Workaholic

By OkayAutora

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Gregório é um executivo de notável sucesso financeiro atribuído a trabalho duro. Não apenas duro, como também... More

Capítulo 1 - Coincidência.
Capítulo 2 - Prioridades.
Capítulo 3 - Trato.
Capítulo 4 - Prosas.
Capítulo 5 - Esconderijo.
Capítulo 6 - Agindo.
Capítulo 7 - Gatilho.
Capítulo 8 - Compromisso.
Capítulo 9 - Ilusão.
Capítulo 10 - Desiludindo.
Capítulo 11 - Vulnerável.
Capítulo 12 - Vomitando.
Capítulo 13 - Neura.
Capítulo 14 - Solucionando.
Capítulo 15 - Descobrindo.
Capítulo 16 - Castigo.
Capítulo 17 - Coragem.
Capítulo 18 - Saída.
Capítulo 19 - Dor.
Capítulo 20 - Ordem.
Capítulo 21 - Intenção.
Capítulo 22 - Surpresa.
Capítulo 23 - Noite.
Capítulo 24 - Cinco Sentidos.
Capítulo 25 - Manhã.
Capítulo 26 - Retorno.
Capítulo 27 - Versões.
Capítulo 28 - Alívio.
Capítulo 30 - Experiência.
Capítulo 31 - Excitação.
Capítulo 32 - Divulgando.
Capítulo 33 - Proposta.
Capítulo 34 - Expressão.
Capítulo 35 - Revista.
Capítulo 36 - Resposta.
Capítulo 37 - Arrependimento.
Capítulo 38 - Paralisado.
Capítulo 39 - Percebendo.
Capítulo 40 - Choque.
Capítulo 41 - Afronta.
Capítulo 42 - Procura.
Capítulo 43 - Sozinho.
Capítulo 44 - Perdão.
Capítulo 45 - Arbítrio.
Capítulo 46 - Proximidade.
Capítulo 47 - Realidade.
Capítulo 48 - Caminhos.
Capítulo 49 - Estrutura.
Epílogo.

Capítulo 29 - Onisciente

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By OkayAutora

Capítulo 29 — Onisciente.

— Ah, tá... — Francisco disse, franzindo o cenho e crispando os lábios, depois arregalando os olhos. — Espera, é sério?

— O que você acha? — Gregório gargalhou, divertindo-se com a expressão confusa e adorável do estagiário.

— Eu acho que você cheirou alguma coisa bem forte antes de vir aqui — Francisco brincou, fazendo o gerente rir ainda mais alto. — Bom, eu nem sei o que dizer... Mentira, sei sim! Eu quero, mas você me pegou de surpresa.

Gregório tomou um tempo para parar de rir e conseguir entender o que as palavras atropeladas do estagiário significavam e ao perceber que era uma resposta afirmativa, parou de rir e permaneceu com um sorriso largo e radiante.

— Você me deixa muito feliz em aceitar. — Pegou a mão do rapaz nas suas e a levou para sua boca, depositando um beijo ali, apertando-a e sentindo seu cheiro.

— E você nem imagina o quanto me deixa feliz em ter pedido. — Francisco declarou, sorrindo e usando a mão livre para acariciar as de Gregório.

Ambos deixaram as mãos caírem, dando espaço para aproximarem seus rostos e se beijarem calmamente. O estagiário apenas aproveitava os movimentos lentos e seguia o ritmo dele, aproveitando para lhe acariciar nas costas.

Ainda colado aos lábios dele, a ficha de Francisco sobre o que havia acabado de acontecer, finalmente caiu. Assim agarrou-o na nuca e intensificou o beijo com pressa, com Gregório retribuindo, distribuindo toques ousados conforme percebia que este era o primeiro beijo que compartilhavam como namorados.

As mãos de Francisco apertaram as coxas de Gregório com força e o gerente cedeu aos puxões, jogando as próprias pernas para cima das do estagiário, ficando de uma maneira ridícula e desajeitada, no colo dele.

Nenhum dos dois se importou muito com a estética do momento e apenas continuaram a se beijar. O gerente sentia o sabor da língua dele enquanto tocava com ternura o rosto de Francisco, tendo que se ajeitar sobre o corpo dele, deixando uma perna de cada lado do rapaz, podendo encará-lo de frente.

Gregório suspirou, olhando-o de pertinho, ainda próximo dos lábios dele, recebendo beijos curtos e carinhosos. Mal sabia descrever o que sentia, mas uma sensação gostosa tomava conta de seu peito, fazendo-o abrir um sorriso e dizer:

— Eu nem sei como te agradecer, Chico. Você está sendo tudo na minha vida nesse momento...

— E olha que eu nem sou muita coisa. — Francisco debochou.

— Bobinho. — Falou, fazendo-o rir e roubando outro beijo.

Aos poucos, os dois cederam ao desejo e combinaram de se levantar dali, indo ao quarto para se jogarem sobre o colchão, não demorando para que suas roupas começassem a ser retiradas.

Francisco ficou ao lado de Gregório, que estava completamente esparramado sobre a cama, rendido aos toques do outro, que desabotoava sua camisa, deixando seu tórax exposto, seu peitoral era protuberante, por conta dos exercícios do passado, definido, mas nada exagerado. Francisco tomava nota disto tudo como uma perfeição inigualável.

Da maneira que fosse, Gregório seria sempre o homem mais sensual do universo. As mãos do estagiário passeavam pelo torso desnudo do gerente, absorvendo o calor daquele corpo tão desejado, enquanto o superior apenas observava o desejo ardente nos olhos de seu subordinado.

— Sabe, eu andei sonhando com você. — Francisco instigou-o, continuando a tocá-lo.

— E o que acontece nos seus sonhos? — Gregório indagou.

— Já vou te mostrar. — A mão de Francisco desceu para a calça dele e se desfez primeiramente do cinto e do botão antes de continuar, chegando no zíper.

Gregório mordeu o lábio, sentindo os dedos habilidosos entrarem por baixo de sua calça, em seguida tendo seu membro envolvido pela mão dele com cuidado. A cueca de microfibra parecia áspera em sua glande, fazendo-o se retorcer por liberdade, a qual Francisco não concedia.

— Você gosta que eu te toque aqui? — O estagiário sussurrou próximo ao seu ouvido.

— Uhum... — Gregório murmurou, ainda mordendo o lábio inferior e movendo os quadris para receber mais daquele toque.

— Fala pra mim o que mais você quer. — Pediu, ainda sussurrando, fazendo com que Gregório soltasse um gemido. — É você quem comanda, como quer que eu te dê prazer?

— Francisco... — Grunhiu, ofegante. — Isso é cruel...

— Fala. — Pediu ao pé de sua orelha, provocando-o.

— Eu quero... — As palavras falhavam ao sair, pois a mistura da fricção entre a cueca, seu membro e a mão do estagiário, era quase insuportável, fosse de prazer ou incômodo. — Eu quero que você me toque... Mais embaixo...

— Mais embaixo? — Francisco libertou o membro dele, escorregando a mão por dentro da cueca, descendo para seus testículos. — Aqui?

— Mais. — Ordenou, olhando-o nos olhos e vendo a expressão travessa surgir no rosto de Francisco.

Logo os dedos dele desceram até seu períneo lentamente e, com isso, Gregório abria as pernas para lhe dar livre acesso à região pulsante em suas partes inferiores. Francisco tocou levemente sua entrada, arrepiando todo o corpo do gerente.

— Achei. — Sussurrou pervertidamente.

O estagiário mordeu o lóbulo da orelha de Gregório, ao mesmo tempo que pressionava, com um pouco mais de força, seu dedo contra a entrada. Não o suficiente para entrar, mas o suficiente para fazer Gregório arquear as costas de prazer.

•••

Gregório chegou em casa praguejando mentalmente por ter tido que ir embora tão cedo da casa de Francisco. Estava agora acabando de se arrumar para ir jantar na casa dos pais, passando sua colônia e, em seguida, pegando um par de meias.

Quando se sentou na cama para calçar seus sapatos, sentiu como se seu corpo se lembrasse do que havia feito à tarde, sem negar que tinha sido ainda melhor do que na última vez. Francisco poderia ser jovem, mas pensava que com certeza aquele rapaz tinha experiência.

Ouviu a porta da sala abrindo quando terminou de se aprontar, ouvindo a voz do irmão, o procurando. Seguiu até lá, cumprimentando Guilherme, achando curioso o fato de que ele nada lhe questionava sobre mais cedo.

Não que agora se incomodava em revelar a sua relação oficial com o estagiário, na verdade, até queria dizer, mesmo assim, não deixou de ficar um pouco aliviado ao pensar que ele não o tinha visto sair da casa de Francisco, pois assim poderia formular melhor o que dizer antes de chegar o momento.

— Você vai jantar na casa da mamãe? — Indagou ao caçula, que acabava de se sentar no sofá.

— "Ai" de mim se eu não for! — Riu baixinho.

— Eu estava só te esperando, quando você tiver pronto, nós vamos.

— Então podemos ir, já tomei banho na casa do Guto.

— Você praticamente tá morando com ele, né? Até a mamãe já reparou nisso. — Gregório brincou, pegando suas chaves do carro.

— Pra falar a verdade, é quase isso. Tem muita coisa minha por lá. — Riu, gostando de ver o irmão bem-humorado.

Continuaram conversando enquanto seguiam para a casa de seus pais no carro de Gregório. E ao chegarem, mal entraram e já foram recebidos pelos braços calorosos de Valquíria, que agarrava os dois ao mesmo tempo.

Dante também abraçou os filhos, levando-os para a sala de estar para beberem enquanto esperavam o jantar sair. Servindo vinho para todos, com exceção de Gregório, que por dirigir, escolheu ficar de fora.

Iniciaram o assunto sobre a viagem de Dante, que já não era novidade para os filhos de que eles ficariam um período fora pelos negócios. Depois de falarem sobre a permanência fora do país e a posição da empresa no mercado de ações, o homem voltou o assunto aos convidados:

— E vocês dois, como está indo a vida? E o trabalho?

— Eu não tenho muitas novidades sobre a JSM. — Gregório ergueu os ombros.

— Já eu, que nunca decidia o que queria da vida, acho que finalmente tomei um rumo. — Guilherme falou, chamando atenção com sua declaração, dando um gole no vinho. — Já tem um tempo que eu faço as minhas fotos e invisto na minha rede social, mas até esses dias, nunca tinha pensado em ganhar dinheiro dessa forma.

— E o que você pretende fazer, meu amor? — Valquíria perguntou-o.

— Bom, tem uma agência que entrou em contato comigo, eles têm várias parcerias, várias marcas bem-conceituadas trabalham com eles. E querem fechar comigo. — Expôs, fazendo todos impressionarem-se.

— E como é que vai funcionar isso, filho? — Dante indagou.

— Eu continuo fazendo o meu conteúdo e, de vez em quando, despretensiosamente, faço propagandas de forma indireta. É assim que são boa parte das publicidades hoje. — Continuou a dizer. — Claro que isso requer uma boa organização e noção sobre criação de conteúdo, mas já estou estudando pra isso, muita gente acha que é coisa boba, mas é bem difícil manter um material de qualidade e constante.

— É verdade, mesmo. Lido com algumas figuras públicas lá na JSM... E já sabe, né Gui? Se precisar de ajuda com algo, pode perguntar, faço isso todo dia. — Gregório afirmou, rindo baixinho. — E de graça.

— Com certeza vou te pedir uns conselhos! — Sorriu para o irmão.

A copeira informou-os de que o jantar estava pronto para ser servido e assim que se guiaram à sala de estar, Gregório não deixava de olhar para os pais enquanto elogiavam o irmão. Estava contente por Guilherme ter decidido com o que queria trabalhar, mas algo lhe incomodava.

Não era ciúme, o que lhe deixava para baixo, era o fato de não ter participado dessa decisão dele como antigamente. Guilherme sempre recorria a si para pedir ajuda, então entendia que o irmão poderia querer ter autonomia para escolher, mas o que lhe chateava, era saber que ele sequer veio falar consigo sobre isso, principalmente com uma proposta que era do seu ramo.

O jantar prosseguiu normalmente e algumas horas depois, após os irmãos terem se despedido dos pais com um demorado abraço, foram para o carro. Assim que colocaram o cinto de segurança, o irmão mais velho deu a partida, dizendo:

— Gui, vem cá. Eu queria saber de uma coisa...

— Fala.

— Como é que surgiu essa ideia de virar blogueirinho? — Perguntou, rindo.

— Bom, esses dias eu estava conversando com o Guto sobre os meus seguidores e aí a ideia de ganhar dinheiro surgiu junto com o pedido de patrocínio.

— E quantos seguidores você tem?

— Não muitos, estou beirando cento e cinquenta.

— Cento e cinquenta mil? — Arregalou os olhos, sem desviar sua atenção do trânsito. — E isso é pouco desde quando?!

— Se você comparar com outros perfis, não é muito.

— Caramba! Que tipo de conteúdo você coloca para ter tanta repercussão? — Quis saber, sem desviar sua atenção do trânsito.

— Na verdade eu gosto de colocar as minhas fotografias e um pouco sobre as viagens, nada demais.

— Realmente, as suas fotos são muito bonitas. — Elogiou.

— Valeu. — Sorriu, feliz. — Tô me sentindo útil pela primeira vez na vida por saber que isso pode dar certo, já pensou se eu não precisar mais de mesada?

— Eu sei bem qual é essa sensação que você está sentindo, passei pela mesma coisa. Foi libertador.

Guilherme olhou para o irmão, feliz com aquela revelação. Logo chegaram em casa e Gregório desceu do carro, na garagem, exclamando enquanto abria a porta de entrada:

— Vou aproveitar pra abrir uma garrafa de vinho, já que não bebi por lá. Aí se você quiser, a gente bebe junto pra comemorar.

— Vou querer sim. — O caçula riu, entrando em casa e seguindo-o. — Não que a minha decisão de começar a trabalhar com redes sociais seja grande coisa pra se comemorar, eu nem sei se vai dar certo ainda.

Já na cozinha, o gerente pegou uma garrafa da adega climatizada e o mais novo tirou duas taças do armário, que foram servidas logo depois.

— Sabe, quando falei em comemorar, não estava falando só do seu novo trabalho... Tem uma outra coisa que eu queria te dizer. — Gregório acrescentou, sentindo o aroma do vinho. — Mas antes de te falar isso, eu queria te perguntar uma coisa.

— O quê?

— Eu não te disse nada durante o jantar, porque não queria falar isso na frente da mamãe, mas fiquei pensando... Por que você simplesmente não veio conversar comigo antes sobre a proposta? Eu fiquei feliz por você e sei que você não é obrigado a me contar tudo, mas fiquei um pouco chateado em ter que descobrir junto com os nossos pais... — Revelou, com medo de estar sendo invasivo demais.

— Não foi por mal, Greg, mas... você também estava ocupado com as suas coisas.

— Me desculpa, Gui, eu não queria ter demonstrado que estava ocupado demais pra você. Você é a minha prioridade, sempre foi. — Confirmou seriamente. — Eu sei que eu realmente andei distante, mas eu tenho medo, porque notei que a gente não está tão próximo como antes e eu fico péssimo por isso.

— Eu sei, mas eu também fico muito tempo no Augusto, então tenho uma parcela de culpa nisso. — Riu.

— Mas olha, não quero que fique chateado comigo. Tá bom? — Gregório olhou para o irmão, sorrindo carinhosamente. — E sobre seu novo trabalho, eu queria te falar para tomar muito cuidado com essas agências... Já vi muitas desonestas por aí e por isso fiquei preocupado.

— Mas as agências são suas concorrentes, então eu sei que você não vai ser o maior fã delas! — Guilherme brincou, roubando uma risada discreta do meu irmão.

— Sim, você tem razão. Mas já vi alguns influencers jovens como você serem prejudicados por contratos unilaterais extremamente onerosos. — Gregório reafirmou, seriamente.

— Meu Deus, não entendo quase nada desse seu jargão de homem de negócios! — Riu com ele. — Mas pode deixar, vou tomar cuidado sim... Na verdade, eu já ia falar com você. Você acha mesmo que eu fecharia um negócio sem entregar o contrato pra você dar uma olhada? Eu sei que você não é advogado, mas mexe com essas coisas todos os dias, entende essa linguagem jurídica bem melhor que eu...

— Eu vou ficar feliz em avaliar. — Gregório sentiu seu coração aquecer, feliz por estar errado, no fim das contas, o irmão não só queria seus conselhos, como também sua ajuda para decidir.

— Eu só falei logo pra mamãe e o papai porque eles vão viajar e eu tava feliz demais por terem se interessado em mim, então quis compartilhar com todo mundo. — Guilherme bebeu, voltando a dizer.

— Entendi... — O gerente admirou o irmão, ainda surpreso com tudo aquilo e feliz por sentir que ele ainda o amava. — Mas sobre a gente... Bem que eu gostaria de conversar mais com você, faz falta.

— Pois é, a gente precisava tirar um tempo pra colocar os assuntos em dia... — Guilherme sugeriu.

— Então a partir de agora, nós vamos. — Fez uma pausa, olhando para o conteúdo de sua taça, ainda pensando em como falaria do namoro.

— Mas então, qual era a outra coisa que você queria comemorar? — Guilherme inquiriu, como se lesse sua mente.

— Eu estou saindo com alguém. Não só saindo, como é bem sério, para falar a verdade. — Deu o primeiro gole no vinho.

— Jura?! — Arregalou os olhos. — E faz quanto tempo?

— Eu já o conhecia e sabia que ele gostava de mim também, mas nunca aconteceu nada por causa do Otávio, mas agora... Já tem uma semana que estamos nos encontrando.

— E como assim você não me disse nada antes?!

— É que foi uma situação um tanto quanto inusitada, eu sei que você vai achar precipitado talvez, mas... — Riu consigo mesmo, bebendo mais um pouco de vinho. — É o Francisco.

— Eu sabia!

— Com tanta convicção assim? — Gregório indagou, agora era ele que estava surpreso.

— Eu pressenti. — Disfarçou.

— Saiba que o seu plano ardiloso de querer me levar na casa dele, deu certo. — Brincou com o irmão, vendo a felicidade dele transbordar.

— Eu nem acredito! Você nem faz ideia do quanto eu torci pra isso! — Guilherme estava animado, exibindo um sorriso arteiro. — Mas agora eu quero detalhes!

— Nesses últimos dias, eu me interessei muito pela pessoa que o Francisco é. E eu decidi dar uma chance para o que a gente já estava vivendo ficar mais sério. Então eu o pedi em namoro.

— É o quê?! — Ergueu uma das sobrancelhas.

— Foi por isso que eu disse que você provavelmente acharia precipitado. Inclusive, isso aconteceu hoje mesmo, então ainda não completamos nem vinte e quatro horas de namoro. — Riu baixinho, tomando mais um gole da bebida.

— Eu não estou acreditando nisso, você só pode estar tirando uma com a minha cara!

— Não estou, é sério! — Gregório riu da expressão do irmão, sem saber se ele achar um absurdo era algo bom ou ruim.

— E o Augusto não faz ideia disso! — Exclamou. — Como assim?!

— Eu e o Francisco decidimos guardar um pouco esse segredo, porque o que ninguém sabe, ninguém pode destruir.

— Mas eu vou ter que guardar segredo também?

— Não precisa, se não quiser.

— Eu posso contar para o Guto?! — O mais novo perguntou, ansioso.

— Claro que pode, se o Francisco já não fez isso. — Riu com a afobação do caçula.

— Eu vou fazer isso agora! — Levantou-se correndo

Guilherme pegou seu celular, indo para a sala enquanto fazia a ligação, de repente soltando um grito alto, parecendo pirar juntamente com a pessoa que ele estava ligando. Gregório riu, ainda da cozinha, ouvindo o irmão enlouquecer no telefonema. Aproveitou a deixa para também tirar seu celular do bolso, enviando uma mensagem ao estagiário com o seguinte texto:

"Eu contei, não tem mais volta."

Era curto e objetivo, ele não demoraria a entender do que se tratava.

•••

Segunda-feira, dezessete de abril.

Francisco ainda não acreditava que Gregório, além de ter lhe pedido em namoro, também tinha contado ao irmão. Sendo assim, seria questão de dias para que os parentes do gerente também soubessem, sentindo um calafrio ao imaginar isso, era difícil acreditar que estavam em um relacionamento sério e o que tornava mais real, era o fato de que iriam juntos ao aniversário da amiga de Greg, aquilo era realmente um namoro.

A conclusão era de que o fim de semana que mudaria completamente a sua vida, estava próximo, nem conseguia mensurar o nervosismo que sentia, as borboletas em seu estômago não o deixavam descansar.

A faculdade, que antes era a sua prioridade, agora infelizmente estava em segundo plano, tinha conteúdo demais em sua mente para processar. Mal aguentava a responsabilidade do cargo trainee que desempenhava, pois tinha uma preocupação constante de dar conta de tudo e, agora, aquele relacionamento com o homem dos sonhos o deixava ainda mais receoso.

Mas mesmo preocupado, não significava que não estava feliz, não tinha como negar que mesmo sendo pouco tempo para que aquela decisão tão séria fosse tomada por Gregório, entendia que o gerente se sentia mais confortável assumindo um relacionamento. Só não conseguia compreender o que alguém como Greg havia enxergado nele.

Todo o seu trabalho foi desestabilizado quando o gerente saiu de sua sala, indo conferir a equipe, indagando a todos se precisavam de ajuda naquele novo projeto que havia enviado por e-mail. Ele passou próximo de sua mesa e o rodeou, deixando discretamente um papel dobrado sobre sua escrivaninha.

Assim que Gregório se afastou de sua mesa, Olívia que os olhava ao longe, surgiu com alguns papéis em mãos, pedindo uma mãozinha, queria que Francisco a ajudasse a conferir se seu relatório estava sem erros antes de enviar. E enquanto o estagiário lia, ela pegou o bilhete deixado pelo superior na mesa do rapaz e cautelosamente o leu, matando sua curiosidade ao ver que era um convite para almoçar.

Ela abriu um sorriso satisfeito e ao terminar de receber a ajuda dele, deixou o papel no mesmo local sem que ele visse e saiu dali pensativa.

•••

— Eu estava com vontade de comer um lanche hoje, não sei se eles servem refeições por aqui, tem problema? — O gerente indagou a Francisco, estacionando o carro em frente à lanchonete gourmet do bairro da empresa.

— Nenhum, já estou até mesmo paquerando aquele lanche que estava ali no cartaz. — O rapaz riu, animado.

Enquanto caminhavam até a entrada, Gregório mudou de assunto, chamando a atenção dele:

— Eu estava aqui pensando... A gente precisava escolher um apelido de casal depois.

— Ah, é? — Foi tudo que Francisco conseguiu dizer, visto que seu coração quase havia pulado para fora do corpo com aquela declaração fofa de carinho.

— Eu gosto de te chamar de Chico, sabe? — Sorriu carinhosamente. — Mas não sei, queria saber se você gosta ou não dessas coisas.

— Eu gosto, principalmente se vier de você... — Encarou a expressão doce de Gregório. — Só não gosto muito que me chamem de Chico Bento, como na infância.

— Ah, mas e se for Bentinho? Bentinho é legal, não acha? Como em Dom Casmurro. Já leu?

— Se eu for ser o Bentinho, então você será a Capitu... Bem que eu sempre achei que você tivesse olhos de cigana oblíqua e dissimulada. — Francisco brincou, forçando uma voz cínica baixinha.

— Fui eu que comecei, então vou levar isso como um elogio. — Gregório riu com ele. — Ok. Você é o meu Bentinho e eu sou a sua Capitu.

— Eu adorei isso, pra ser sincero. Só espero que não tenha nenhum Escobar na jogada. — O estagiário exibiu uma expressão brincalhona, fazendo-o rir mais uma vez.

Em meio às brincadeiras e risadas, trocaram um olhar sugestivo, não davam sinais em público de que eram um casal, mas caso olhassem para eles e soubessem ler as entrelinhas, facilmente sentiriam a química que emanava dos dois.

Gostavam de apreciar a vista, portanto escolheram uma mesa próxima à janela, assim como de costume, onde não só tinham vista para o que acontecia lá fora, como também qualquer um que passasse por ali, poderia vê-los.

Otávio estava bem longe dali, completamente pleno, pois ao mesmo tempo que não os enxergava, era onisciente. Obtinha as suas informações da maneira mais discreta e confiável possível. O detetive que havia contratado era sutil e objetivo, além de rápido. Naquela mesma tarde, já recebia por e-mail as fotografias tiradas, com informações adicionais, como o horário que entraram na lanchonete e quanto tempo ficaram.

Otávio agradeceu o homem, do qual pagava o dinheiro mais bem gasto de sua vida, voltando a olhar fixamente para as fotos recém-recebidas. Que aqueles dois não combinavam, já sabia. E mesmo não querendo ter que ver seu Gregório com outro homem, precisava, pois por mais que o gerente estivesse realmente interessado naquele mero estagiário, queria vê-los afastados e seria capaz de tudo para aquilo.

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