Gente, antes de iniciar mais um capítulo, apenas um conselho. Pra quem quiser entrar no clima, ai vai o link da música: https://www.youtube.com/watch?v=YY_rsRVMvyQ
Boa leitura!
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O Ay que Rico! ficava há apenas três quadras de casa. Todos andavam alegres e falantes pelas ruas do campus. O clima de festa devido às férias de verão estava mais do que espalhado pela Universidade. Estava dando graças porque apesar do contratempo com o tiro, consegui ajustar as provas finais antes do fim do semestre e ainda que não estivesse 100% concentrada com tudo que acontecia a minha volta, passei direto.
A ansiedade tomava conta do meu corpo. Não que estivesse com medo. Apenas me sentia ansiosa pelo que poderia acontecer aquela noite. Motivos? Tinha de sobra pra isso, mas preferia não pensar no estrago que a volta de Alice e Diego poderia fazer.
A única coisa que eu sabia, como uma espécie de pressentimento, era que algo ia acontecer essa noite. Se era coisa boa, ou ruim, eu não sei. Só que aconteceria.
Entrei no bar ouvindo alguns assovios. Minhas bochechas ruborizaram na hora. Mas ficaram ainda mais vermelhas quando os olhos de Poncho caíram sobre mim. Por alguns instantes, pude ver um olhar fugaz de admiração. Meu coração explodiu de felicidade.
Poncho andou na minha direção e nos encontramos no meio do bar. Ouvia ainda alguns assovios, mas pra mim, a única coisa que importava no momento era ele.
- Niña... você está linda! – Ele disse com um sorriso e eu ganhei a noite.
Minha Annie interior começou a fazer a dançar Macarena e tive que me conter pra não dançar também.
- Obrigada. – Sorri de volta me sentindo como uma menininha boba.
“Não perde tempo garota. Agarra logo ele!”
- Cala boca.
- O que? – Poncho perguntou e mais uma vez amaldiçoei minha mente insana que não dava uma dentro!
- Humm... nada, estava apenas pensando. E então já terminou? – Apontei com a cabeça para o copo em sua mão.
A festa era feita num campo a céu aberto nos limites da Universidade. No entanto, muitas pessoas usavam o Ay que rico! como uma espécie de esquenta, um local para beber algumas e se reunir com os amigos antes da hora.
- Claro, vamos. Pedro, aqui! - Deixou o dinheiro em cima do balcão e com um aceno saímos.
Fomos conversando durante todo o caminho. Em meio a risos e brincadeiras, os minutos passaram rápido e quando vimos, já estávamos na festa.
Tequilas, vodkas e energéticos passavam de um lado para o outro em frente aos nossos olhos enquanto a batida agitada de reggaeton e alguns outros ritmos latinos tocavam a todo o volume em todo o campo.
Um pouco afastados, do meu lado esquerdo, Dulce dançava agarrada a Damian. Pelo visto ele não tinha perdido tempo com Christian e tratou de partir para o plano B: agarrar a ruiva!
Não havia visto Christopher, mas podia apostar que ele não viria. Ainda estava enrolado com a reitoria devido à suposta droga no seu armário. Se lembrar disso já me deixava com raiva de Dul, imagina quando ele descobrisse.
Cuando no siento tu voz
Es mi cabeza la que habla de los dos
Juego a pensarte
sin perder la razón
Me descuidé
y se fue el amor...
- Vem, vamos dançar. – Poncho me puxou pra pista e começamos a nos mover um na direção do outro. Senti o arrepio transpassar pelo meu corpo. Se não me cuidasse cairia nos braços dele a qualquer instante.
Yo ya no sé qué sentir
De tanto hablarte, ya no sé qué decir
Se me acabaron las ganas de mentir
Si tu te vas, no sé vivir.
Poncho passou os braços pela minha cintura me obrigando a ficar mais próxima ainda. Eu não sabia o que estava acontecendo com ele, mas me deixei levar.
Hoy se siente bien
Hoy te vuelvo a ver
Oigo como la música suena
Las luces te pegan
Te ves bien bien
Y no paras de bailar
Hoy te ves bien bien
Tu te ves bien bien...
Se perguntassem o meu nome naquele exato momento, eu não saberia dizer. Já havíamos dançado outras vezes, mas nunca dessa forma. Talvez ele tivesse bebido um pouco a mais ou apenas estivesse feliz, na verdade não queria saber o motivo, estávamos ali juntos e era isso que importava.
Si fue un error
No pensar que sin ti no puedo estar
Y sin tu amor, ser normal
No es posible si no estas
No quiero verme llorar
Eres lo único que tengo si te vas...
Yo así no puedo seguir
Te pienso tanto que no puedo dormir
Y mis canciones solo hablan de ti
Cuando no estas, no sé vivir...
Poncho me virou e fiquei de costas. Ele soprou no meu ouvido e não pude segurar o riso. Era tão bom, tão simples e ao mesmo tempo tão sexy...
Hoy se siente bien
Hoy te vuelvo a ver
Oigo como la música suena
Las luces te pegan
Te ves bien bien
Y no paras de bailar
Hoy te ves bien bien
Tu te ves bien bien...
Ele voltou a me virar de frente e i riso foi substituídos por nossos olhos não deixavam de fitar um ou outro de um modo um tanto.... diferente. Eu não sabia o que estava passando pela cabeça dele, mas na minha, era como se o visse pela primeira vez, nunca me pareceu tão lindo.
Soñé con volverte a ver
Soñé que estabas aquí
Que me volvías a querer
Fue más o menos así
Quise volverte a tener
Hoy apareces aquí...
“Ah meu Deus eu sei que a frase é clichê, mas se for um sonho, eu não quero acordar!”
E pela primeira vez, eu e a minha consciência, agora desmaiada, concordamos.
Cuando no siento tu voz
Es mi cabeza la que habla de los dos
Juego a pensarte sin perder la razón
Me descuidé y se fue el amor...
Nos aproximamos ainda mais. Arregalei os olhos impressionada, com exceção do dia do assalto, nunca estivemos tão colados. Podia sentir o cheiro forte do perfume, sua respiração tão acelerada quanto a minha e seu olhar me mantinha cativa.
“Ó céus ele vai me beijar! Ele vai me beijar, ele vai me beijar!”
Hoy se siente bien
Hoy te vuelvo a ver
Oigo como la música suena
Las luces te pegan
Te ves bien bien
Y no paras de bai...
Um estouro e a musica parou. Nos afastamos atordoados. Olha pro céu negro da noite perguntando porque justo agora? Faltava tão pouco! E minha mente completou: “Que sacanagem!” E eu mais uma vez concordei.
- Eu... – Falamos juntos.
- Vou pegar algo no bar.
- Vou ao banheiro. – Falei no mesmo momento que ele. Sorrimos um tanto constrangidos e cada um foi pra um lado.
Nunca uma ida ao banheiro me pareceu tão importante. Os sanitários ficavam no prédio atrás de onde estava acontecendo a festa. Isso significava dar uma volta imensa, mas estava achando ótimo, caso contrário corria o risco de desmoronar de tanta vergonha na frente de Poncho.
Entrei no banheiro e corri pra pia. Abri a torneira, mas desisti de jogar água no rosto ao me fitar no espelho e ver a maquiagem tão bonita que Mai fizera.
“Calma Annie, só tem que ficar calma.”
Fechei a torneira e continuei a me olhar no espelho. Estava me cobrando, me perguntando por que era tão medrosa. Poncho era solteiro, eu também. Não havia nada de errado no que estávamos fazendo.
“Então pare de agir como uma adolescente idiota e viva aquilo que sempre esperou!” Minha consciência praticamente berrou e pela terceira vez num mesmo dia, estava completamente certa. Com um sorriso, desencostei da pia e dei meia volta disposta a viver aquilo que eu tanto sonhei.
Dois segundos depois, travei na porta.
- Olá querida.