Capítulo 21 - Intenção.

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Capítulo 21 — Intenção.

— Olívia... — Francisco chamou a colega de trabalho em um sussurro.

— Oi? — Encarou-o, vendo-o se aproximar de seu computador.

— Você viu o Greg hoje? Sabe se ele veio trabalhar?

— Ver, não vi. Mas sei que ele veio, porque vi algumas pessoas entrarem na sala dele e conversarem com ele da porta. — Ela respondeu. — Mas agora que você perguntou, é muito estranho mesmo ele ainda não ter saído da sala dele pra nada...

— É sim. — Francisco afirmou, achando melhor não contar a ela que sabia do porquê.

— Ele deve estar atolado. — Olívia deduziu. — Melhor ficar de olho nos e-mails, se ele já é exigente em seu estado normal, imagine mal-humorado.

— É verdade... — O estagiário forçou um sorriso simpático, mas por dentro estava preocupado com o gerente. — Então... Vou voltar para as minhas coisas.

— Vai lá, se precisar de ajuda estou aqui. — Ela sorriu.

Francisco voltou à sua mesa, sabendo que tinha feito a coisa certa em não contar para Olívia o que sabia, tinham uma amizade profissional, mas não sabia se ela guardaria um segredo como aquele, então teria que remoer aqueles sentimentos sozinho.

Estava com as palavras do melhor amigo em sua mente, Augusto jamais mentiria para si, mesmo assim, aquelas revelações eram coisas demais para se processar. Não acreditava nas mensagens que recebeu logo pela manhã ao caminho do trabalho.

Tal situação não poderia estar acontecendo com Gregório, jamais imaginou que Otávio, por mais assustador que fosse, poderia fazer tal atrocidade com o gerente. Sentia um misto entre raiva e pena; raiva por querer vingar Greg, pena por saber que ele não merecia aquilo.

Francisco só precisava vê-lo, pois pelo que Augusto contou, a coisa tinha sido séria. O coração do estagiário estava na mão, queria saber como Gregório estava, queria abraçá-lo e deixar de lado o fato de estarem no trabalho, precisava assumir o papel como o amigo que sabia que o gerente estava tanto precisando.

•••

Sabendo que já era quase sete da noite e que não tinha mais rastros de funcionários por ali, principalmente por ser sexta-feira, o gerente arriscou sair de sua sala, olhando tudo em volta. Havia sido difícil segurar a vontade de usar o banheiro para que não precisasse dar explicações do porquê de seu rosto estar estranho.

Sua sorte era que os poucos que entraram em sua sala, mal tinham lhe visto, pois além de estar sempre com o rosto voltado ao computador, recebeu emprestado de Gabriela, um pouco de maquiagem. Caso olhassem em seu rosto, não veriam manchas, mas os inchados ainda permaneciam lá.

Andou pelo extenso corredor até chegar ao banheiro, onde aliviou-se e lavou as mãos. Ao notar sua pele esbranquiçada demais pela base corretiva, quis lavar o rosto para retirá-la. Gregório passou um pouco de sabonete pelo rosto úmido e fez movimentos delicados por ainda estar com dor na região afetada.

Enxaguou-se e, ainda de olhos fechados, procurou por papéis para secar seu rosto tomando um sobressalto ao ouvir uma voz atrás de si:

— Achei que tivesse ido embora.

— Você quase me matou do coração. — O gerente afirmou ao virar-se para ele, segurando o papel sobre o olho machucado. — O que ainda está fazendo aqui, Francisco?

— Sendo bem sincero, eu estava te esperando, eu queria conversar com você. — Respondeu, se aproximando mais, percebendo que ele ainda estava acuado.

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