Workaholic

Av OkayAutora

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Gregório é um executivo de notável sucesso financeiro atribuído a trabalho duro. Não apenas duro, como também... Mer

Capítulo 1 - Coincidência.
Capítulo 2 - Prioridades.
Capítulo 3 - Trato.
Capítulo 4 - Prosas.
Capítulo 5 - Esconderijo.
Capítulo 6 - Agindo.
Capítulo 7 - Gatilho.
Capítulo 8 - Compromisso.
Capítulo 9 - Ilusão.
Capítulo 10 - Desiludindo.
Capítulo 11 - Vulnerável.
Capítulo 12 - Vomitando.
Capítulo 13 - Neura.
Capítulo 14 - Solucionando.
Capítulo 15 - Descobrindo.
Capítulo 16 - Castigo.
Capítulo 17 - Coragem.
Capítulo 18 - Saída.
Capítulo 19 - Dor.
Capítulo 20 - Ordem.
Capítulo 21 - Intenção.
Capítulo 22 - Surpresa.
Capítulo 24 - Cinco Sentidos.
Capítulo 25 - Manhã.
Capítulo 26 - Retorno.
Capítulo 27 - Versões.
Capítulo 28 - Alívio.
Capítulo 29 - Onisciente
Capítulo 30 - Experiência.
Capítulo 31 - Excitação.
Capítulo 32 - Divulgando.
Capítulo 33 - Proposta.
Capítulo 34 - Expressão.
Capítulo 35 - Revista.
Capítulo 36 - Resposta.
Capítulo 37 - Arrependimento.
Capítulo 38 - Paralisado.
Capítulo 39 - Percebendo.
Capítulo 40 - Choque.
Capítulo 41 - Afronta.
Capítulo 42 - Procura.
Capítulo 43 - Sozinho.
Capítulo 44 - Perdão.
Capítulo 45 - Arbítrio.
Capítulo 46 - Proximidade.
Capítulo 47 - Realidade.
Capítulo 48 - Caminhos.
Capítulo 49 - Estrutura.
Epílogo.

Capítulo 23 - Noite.

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Av OkayAutora

Capítulo 23 — Noite.

Era como se naquele momento, o comportamento estranho do melhor amigo fizesse sentido. O estagiário, assim como Greg, era apenas mais uma vítima daquele jogo que Augusto e Guilherme haviam preparado meticulosamente durante a semana inteira em segredo.

Francisco recebeu-os animadamente tentando não transparecer demais a emoção que sentia em ter o gerente ali, não podia negar que era um tanto quanto constrangedor, mas a vergonha nem se comparava com o quão feliz estava.

— Podem se sentar, fiquem à vontade, sério mesmo. — O estagiário afirmou, ainda envergonhado. — Eu vou pegar alguma coisa pra vocês beberem.

Foi à cozinha com pressa, Francisco apoiou-se na mesa e respirou fundo, ainda não acreditando. O melhor amigo chegou logo em seguida, indo até lá com intuito de ajudá-lo, no entanto, aproveitou a ocasião que estavam longe da sala para dizer:

— Nós te pegamos de surpresa, né?

— Eu não acredito que vocês dois fizeram isso... — O estagiário falou, fechando a cara. — Eu adoro vocês.

— Por um momento eu achei que você diria justamente o contrário. — Augusto riu.

— Como assim? O Gregório tá na minha sala... Eu ainda não tô acreditando nisso. — Francisco falou em voz baixa, encarando o amigo.

— Bom, nós o trouxemos e agora você faz a sua parte. — O amigo brincou, abrindo um dos armários, pegando uma bandeja. — Vai, vamos levar umas coisas lá pra sala, se a gente demorar muito aqui, ele vai desconfiar.

Augusto carregava os petiscos e os copos, enquanto Francisco, logo atrás, caminhava com as opções de bebidas. O anfitrião serviu cada um dos convidados com o que preferiam beber, antes de sentar-se ao lado de quem menos falava ali.

Guilherme e Augusto estavam juntos no sofá menor, ambos tomando cerveja, enquanto Gregório tomava o suco de laranja, sentado no sofá de três lugares com Francisco, cada um em uma ponta.

O gerente dizia pouca coisa, somente respondendo o necessário do que lhe perguntavam. Seu entrosamento com os outros aumentou de forma natural, conforme todos discutiam sobre qual filme assistiriam, chegando em um consenso.

Com a luz desligada e o som alto, eles mal conversaram, onde o filme de suspense prendia a atenção de todos. Os que mais interagiam entre si, era Guilherme e Augusto, que ocasionalmente tiravam alguns segundos para roubarem beijos um do outro.

Gregório não parecia completamente desconfortável naquele ambiente novo, na verdade se sentia bem, a casa de Francisco era descontraída e a maneira que ele tratava todo mundo fazia com que se sentisse mais do que bem-vindo.

O filme durou aproximadamente duas horas e meia, nenhum dos três sequer se levantaram para ir ao banheiro, estavam mais do que envolvidos quando o final chegou, revelando um desfecho que não esperavam.

— Eu preciso muito ver a continuação. — O estagiário falou, ainda surpreendido com o filme, pegando sua bebida para dar mais um gole. — Vocês querem ver agora?

— Talvez outro dia, a gente já vai indo. — Augusto levantou-se junto a Guilherme do sofá.

— Vocês já vão? — Francisco indagou, levantando-se também.

— Eu tô cansado e o Gui não tá se aguentando de sono também. — Respondeu.

— Mas ainda tá cedo...

— Eu acordei às sete hoje. — Guilherme respondeu. — Não tô acostumado a acordar tão cedo e eu tô podre.

— E eu não vou aguentar assistir outro filme sem dormir. — Augusto riu.

— Outro dia nós combinamos, ou assistam vocês dois e nos contem se a continuação valeu a pena. — Guilherme informou, beijando o rosto do irmão para despedir-se.

— Boa noite, gente. — Augusto também se despediu, indo para a entrada da casa. — Fran, abre o portão pra gente?

Francisco viu que Gregório permanecia sentado no sofá, ele tinha acenado para o casal e agora voltava a olhar para o próprio celular. O estagiário sentiu seu coração inquietar-se dentro do seu peito ao perceber que Greg não demonstrava que queria ir embora, então tentou se conter enquanto saía da sala e caminhava com os amigos à frente da casa, destrancando a grade e vendo os dois irem para a calçada.

— Amanhã vai lá em casa pra almoçar. — Augusto sugeriu, abraçando a cintura do namorado.

— Eu vou pousar no Guto, então vou estar aqui e vou querer saber de tudo depois. — Guilherme deu uma piscadela, se referindo ao seu irmão que ainda estava dentro da casa.

— Vocês não valem nada. — Francisco abriu um sorriso tímido.

— Vai, vai lá aproveitar o seu date, não esquece de agradecer a gente depois. — Augusto riu maliciosamente. — Até amanhã.

— Até!

Francisco viu o casal seguindo para a casa ao lado e assim fechou seu portão, voltando para dentro. Começando a sentir seu corpo todo estremecer, precisava tomar coragem para conversar com Gregório.

— Eu espero que você não queira ir só por eles terem ido. — Francisco sorriu envergonhado, se aproximando vagarosamente de onde ele estava.

— Não quero, a não ser que eu esteja atrapalhando. Se você quiser, eu vou embora. — O gerente afirmou, convicto.

— Não, por favor! — O estagiário colocou-se ao seu lado no sofá, dessa vez ficando mais próximo. — Eu gostei da sua visita... Não sabia que você vinha, fiquei feliz.

— No começo, eles tentaram não me dizer onde iam me levar, mas eu meio que adivinhei, já sabia qual era a deles quando o Gui ficou meio esquisito. — Gregório respondeu, intrigando-o.

— Como assim? — Francisco indagou, encarando-o com o cenho franzido.

— Eles deram umas desculpas esfarrapadas, coisas como eu ter que sair um pouco de casa ou sei lá. E eu só colaborei fingindo que acreditava. — Riu baixinho, surpreendendo o estagiário pela informação. — No fundo, as intenções deles também são as mesmas que as minhas.

Francisco demorou alguns segundos para internalizar aquela última frase, tentando não tirar conclusões precipitadas, reunindo coragem para perguntar:

— E quais são essas intenções?

— Me aproximar de você. — O gerente entregou.

— A-Ah, mas... — Francisco engoliu em seco, não queria perder aquela oportunidade, mas tinha medo de arruinar tudo. — Se aproximar de que forma?

— Eu disse pra você que a gente precisava conversar, não disse? Eu sei o que você sente e eu também sei que você é uma ótima pessoa, que sempre me anima quando está por perto e... — Gregório procurou as melhores palavras que conseguia para explicar o que precisava. — Então sobre qual maneira eu quero me aproximar de você, Francisco, ainda não é nada concreto, mas eu estou aqui. Disposto a qualquer uma delas.

As palavras de Gregório acertaram precisamente o peito do estagiário, que não pôde deixar de sorrir com aquilo, com o coração aos pulos, ainda esforçando-se para não demonstrar o seu nervosismo.

— Você quer beber alguma outra coisa? Tô pensando em fazer algo pra gente. — Francisco quis mudar de assunto. — Não tenho o suficiente pra fazer uma margarita da vida, mas posso te oferecer uma caipirinha pelo menos.

— Não é necessário.

— Tem certeza? Você só bebeu suco.

— Eu estou bem, sério. — O gerente sorriu.

— Então você... — Francisco quase gaguejou. — Quer assistir à continuação do filme comigo?

— Quero sim. — Gregório se deliciou ao vê-lo tão atrapalhado, tímido por estar ao seu lado, continuando a admirá-lo.

O estagiário pegou o controle e enquanto selecionava o filme, percebeu os olhares de Gregório sobre si. Não sabia o que aquilo queria dizer, mas esperava que continuasse assim, estava adorando ter a companhia dele ali.

— Greg. — Parou tudo o que fazia, virando-se para ele.

— Oi?

— Eu queria te falar uma coisa... — Francisco ajeitou-se no sofá, parecendo pensar antes de falar. — Eu não sei nem como começar.

— Sem pressa. — Gregório percebeu que ele parecia ainda mais nervoso que antes. — Assumo que eu fico com um pouco de medo do que você possa responder...

— Medo? Por quê?

— É inevitável, você aparece aqui do nada, todo bonito desse jeito, falando com essa sua voz mansa que ganha qualquer um. Não tem como eu não me sentir inseguro... E eu fico, ah... Eu sei que eu não vou ter uma chance, mas eu fico receoso, não quero ser rejeitado...

— Não, não fica assim. — Gregório afirmou sorrindo, vendo o nervosismo evidente nele.

— Antes de qualquer coisa, saiba que eu te admiro muito e mesmo que eu tenha pisado na bola com você, que eu entendo completamente qualquer coisa que você tenha para me dizer caso não queira ficar comigo e... E... Me desculpa, eu não sei mais o que falar, eu acho que eu tô falando besteira já.

Francisco paralisou, jogando a cabeça para trás no sofá e fechando seus olhos com força, para conter a vergonha e, para não se perder mais uma vez no esverdeado caramelo daqueles olhos que não conseguia encarar sem embasbacar-se. Com isso, ouviu uma risada baixa, que não soava como um deboche, pelo contrário.

Por mais que estivesse com medo de qual expressão encontraria nele, deixou o receio de lado ao sentir o polegar de Gregório subir pela sua bochecha. Automaticamente seus lábios formaram um sorriso e reuniu coragem para abrir os olhos, encontrando a expressão mais adorável que poderia ter imaginado.

O estagiário apoiou sua mão delicadamente sobre a dele, levantando a cabeça que antes estava apoiada no sofá, mantendo o contato quente dele em seu rosto, suspirando, aquilo já bastava para que ficasse contente pelo restante do ano.

Ele havia conseguido roubar as palavras de Francisco e não se contentaria com apenas aquele silêncio. Gregório se dividia entre olhar para os olhos apaixonados à sua frente e a boca que tanto pensava em tomar para si.

Os dedos do gerente escorregaram para a nuca, onde ali pousaram, enquanto a mão de Francisco desceu, apertando o tecido do sofá, já não sabia como seu coração aguentava aqueles trancos, principalmente quando seus corpos automaticamente ficavam mais e mais próximos.

O estagiário permanecia imóvel, com medo de que qualquer mínima respiração pudesse fazer com que ele mudasse de ideia ou que simplesmente pudesse colocar tudo a perder. Continuava a encará-lo como se pedisse piedade, com os lábios entreabertos e olhos ainda mais brilhantes.

O movimento das pálpebras de Gregório fechando-se se passou em câmera lenta na mente de Francisco, que copiou o gesto, entregando-se quando seu rosto foi pressionado contra o dele, sentindo o toque firme em sua nuca.

Ambos tentaram sincronizar seus lábios nos primeiros segundos do beijo, pegando o ritmo de cada um com mais facilidade do que poderiam ter imaginado. Aquele beijo era decisivo, precisavam saber se tinham química e aquele momento foi a resposta positiva que buscavam.

Seus corações batiam como loucos, juntos e ao mesmo tempo, descompassados. Não precisavam ditar o que queriam, pois cada um deixava bem claro o que pretendiam com os movimentos. Cada vez que seus lábios se esbarravam e deslizavam um sobre o outro, os arrepios os deixavam ainda mais próximos.

E por mais que Gregório tivesse dado a iniciativa, Francisco decidiu arriscar e aproveitar para se aprofundar nos lábios entreabertos dele, já tendo esperado o suficiente. Um sorriso desajeitado em meio ao beijo tomou conta de si ao sentir sua língua ser sugada por Greg, mal acreditando quando o gesto foi retribuído, sentindo-o lhe explorar, saboreando o gosto dele.

Agora sim parecia real, só naquele momento Francisco percebia aquilo. Ainda tinha uma boa chance de estar dormindo, mas se estivesse, apenas gostaria de levar um beliscão, caso viesse de Gregório.

Se afastaram poucos centímetros, suspirando e colando suas testas. Se dependesse apenas do desejo que sentiam, poderiam ainda ter continuado, mas precisavam daquele momento, precisavam saber o que cada um estava sentindo.

— Greg... — Sussurrou.

— Fala. — O gerente pediu, arrastando os lábios sobre os dele, sem conseguir se afastar.

— Fica aqui comigo. — Tocou suas costas, fechando os olhos.

— Eu já estou aqui. — Sorriu, tocando mais uma vez sua bochecha.

— Não... — Francisco abriu os olhos. — Eu não quero que vá embora.

— Não pensa nisso agora. — Puxou-lhe para um beijo rápido, enroscando seus dedos nos fios encaracolados dele.

O estagiário entregou-se mais uma vez, não podendo negar que aquele segundo beijo ardia de uma forma diferente que o primeiro, seu corpo estremecia e vibrava. Em seu peito, uma sensação tão forte o dominava, que pensava que iria enfartar, aquele sentimento todo guardado e que agora libertava, chegava a doer.

— O que foi? — Gregório indagou, percebendo que ele interrompia o beijo mais uma vez, exibindo uma expressão abatida.

— Eu sou ansioso, você já deve ter percebido. — Francisco expôs. — E agora descobri que sou cardíaco também...

— Bobo. — Riu, em seguida mordendo suavemente o próprio lábio. — Você deve achar que só você está nervoso agora.

— Você sempre tá pleno, nunca esboça nada. — O estagiário ergueu os ombros, com ele rindo mais uma vez.

— Não é bem assim. — Aproximou-se mais, pousando ambas as mãos aos ombros dele. — Eu fiquei receoso, pensei que você não me aceitaria depois de eu ter dito aquilo na semana passada.

— Eu sou mais persistente que uma barata, fica tranquilo, não pensa que eu vou desistir de você tão fácil. — Francisco riu, vendo que ele subia ambas as mãos para o seu rosto.

— Não desiste não. — Pediu, tocando suas bochechas.

— Tudo bem, mas foi você que pediu, hein? Não adianta reclamar depois. — Brincou, vendo-o rir baixinho, roubando-lhe outro beijo rápido.

— Vem cá. — O gerente puxou-lhe para um abraço.

Francisco envolveu-o e fungou daquele perfume que tanto desejou sentir mais de perto, arrepiando-se ao sentir que ele também fazia o mesmo. Percebeu que Gregório não tinha pressa em soltá-lo, aproveitando cada segundo a mais dentro daqueles braços.

Sorrindo como um bobo, o estagiário soltou-o aos poucos e ajeitou-se no sofá em uma posição confortável para assistir o filme que até então estava pausado. Deixou os chinelos ao chão e esticou as pernas no sofá, botando uma almofada entre suas coxas, antes de convidar o gerente para se deitar em seu peito.

Gregório não negou, sendo envolvido pelas costas, ficando entre suas pernas e repousando a cabeça em seu tórax. Francisco, mesmo que tentasse, não conseguiria tirar o sorriso do rosto, esforçando-se para não o abraçar forte demais, era tanta felicidade que não queria assustá-lo.

Dali em diante não disseram muita coisa, nem mesmo do filme. Gregório podia não tirar os olhos da tela, mas sua atenção estava voltada aos batimentos que ouvia, eram tão acelerados que não tinha como ignorar.

Não tinha mais dúvidas que os sentimentos do estagiário por si eram mais do que verdadeiros, no entanto, não tinha como não se sentir mal em pensar que mesmo que estivesse gostando daquele momento, provavelmente o que sentia não chegava nem perto ao que Francisco carregava em seu peito.

O gerente ajeitou-se melhor no sofá, deitando-se um pouco mais, ainda sem sair de dentro dos braços dele. Em seguida, sentiu afagos em seus cabelos, abrindo um sorriso com a maneira que os dedos dele brincavam com seus fios curtos.

Por não ouvir reclamações, o estagiário continuou, podendo mais uma vez abrir um sorriso enorme, sentindo-se bem com aquilo. Por mais que quisesse explicações dos motivos dos quais haviam levado Greg a tomar todas essas iniciativas, também não queria quebrar aquele clima para perguntar.

Francisco assistia à TV, mas prestava atenção somente no mínimo para apenas compreender o enredo, já que a cada mínimo movimento que Gregório dava, parava para olhar para ele, onde derretia-se a cada vez que o via tão confortável em seus braços.

Perto da metade do filme, sentiu sede e indagou ao gerente se ele queria algo para beber ou comer. Gregório recusou, porém, aproveitou a ocasião para ir ao banheiro, indagando-o com educação sobre onde era.

Francisco apontou a direção e assim pausou o filme, aproveitando aquele intervalo para pegar algo para beberem. Recordou-se de uma garrafa de vinho ainda lacrada dentro da geladeira, abrindo-a no instante em que a encontrou.

Já servia duas taças quando o gerente apareceu, encostando-se na parede da cozinha, sorrindo.

— Não vale recusar. — Francisco andou até ele, lhe entregando uma das taças. — Não é francês e nem de marca cara, mas eu espero que goste.

— Eu adoro vinho, mas também não me importo com a marca. — Tomou um gole.

— Quer comer alguma coisa?

— Não precisa se preocupar, eu jantei antes de vir.

— Você é sempre educado assim ou é só comigo? — Brincou, caminhando com ele de volta ao sofá.

— Eu já estou acostumado a me preparar antes de sair de casa, eu sou um pouco desastrado, inclusive estou com medo de manchar seu sofá. — O gerente deu outro gole no vinho, deixando a taça sobre a mesa de centro da sala.

— Não precisa se preocupar, vira e mexe eu derrubo as coisas no estofado e aí limpo tudo com uma mistura de produtos que eu faço. — Cruzou as pernas, ainda com sua taça em mãos. — Mas vem cá. Você? Desastrado? Não consigo imaginar isso... Não mesmo, até a forma que você se senta é elegante.

— Você reparou a forma com que eu me sento? — Gregório indagou, em tom brincalhão.

— A-Ah... Então, o meu vinho acabou, que pena, vou pegar mais. — Virou a taça rapidamente, bebendo com pressa, fazendo-o rir alto. — Você vai querer?

— Eu aceito sim. — Respondeu, em meio a risos.

— Eu vou trazer a garrafa pra cá.

— Espera um pouco, você tá com bigode de vinho, deixa eu dar um jeito nisso. — O gerente tocou em seu braço, trazendo-o para perto.

Francisco pensava que já havia sido presenteado o suficiente para apenas uma noite. E mesmo que tivesse se passado em sua mente que ele não se aproximaria novamente, estava enganado, pois derretia-se mais uma vez com o toque dele.

Gregório molhou o polegar na própria saliva, escorregando-o na região manchada pelo vinho, lambendo o dedo em seguida. Percebia o olhar apaixonado do estagiário, não aguentando ver aqueles olhos brilhantes sem sentir seu coração querendo lhe dizer algo.

— Pronto, tá perfeito de novo.

— Tem certeza de que limpou direito? — Riu, aproximando sugestivamente seu rosto do dele.

— É... Eu acho que faltou uma parte. — Afirmou, tocando sua nuca e atraindo aqueles lábios para si.

Ambos sentiam os arrepios surgindo e buscavam mais daqueles calafrios gostosos, encontrando aquela sensação um na boca do outro. Os dedos de Gregório passeavam pelos cabelos encaracolados enquanto sentia sua língua ser sugada por ele.

Não sentiam qualquer remorso do que estavam fazendo, aproveitando aquele beijo que foi um pouco mais rápido que os anteriores, mas o suficiente para desestruturar mais uma vez o psicológico de ambos. Gregório abaixou seus dedos e agora largava a nuca dele aos poucos, enquanto Francisco deixava beijos estalados e curtos antes de afastar-se, com dificuldade.

— Eu vou buscar a garrafa... Isso é, se as minhas pernas bambas deixarem. — Brincou, deleitando-se mais uma vez com o riso dele.

Francisco levantou-se, indo à cozinha com pressa, parando para respirar fundo ao chegar. Apoiou ambas as mãos sobre a mesa e encarou-a, ainda incrédulo com o que estava acontecendo.

— Jesus Cristo amado, Santo e Eterno poderoso, tem piedade de mim, ó Pai, livrai-me das tentações, não posso pensar em saliências agora, meu Deus. — Francisco sussurrou para si mesmo, olhando para baixo, vendo o volume em sua calça. — Droga.

Tomou a garrafa em mãos e seguiu para a sala, que por sorte ainda estava escura. Sentou-se e puxou a barra de sua camiseta para disfarçar o conteúdo chamativo em sua calça, esticando o braço em seguida para pegar a taça de Gregório da mesa.

— Quanto você quer? — Indagou, servindo-o. — Assim tá bom?

— Tá ótimo, não posso beber muito. — Respondeu, recebendo a taça em seguida. — Na verdade, eu vim com o meu carro, nem deveria estar bebendo.

— É triste ouvir isso. — Abriu um sorriso torto. — Se não se importasse, nós poderíamos encher a cara sem se preocupar com nada enquanto a gente vê alguma série. Sei lá.

— Eu bem que gostaria, mas não costumo mesmo beber antes de dirigir. Hoje abri uma exceção, então tenho que tomar o dobro do cuidado. — Riu baixinho.

— Sabe? Você poderia ficar, eu tenho um quarto de hóspedes, bem, não é tão organizado, mas tem cama sobrando e se quisesse, você poderia passar a noite aqui, ou até mesmo... — Interrompeu o que falava, quando estava prestes a estragar tudo.

— Até mesmo o quê?

— Nada, eu já ia falar bobagem. — O estagiário abriu um sorriso envergonhado.

— Pode falar.

— Não, deixa quieto, é melhor não.

— Por favor, eu insisto. — Gregório pediu. — Tô curioso.

— Promete que não vai me odiar?

— Para de se preocupar tanto, fala logo. — O gerente insistiu.

— Eu sei que é loucura minha, mas não leva para o lado mal... — Mordeu o lábio inferior, receoso. — Eu ia falar que qualquer coisa você poderia dormir comigo, quer dizer, só na mesma cama, se você quisesse ficar do meu lado, é claro. Eu sei pode ser meio estranho, porque a gente só se beijou e que a gente nem tem tanta intimidade assim e... Meu Deus, eu devia calar a boca.

O gerente abriu um sorriso singelo ao vê-lo se atrapalhar tanto, deixando sua taça de lado antes de buscar o rosto dele novamente, trazendo-o para perto, pressionando seus lábios com força, como se quisesse despertá-lo, rindo com a expressão surpresa dele, assim dizendo:

— Sabe, Francisco? Eu vou adorar passar a noite na mesma cama que você.

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~FINALIZADA~ "𝐍𝐚̃𝐨 𝐢𝐦𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚 𝐀𝐨𝐧𝐝𝐞 𝐞𝐮 𝐯𝐚́, 𝐦𝐞𝐮𝐬 𝐩𝐞𝐧𝐬𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐫𝐚̃𝐨 𝐞𝐦 𝐯𝐨𝐜𝐞̄" ~𝑷𝒆𝒕𝒆 "�...