu coração quer que você faça?

— Não sei, Guto... Eu quero ver ele, mas alguma coisa me diz que não é o certo. Sei lá, tem uma parte de mim que parece que quer me convencer de que eu só quero ser um bom amigo e me certificar de que ele esteja bem. — Riu de si mesmo. — E eu quero ver ele bem, mas a gente sabe que isso de amizade tá fora de cogitação.

Francisco suspirou após o desabafo e percebeu o silêncio do outro lado da linha, logo ouvindo seu interfone tocar.

— Abre o portão pra mim, Fran. Tô aqui na frente. — Augusto voltou a falar, na chamada.

Francisco riu e desligou o celular, indo receber o amigo. Ele entrou e deixou a mala que segurava no chão da sala.

— Pronto, mandei uma mensagem para o Gui, pra falar que estou aqui na sua casa. — Augusto guardou o celular no bolso. — Vai, me fala mais do Greg. Percebi que você não quis falar sobre isso ontem e agora tô curioso...

— Eu assumo que eu tava com um pouco de vergonha ontem, foi estranho encarar ele depois de tudo aquilo e, no fim, eu ainda me sinto confuso...

— Confuso sobre o quê?

— Sobre como me sinto por ele, eu não sei explicar direito. — O estudante informou, sentando-se no sofá da sala, tendo a companhia dele no assento ao lado. — Mas agora, eu sei que eu tenho muita empatia, quero ver ele recuperado e...

— E? — Reforçou, ao ver que ele interrompeu o que dizia.

— Sabe, Guto? eu não consigo esquecer o que a gente teve, é inevitável. — Francisco confirmou, cabisbaixo. — Eu sei que não foi legal o que ele fez comigo, de me abandonar e voltar para o Otávio, mas eu não consigo pensar nessas coisas ruins quando lembro do que a gente viveu junto... Foram momentos muito bons, eu sentia sinceridade em tudo.

— Não sei se quer ouvir isso agora, mas vocês formavam um casal lindo. — Augusto falou, em uma tentativa de consolá-lo.

— Eu sei que sim. — Suspirou. — Eu só lamento por ele não enxergar a pessoa que ele é de verdade, por aceitar esmola de um psicopata como aquele cara...

— O Gui disse que ele vai começar com um psicólogo assim que sair do hospital. — Augusto informou, vendo o amigo abrir um sorriso

— Que bom, fico feliz com isso, ele precisa. — Francisco confirmou, ouvindo uma buzina. — Você acha que é o Gui?

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