Workaholic

By OkayAutora

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Gregório é um executivo de notável sucesso financeiro atribuído a trabalho duro. Não apenas duro, como também... More

Capítulo 1 - Coincidência.
Capítulo 2 - Prioridades.
Capítulo 3 - Trato.
Capítulo 4 - Prosas.
Capítulo 5 - Esconderijo.
Capítulo 6 - Agindo.
Capítulo 7 - Gatilho.
Capítulo 8 - Compromisso.
Capítulo 9 - Ilusão.
Capítulo 10 - Desiludindo.
Capítulo 11 - Vulnerável.
Capítulo 12 - Vomitando.
Capítulo 13 - Neura.
Capítulo 14 - Solucionando.
Capítulo 15 - Descobrindo.
Capítulo 16 - Castigo.
Capítulo 17 - Coragem.
Capítulo 18 - Saída.
Capítulo 19 - Dor.
Capítulo 20 - Ordem.
Capítulo 21 - Intenção.
Capítulo 23 - Noite.
Capítulo 24 - Cinco Sentidos.
Capítulo 25 - Manhã.
Capítulo 26 - Retorno.
Capítulo 27 - Versões.
Capítulo 28 - Alívio.
Capítulo 29 - Onisciente
Capítulo 30 - Experiência.
Capítulo 31 - Excitação.
Capítulo 32 - Divulgando.
Capítulo 33 - Proposta.
Capítulo 34 - Expressão.
Capítulo 35 - Revista.
Capítulo 36 - Resposta.
Capítulo 37 - Arrependimento.
Capítulo 38 - Paralisado.
Capítulo 39 - Percebendo.
Capítulo 40 - Choque.
Capítulo 41 - Afronta.
Capítulo 42 - Procura.
Capítulo 43 - Sozinho.
Capítulo 44 - Perdão.
Capítulo 45 - Arbítrio.
Capítulo 46 - Proximidade.
Capítulo 47 - Realidade.
Capítulo 48 - Caminhos.
Capítulo 49 - Estrutura.
Epílogo.

Capítulo 22 - Surpresa.

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By OkayAutora

Capítulo 22 — Surpresa.

— Desculpe, não queria te acordar. — Dante falou ao filho e ao ver que ele tinha arregalado os olhos, quis saber. — Te assustei?

— Pai?! — Gregório apoiou os cotovelos na cama, acalmando-se. — O que você tá fazendo aqui?

— Eu só queria ver como você estava, seu rosto tá um pouco melhor... — Observou. — Sua mãe também veio, tá lá tomando café com o Gui. Quer ir pra lá? Se quiser posso trazer algo pra você comer, também.

— Não, não precisa. — Falou, ainda tentando normalizar sua respiração.

— Eu sei que eu não devia ter aparecido assim do nada, mas eu queria mesmo te ver... Como você tá?

— Eu tô bem.

— É sério, Gregório? — Dante ironizou. — Por favor, uma hora ou outra você vai ter que me falar o que aconteceu.

— Sei que você e a mamãe apenas querem o meu bem, mas por enquanto eu estou tentando esquecer o que houve, então esse tipo de coisa não é muito agradável pra mim, se quer saber. — Se ajeitou sobre a cama, agora se sentando. — Posso pedir para que não toquem nesse assunto por um tempo? Tipo, para sempre?

— Você sabe que isso não é possível, Greg.

— Eu não quero falar, é sério. Eu sei que tenho idade pra resolver esse tipo de coisa sozinho... — Bufou. — Eu sinto muito, sei que vocês dois estão preocupados, mas eu não posso deixar que vocês assumam o controle da minha vida agora.

— Eu só gostaria de ter descoberto antes que não foi a primeira vez, Greg, foi isso que me machucou... Sua mãe também escondeu isso de mim, não acho justo, quero que confie em mim.

— Eu confio, pai. Só que é vergonhoso demais... E é doloroso.

— Eu nunca vou saber o que você passou na pele, filho, mas... também não quero que você se sinta culpado por algo que não é sua culpa. — Afirmou, cabisbaixo. — Eu queria muito poder te ajudar, mas sei que você já tem coisa demais na cabeça e que pelo menos, por enquanto, você quer um pouco de paz. Tô certo?

— Uhum. — Gregório sacudiu a cabeça afirmativamente, forçando um sorriso não muito convincente.

— Vem cá. — Dante abriu os braços. — Por mais que você possa não estar pronto pra isso agora, quero que saiba que eu estou aqui.

Gregório finalmente conseguiu abrir um sorriso genuíno, entrando em meio aos braços do pai, não demorando para receber beijos no topo de sua cabeça.

— Eu sei que você sabe se cuidar sozinho, mas eu sempre irei te proteger, independentemente da sua idade. — Falou, ainda com o filho em seus braços.

Dante sempre cumpria suas promessas, o filho sempre se sentia protegido com ele por perto. Gregório lembrava-se de que havia crescido e se tornado uma criança inteligente e corajosa por conta dele. Dante sempre o incentivou a dar o seu melhor em qualquer situação que fosse; da mais simples atividade, como dar nó sozinho nos cadarços à até mesmo tirar as rodinhas de sua bicicleta.

A visão era bem nítida em sua mente, Gregório lembrava-se do medo que havia sentido e da segurança que seu pai lhe passou quando o convenceu a andar na bicicleta pela primeira vez sem as rodinhas. Foi persuadido por ele, que corria ao seu lado, dizendo estar segurando-o pela garupa, até ter a sensação de deixá-lo para trás.

Dante parou de correr e viu o filho totalmente equilibrado, sabendo que ele se daria bem logo de início. E Gregório recordava-se de não sentir mais medo, pelo menos não até perceber o enorme desnivelamento da calçada, que fez com que caísse e ralasse todas as partes do corpo que não estavam protegidas pelos equipamentos de segurança.

Depois disso, só se lembrava de estar sendo acudido pelo pai, não se lembrava nem mesmo de chorar, mas sim de ver Dante sorrindo e o parabenizando pela coragem, que quedas aconteciam, mas que logo ficaria tudo bem. Foi levado para dentro de casa nos braços dele, que cuidou de seus ferimentos e deu um beijo sobre cada um dos curativos já postos.

Gregório, ainda em suas memórias, também se lembrava de que no mesmo dia, assim que passou pela porta, viu sua mãe aproximando-se preocupada, com Guilherme em seus braços, ainda bebê.

Era difícil conseguir segurar o sorriso pela lembrança, fazendo com que abraçasse o pai ainda mais apertado, começando a falar para ele das suas lembranças da infância gostosa que teve, onde com isso, passaram bons minutos conversando.

•••

Francisco nada fazia de muito importante quando ouviu a campainha tocar, se levantando e caminhando até a entrada da casa.

— Rafa? — O estagiário surpreendeu-se com a visita, ao abrir o portão.

— Me desculpa vir sem avisar, assumo que eu fiquei com um pouco de vergonha de vir assim do nada e com medo de você não estar em casa.

— Não tem surpresa melhor que essa. — Sorriu pra ele, dando espaço para ele. — Vem, entra.

— Então... Eu só queria te ver um pouco, nem preciso entrar.

— Que isso, por favor. — Convidou novamente. — Assim você conhece um pouco o meu cafofo.

— Eu não quero incomodar. — Rafael afirmou, seguindo-o para dentro da casa.

— Não repara a bagunça. — Francisco passou com ele pela sala de estar, indo à cozinha. — Achei que você estivesse na casa da sua vó. É hoje o aniversário da sua mãe, não é?

— É hoje sim. Eu acabei de voltar de lá, a festa foi de tarde e agora de noite minhas tias roubaram a minha mãe, elas queriam ir ao cinema e foram todas juntas.

— Eu fico feliz que tenha conseguido tirar um tempinho pra mim. — Francisco sorriu, dando um beijo demorado na bochecha de Rafael.

— Me desculpe se eu parecer meloso demais, mas é que eu estava sentindo a sua falta.

— Eu também senti. — O estagiário retribuiu o olhar envergonhado. — E então, você quer tomar um café? Suco? Cerveja? Um banho?

— Eu gostei da última opção. — Rafael deu uma risada alta.

— Você sabe que toda brincadeira tem um fundo de verdade, né? — Francisco esboçou sua típica expressão brincalhona.

— Sei disso. — O rapaz aproximou-se dele, tocando sua nuca, envolvendo sua boca em um beijo calmo.

O estagiário apressou-se em colar seus corpos, deslizando uma de suas mãos pelas costas de Rafael, sentindo vagarosamente o tecido de sua camiseta em seus dedos, tentando conter aquela pressa que já sentia há alguns dias.

Não queriam ir rápido demais, mas também não gostavam de esconder o que sentiam. E com aquele gesto de aparecer em sua casa no meio da noite, Rafael deixou claro de que estava mais do que pronto para o que tanto adiavam fazer.

•••

Dia seguinte, domingo.

Augusto ouviu insistentemente o interfone de sua casa tocar, mal havia conseguido abrir os olhos quando deixou sua cama extremamente sonolento. Olhou a hora em seu celular e praguejou, indo ver quem era.

— Espero que o motivo de você estar me acordando às sete da manhã seja muito bom. — Falou, ao dar de cara com o melhor amigo do lado de fora.

— Me desculpa, Guto. — Francisco passou pelo portão, caminhando com ele até a porta de entrada.

— Eu vou fazer um café pra gente... — Augusto bocejou, indo à cozinha.

— Então, é que o Rafa veio em casa ontem e... Bom, eu sei que ele tinha segundas intenções, não era nada que eu não queria, rolou beijo e ficamos nos provocando um pouco, mas a questão é que quando chegou a hora H, eu simplesmente não consegui ir pra cama com ele, você entende? — Francisco atropelou as palavras, ainda caminhando detrás dele.

— Epa! Epa! Espera um pouco aí, eu não estou raciocinando direito, acabei de acordar, me explica melhor. — Augusto virou-se para ele.

— A gente nunca dormiu junto, estávamos combinando ainda sabe? Queríamos que fosse em um momento especial e ele foi me fazer uma surpresa ontem, fiquei feliz demais em ver ele, mas depois de um tempo, eu não estava entrando no clima, só ele.

— Você não sente mais nada pelo Rafa, é isso?

— Não sei se é isso, porque eu o adoro, mas é que... — Bufou. — Aquele quase beijo com o Greg não me deixa pensar em mais nada. Eu dispensei o Rafa ao invés de convidar ele pra dormir comigo e nem senti remorso. Ao invés disso, só fiquei imaginando durante a madrugada inteira que se toda essa mesma situação acontecesse com o Greg, eu não hesitaria, inclusive teria um treco.

— Eu ouvi direito? — Guilherme surgiu na cozinha.

— A-Ah, oi Gui, eu não sabia que você estava aqui. — Francisco sentiu um arrepio percorrer o fundo de sua alma.

— Bom dia, Fran. — O rapaz aproximou-se deles, ainda de pijama. — Vem cá, me explica melhor essa história aí, você e o meu irmão se beijaram?

— Infelizmente não. — O estagiário aproveitou a situação constrangedora para rir dela. — Foi um quase beijo.

— O que aconteceu? — Guilherme indagou.

— Ah, é meio estranho te dizer isso, é o seu irmão. — Francisco mordeu o lábio, receoso.

— Não precisa ter vergonha, eu já sei dos seus sentimentos por ele, me diz o que aconteceu...

— É que eu não sei se você entenderia o tipo de amizade que eu tenho com ele.

— Eu entendo sim, o Guto me conta. — Guilherme puxou uma cadeira para se sentar. — Vai, desembucha que eu estou curioso.

— Achou que era só eu que te contava as fofocas do Greg? O Gui também sabe de tudo. — Augusto riu.

— Então, Gui, foi o seguinte... — Francisco suspirou, começando a contar.

Guilherme ouviu atentamente a explicação do estagiário de como tinha sido o começo daquele dia e de que esperou para ver Gregório, antes de finalmente falar de como aconteceu o resto:

— Então, eu não consegui ir falar com o Greg, fiquei nervoso, não saberia o que dizer se tentasse bater na porta dele... E encontrei com ele só depois, no banheiro quando todo mundo já tinha ido em bora. Foi aí que eu finalmente vi as manchas no olho dele, Gui... eu me senti péssimo. — Francisco afirmou, suspirando. — Te juro que eu fiquei com o coração na mão, eu quis abraçar ele, dizer que estava tudo bem, mas ele não sabia que eu sabia...

— Entendi, mas... e depois?

— Ah, foi aí que eu perguntei se podia tentar animar ele, nem pensei direito no que eu estava prestes a fazer, foi aí que, num impulso, agarrei a nuca dele e quase beijei, eu só esperei pra ver a reação dele e ele ficou quieto, disse que não podia. — Francisco lembrou-se.

— Eita, você foi tão direto assim? — Guilherme riu baixo.

— Esse menino é doido, eu te disse. — Augusto falou ao namorado.

— Só que antes que eu o beijasse a força, eu fiquei bem próximo da boca dele, porque por mais que eu quisesse aquilo mais do que tudo, sentia que ele tinha que escolher, porque eu não podia simplesmente agarrar ele e pronto.

— É consentimento que fala. — O melhor amigo brincou.

— Eu sei, minha consciência pesou segundos antes de eu fazer uma grande besteira. — Francisco olhou para baixo, envergonhado por contar aquilo.

— E aí? Não teve beijo mesmo, então? — Guilherme quis saber, curioso.

— Não, o seu irmão pediu desculpas, mais uma vez foi educado comigo e até mesmo disse que se ele estivesse em outro momento, nem pensaria duas vezes. — O estagiário recordou-se, com os olhos brilhantes. — E isso que ficou na minha cabeça desde aquele dia, eu não sei se isso é verdade ou se ele disse isso só por educação, mas já foi o suficiente pra me deixar bobo.

— Olha, mesmo conhecendo o meu irmão, posso dizer que ele é um tanto misterioso quanto aos próprios sentimentos. — Guilherme analisou. — Não posso te ajudar muito com isso, mas só posso te dizer que eu queria ter a metade da coragem que você tem!

— Não queira, porque aí você também faria as coisas por impulso e se arrependeria amargamente depois...

— Ah, eu simplesmente não acho que isso seja um ponto negativo, até acho que é uma virtude. — Augusto colocou. — Mas não vou passar a mão na sua cabeça por isso, porque você sabe que foi errado.

— Mas olha como ele vive intensamente! — Guilherme rebateu. — Sério, eu te admiro muito, Fran! Seria até bom se o Greg namorasse alguém como você... Ele precisa de um pouco mais de ânimo pra vida dele.

— Por favor, não fala isso, senão vou viajar mais ainda. — Francisco pediu.

— Olha, eu sei que pode soar meio estranho agora, mas eu tive uma ideia, que talvez possa beneficiar você e o Greg. — Guilherme expôs, pensativo.

— O que, amor? — Augusto inquiriu, curioso.

— Também quero saber, Gui. — O estagiário arregalou os olhos.

— E se a gente fizesse um plano pra juntar vocês dois? — Guilherme abriu um sorriso sugestivo, onde os outros dois cerraram a sobrancelha, preocupados.

— Como assim? — Francisco perguntou, sem saber se ele estava brincando ou não.

— Seguinte, Fran, você quer saber se o meu irmão estava sendo educado ou se ele realmente gostaria de ficar com você, não é? Então... A gente pode fazer alguma coisa pra descobrir isso.

— Mas como a gente faria isso? — Augusto olhou para o namorado.

— Bom, não está muito claro na minha mente o que podemos fazer, mas eu acho que a melhor forma de saber, é fazer como o Fran faz tudo, entende?

— Por impulso? — O estagiário indagou, rindo.

— Não! Com sinceridade! — Guilherme respondeu-o.

— Eu não acho que seja uma boa ideia, seu irmão no momento está passando por uma situação difícil, Gui. — Francisco analisou. — Ele não precisa de alguém na vida dele pra tornar as coisas ainda mais difíceis.

— Mas Fran, a única maneira que eu sei de tirar alguém da cabeça, é se divertindo com outras pessoas! E você é o tipo de pessoa que torna tudo mais leve, você pode ser uma ótima companhia pra ele sem ser somente no trabalho, o que você acha? — Guilherme falava, animado.

— Gui, eu acharia ótimo poder passar mais tempo com o Greg, mas eu não consigo separar as coisas. Não consigo encará-lo como um amigo quando quero ser bem mais que isso, entende?

— O que o Fran quer dizer, é que não seria saudável pra ele... Pra nenhum dos dois, na verdade. — Augusto completou.

— Sim, eu entendo o receio de vocês, mas olha, não custa nada a gente pensar em algo pra fazer o Greg sair de casa um pouco, além de distraí-lo, que é o que ele está precisando, pode ser uma oportunidade legal para ele e o Fran se conhecerem melhor...

— Isso seria um sonho, pra falar a verdade. — Francisco apoiou o rosto em uma das mãos, dando um suspiro apaixonado.

Guilherme encarou o namorado, com uma expressão que somente Augusto entendia: ele ia aprontar alguma coisa.

•••

Francisco começou sua semana, dessa vez queria fazer as coisas direito, ao invés de atropelar tudo como sempre fazia, agora sua ideia era desacelerar. Pensou que deveria dar um tempo a todos os relacionamentos, por mais que ainda estivesse falando com Rafael, foi sincero quanto ao que disse e o rapaz pareceu entender.

O estagiário abriu seu coração, dizendo que agora estava sendo um momento difícil em sua vida por não conseguir tirar um amor não-correspondido de sua cabeça, o que achou que seria passageiro, mas se enganou. Rafael não hesitou em acreditar na sua palavra, reforçando que quando ele quisesse, era só lhe procurar, que estaria disponível para conversar.

E mesmo que estivesse triste por ter que afastá-lo, sentiu alívio, porque finalmente poderia organizar sua vida. Decidiu começar pelos estudos, Francisco não adiou mais os trabalhos dos próximos dias, enviando todos por e-mail antes da data limite.

Além disso, seguiu a semana inteira sem chegar atrasado, acordando mais cedo para se arrumar melhor e para comer um café da manhã decente. Tudo estava seguindo os eixos e estava zerando todas as listas de afazeres que sempre andava adiando.

Finalizou aquela semana com o orgulho de si mesmo que nunca antes lembrava-se de ter tido, até mesmo ligando para sua mãe para avisar-lhe de sua proeza. Gregório tinha deixado de ser sua prioridade, até porque o homem precisava de um tempo para si mesmo.

Chegou sexta-feira e com a sugestão de Augusto, Francisco resolveu chamá-los para fazer algo em sua casa no dia seguinte, principalmente porque Guilherme ainda não tinha conhecido a casa do vizinho. Comeriam besteiras e assistiriam alguma série ou filme juntos.

Francisco não se deu o trabalho de acordar cedo naquele sábado, porém, por ter adiado a limpeza, agora tratava de fazer uma faxina rápida, mal parando para almoçar direito, querendo deixar tudo arrumado para a visita de Guilherme, pois se fosse somente pela presença do melhor amigo, não ligaria de deixar a casa nos trinques, pois sabia que ele já estava acostumado com a sua bagunça.

Terminava de tirar o pó das estantes quando ouviu a campainha tocar. Preocupando-se em saber quem era, correu até o portão, logo vendo Augusto.

— Ainda estou terminando de ajeitar tudo, achei que você viria com o Gui. — Francisco recebeu o amigo, convidando-o para entrar.

— Não, mas ele disse que já tá vindo... — Augusto encarou-o dos pés à cabeça, vendo-o de bermuda e chinelos. — Você não tomou banho, né?

— Estou tão fedido assim? — O estagiário assustou-se, conferindo o odor de ambas as axilas.

— Não, não é isso, é que você ainda não se trocou. — O loiro analisou, empurrando-o para dentro da casa. — Vai, vai se arrumar.

— Fala sério, eu devo estar fedendo, não é possível. — Francisco riu alto.

— Não, você não tá fedendo, mas seria bom tomar um banho! Vai lá se arrumar e não esquece de pentear esse cabelo depois! — Augusto continuou empurrando o amigo.

O estagiário riu do gesto, assim tomando uma ducha rápida e vestindo uma roupa casual. Antes mesmo que o amigo dissesse algo, penteou seus cabelos ainda molhados para trás, que por serem levemente encaracolados, os fios não permaneceram muito comportados.

Apareceu na sala, onde viu Augusto parar de assistir televisão para levantar-se e ir em sua direção. Francisco estranhou o comportamento do amigo, que o cheirou, logo empurrando-o de volta para o quarto.

— Vai passar perfume, só falta isso!

— Você tá esquisito. — Encarou-o, semicerrando os olhos.

— Você vai me entender daqui a pouco. — O amigo continuou. — Vai, escolhe uma colônia aí, qualquer uma.

— Ele chegou. — Francisco ouviu o toque da campainha, sendo impedido de dar o primeiro passo.

— Deixa que eu abro! Passa perfume, dá uma melhorada no hálito e não sai desse quarto enquanto não ficar apresentável! — Augusto exigiu, em tom sério. — Eu vou lá abrir o portão...

O estagiário viu o amigo ir à entrada da casa, só restando obedecer a ordem, já que não sabia o que ele aprontava. Passou sua colônia preferida, borrifando-a para o alto e colocando-se debaixo das gotículas leves da essência, o que sempre deixava a fragrância suave, mas ainda assim, presente em seu corpo.

Caminhou ao ouvir as vozes se espalhando e, chegando em sua sala, deparou-se com sua porta de entrada. Seu coração descompassou-se. Augusto entrava com Guilherme e a última pessoa a entrar era a que Francisco menos esperava ver.

Era como se, naquele momento, o comportamento estranho do melhor amigo fizesse sentido. O estagiário, assim como o convidado surpresa, era apenas mais uma vítima daquele jogo que Augusto e Guilherme haviam preparado meticulosamente durante a semana inteira em segredo.

Parado, na porta de entrada, com um olhar envergonhado, mas não deslocado, estava Gregório.

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