Capítulo 6 - Agindo.

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Capítulo 6 — Agindo.

— Eu não quero morrer, eu não vou fazer isso.

— Tudo bem, tudo bem, é uma ideia suicida. — Olívia riu com ele. — Bom, vou voltar ao trabalho, se você ficar sabendo de alguma coisa, por favor me fale.

— Eu sou sempre o último a saber das coisas, é melhor não contar comigo. — Francisco revelou, rindo também.

O estagiário voltou para o seu computador, aproveitando o tempo livre para fazer o trabalho que apresentaria na semana que vem, por mais que sua rotina era puxada, sua função atual ajudava nos estudos, principalmente por botar em prática tudo o que via na teoria. O bom de estar ali, era que quando tinha alguma dúvida, qualquer pessoa do escritório que chamasse, rapidamente lhe esclarecia o que precisava saber, a maioria dos funcionários eram amigáveis.

Enquanto escrevia, viu mais uma vez um vulto passar por si, a porta do escritório de Gregório ficava próxima a sua mesa, onde então tinha uma visão privilegiada dele, conseguindo encarar-lhe discretamente. O gerente voltou com os cabelos arrumados do banheiro, com a camisa um pouco mais ajeitada, mas em seu rosto ainda era visível as profundas olheiras.

Francisco não sabia dizer o que sentia naquele momento, para si não era pena, mas sim, um sentimento parecido. Era visível que ele estava sobrecarregado pelo trabalho, só que algo mais parecia esgotar Gregório, deixando-o para baixo, fazendo o estagiário querer fazer o que Olívia tinha sugerido, no entanto, de sua cadeira não se levantou, não arriscaria.

•••

— Boa noite. — Gregório diz ao irmão, assim que entrou em casa, vendo-o no sofá.

— Você preocupou a gente. — Guilherme respondeu, sem encará-lo.

— Eu avisei que estava bem. — Afirmou, colocando as mãos no bolso da calça, aproximando-se dele.

— Por que não voltou pra casa? Eu fiquei te esperando, precisava falar com você.

— E eu precisava ficar sozinho. — Gregório reafirmou.

— Como você consegue ser tão egoísta?!

— O que você está dizendo? É sério isso que eu estou ouvindo? — Respirou fundo, olhando para o irmão. — Você conta as coisas da minha vida para a mamãe, arruma intrigas para o meu relacionamento, o Otávio deixa de falar comigo por isso e agora eu sou o egoísta? Sério?

— A mãe só está preocupada com você. — Guilherme rebateu, ainda com a expressão fechada.

— Por que você a apoia nessas coisas? Ela mal para aqui no Brasil... Por que você tem que alimentar essa vontade impertinente dela de querer saber da minha vida?

— Não fale como se estivesse falando sobre uma estranha, ela tem esse direito. — O irmão respondeu.

— Não é isso, Gui. — Bufou. — Pensa, se fosse com você, gostaria disso? Gostaria que a mamãe dissesse na sua cara que não gosta do seu namorado e insistisse para que vocês terminassem, com ele ouvindo tudo? Hein? Você gostaria?

— Eu entendo o seu ponto de vista, não estou dizendo que você está errado! Eu só queria que você tivesse me avisado de onde estava, eu não queria ter envolvido a mãe nessa história toda.

— Mas envolveu, e ela deve ter ficado muito feliz em saber que mais uma vez eu e o Otávio brigamos, é isso que ela queria!

— Me desculpa, eu só não sabia o que fazer quando já estava tarde e ninguém mais sabia onde você estava...

— Eu vou tomar banho. — Gregório respirou fundo.

Guilherme esfregou o rosto, vendo o irmão se retirar. Não queria ter desapontado ele, ainda mais ter causado outra discussão quando Otávio e ele pareciam ter se entendido. Pensou então que a única maneira de se desculpar dignamente com ele, seria revertendo aquela situação, falaria com todos que estavam envolvidos se fosse preciso.

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