Capítulo 42 - Procura.

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Capítulo 42 — Procura.

Gregório mal soube como conseguiu chegar em casa de forma tão rápida. Era como se estivesse correndo de seu próprio constrangimento, sua mente não o deixava esquecer o que tinha acabado de presenciar, revivendo a expressão de Otávio incontáveis vezes antes de sair do carro.

Ainda dentro de sua garagem, tirava as mãos do volante e esfregava seu rosto com raiva, bagunçando seus cabelos numa tentativa frustrada de tirar tal visão de sua mente. Olhou para os seus próprios dedos, lembrando-se de que tinha sido capaz de agredir o irmão no dia anterior para defender aquele mesmo cretino que tinha o traído de tantas formas diferentes.

Quando pensava que estava indo atrás dele para pedir uma outra chance, seu peito ardia em rancor. Ainda estava coletando os cacos de seu coração partido da última separação com a pessoa que mais lhe fez se sentir bem consigo mesmo e foi brutalmente atropelado pela realidade.

Se sentia um monstro, não conseguindo acreditar na sequência das coisas que foi capaz de fazer por cair novamente na lábia de Otávio. Enxergava claramente como as coisas começaram a desandar e lembrava-se exatamente de quando sentiu que tinha perdido o controle de suas ações.

Teve a oportunidade de mudar tudo assim que o ex voltou para sua vida e não o fez. Não o denunciou, não o excluiu totalmente de seus pensamentos e deu abertura para um novo relacionamento sem estar pronto por puro capricho e carência. Gostava da atenção de Francisco, mas sempre soube que não era justo não estar entregue por inteiro como o rapaz.

Todo o seu peito doía, não sabendo como um coração que já não estava inteiro pôde ser capaz de se partir novamente. Toda sua fraqueza crescia e não entendia como podia ter deixado se levar por ações desesperadas apenas para não se sentir sozinho.

Precisava se afastar, mas se sentia arrependido, não sabia sequer o que deveria fazer primeiro. Seu irmão mal queria falar consigo e Francisco deveria ser a última pessoa da face da Terra do qual desejava contato consigo. E com razão, afinal, tinha causado todo aquele mal com suas próprias mãos e quem perdoaria um ser tão desumano e cruel?

•••

Francisco tremia, já fazia um tempo em que não obtinha respostas, ficando cada vez mais desesperado, jurando que sua vez tinha chegado. Pedia perdão a Deus por ter acabado de xingar um evangélico e não sabia se aquele era o preço que tinha que pagar.

— Não vai me falar o que tanto quer comigo?! — Francisco exigiu, no banco de trás, sem enxergar nada por estar vendado.

— Você está me deixando com dor de cabeça. — Otávio reclamou, enquanto dirigia.

— É só me responder! Você tramou isso com o meu irmão, é isso? — Sacudiu os pés, que estavam juntos e amarrados, assim como suas mãos.

— E eu lá vou saber quem é o seu irmão? É aquele carinha que te xingou de viado?

— É, esse babaca mesmo.

— Quem sabe depois de cuidar de você eu não um jeito no coleguinha homofóbico. Vai aprender que viado não é bagunça.

— Cuidar de mim? Eu sou bem grandinho pra isso. — Francisco falou, tentando aliviar o medo que sentia, não obtendo resposta.

Aquele silêncio era atormentador, para o estudante, o pior de tudo era saber que poderia morrer de pijama, sem dignidade alguma, já imaginando o que deduziriam da cena do crime, pensando no que os policiais diriam quando encontrassem seu corpo morto em um terreno baldio vestido daquela maneira.

— A gente chegou? — Francisco indagou, sentindo o carro ser estacionado.

Otávio bufou, aquele rapaz conseguia ser irritante a ponto de ter se arrependido de não ter levado clorofórmio consigo.

WorkaholicWhere stories live. Discover now