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Kurapika...

Na terça quando voltamos do chá da tarde na cafeteria, o Leorio havia me dito que iríamos viajar neste fim de semana, apesar de não me dizer nenhum detalhe sobre o local para onde estaríamos indo, eu concordei.
 
Fiquei ansioso a semana inteira, e coube ao Gon e ao Killua ouvir minha ansiedade a cada dia. A Mito concordou em me dar a sexta e sábado de folga, de forma que, hoje de manhã acordei muito cedo, com o Leorio já pronto e me esperando.
   O Moreno alugou um carro para irmos, ele foi dirigindo o caminho todo, parando uma única vez para abastecer. Confesso que não fazia ideia de onde estávamos, pois já havíamos saido de York Shin, as horas foram se passando mas mesmo assim ainda não chegávamos. Até que a paisagem mudou drasticamente, não se via nenhum edifício muito elabadorado, estamos entrando em uma área florestal. Olho para o Leorio que me olha com um sorriso.
- Para onde estamos indo? - ele dá de ombros.
- Está vendo os picos das montanhas?
 
Olho através do vidro do carro, até ver ao longe as montanhas.
- Vamos para lá? - o mesmo assente.
- Consegui alugar esse chalé por três dias. Por isso pedi para trazer roupas quentes, quanto mais alto, mais frio fica. Pensei que seria melhor que a praia, você gosta de lugares mais calmos de qualquer forma.
 
Assinto, com um sorriso incapaz de ser contido tomando meus lábios.
- Você gostou? - me mexo no banco olhando mais para fora do carro, para as grandes árvores que nos cerca, ficando para trás...
- Eu amei... - as palavras saem quase como um sussurro.
  
Ficamos em silêncio, eu olhando para a paisagem com toda atenção, vez ou outra escutando o Leorio que está cantarolando todas as músicas que tocam no rádio do carro. Um toque muito familiar começa. Olho para o Leorio que me encarava.
- Vamos... um dueto - rio.
- Eu não sei cantar.
- Estamos nas montanhas, ninguém pode ouvir você além de mim.
 
Rio e assinto. Ele me encara com um olhar esperançoso, e com um longo sorriso começa o primeiro verso.
- Just a small town girl. Livin' in a lonely world - ele interpreta a música, intercalando o olhar entre meu rosto e a estrada de terra pela qual seguimos - She took the midnight train goin' anywhere - ele levanta a sobrancelha.
 
Respiro fundo para não rir.
- Vai Kura - com um riso cortado eu continuo.
- Just a city boy... Born and raised in south Detroit - ele me olha o que me faz rir, ele sinaliza para eu continuar e acabamos cantando juntos- He took the midnight train goin' anywhere.
 
Assim o caminho foi se seguindo, na nossa cantoria fora de tom de Don't Stop Believin. 

Leorio Paradight...

Quando chegamos no chalé, o Kurapika olhou tudo ao redor. É um local muito aconchegante. A casa por completo é rústica, com aquecimento interno, além de uma lareira na sala, grande e bem trabalhada nos detalhes. Enquanto ele olhava tudo, tirei todas as malas do carro e levei para nosso quarto.  Suspiro fundo quando coloco a última mala na cama.
- Kura?
- Estou aqui- a voz vem sala ou um cômodo próximo, saio do quarto e olho para os lados, até vê-lo na varanda, com as mãos na proteção e olhando a vista lá embaixo. Abro um sorriso e caminho até ele. Assim que chego perto, o envolvo em meus braços, colocando meu rosto na curvatura de seu pescoço. Sinto sua mão pousar em cima da minha e passar os dedos carinhosamente nas mesmas.
- Obrigado por me trazer aqui... é lindo- as palavras saem baixo.
- Que bom que gostou- levanto o olhar sem mexer meu rosto, ele me olha e se curva dando um beijo no canto dos meus lábios.
- É bem tranquilo... não tem mais nenhuma casa perto? - ele se curva olhando a paisagem.
 
Balanço  a cabeça em negação.
- Só tem aquela pela qual passamos.
- Ah... Por isso é tão silencioso- ele me olha- Você já tinha vindo aqui antes?
- Bom... aquela vez na semana passada que fui fazer uma campanha da faculdade... na verdade eu tinha vindo resolver as coisas com o proprietário.
 
Ele me olha com os olhos  cerrados.
- Você mentiu - rio.
- Não... eu omiti, por um bem maior... queria que fosse uma surpresa - vejo seu rosto ficar um pouco corado enquanto dá de ombros.
- Só por isso vou te perdoar dessa vez.
 
Abro um sorriso.
- Obrigado meu amor - solto meus braços da sua cintura.
- Tem mais um lugar que quero que você veja - ele me encara confuso.
- Mais uma surpresa? - balanço a cabeça em afirmação.
- Vem- estico minhas mãos, ele dá um passo para frente e as segura.
  
Antes de sairmos do chalé, peço para que ele coloque mais uma blusa de frio, e assim ele faz, e coloca um gorro com uma bolinha felpuda em cima, o que o deixa mais fofo...
  
Seguimos por entre as árvores ao redor da casa.
- Pronto... fecha os olhos.
- Fechar os olhos? - assinto - Não, eu vou cair, o caminho é cheio de coisas.
  
Sem dizer nada o levanto, colocando o mesmo no meu colo, por instinto suas mãos se apertam em volta do meu pescoço.
- Assim não tem risco de cair - ele me encara corado.
- Tanto faz- ele fecha os olhos e assim eu continuo a andar.
 
O caminho realmente é cheio de galhos inesperados, mas como já estávamos próximos do destino, não tive problemas para chegar rapidamente.
- Chegamos.
- Posso abrir os olhos?
- Ainda não - abro um sorriso quando coloco o Kurapika no chão, levo minhas mãos até seu rosto, cobrindo seus olhos. 
- Vamos.
- Vamos para onde? - rio.
- Dá um passo - ele faz o que disse- mais um... agora - tiro minhas mãos dos seus olhos e imediatamente ele abre - Surpresa.
 
Ele olha para a grande árvore na nossa frente, é uma das mais antigas da região, seus galhos estão decorados com pequenos flocos de neve de isopor e corações das mais diversas cores. Fitas de cetim estão penduradas, tendo nas pontas fotos minha com o Kura, desde o início.... organizadas em ordem cronológica.
- Isso é... - ele caminha até a primeira foto. Em que meus pais e os deles estavam sorrindo e nós dois um do lado do outro - Um dos almoços que nossas mães organizavam - ele ri.
 
Caminho até a segunda fita.
- Essa foi quando você foi na minha formatura - ele sorri e olha para foto.
- Olha, você estava com o cabelo nos ombros.
- Fase obscura - rimos
- Tem razão... Essa aqui... foi quando fomos para a praia.
 
Assinto.
- Você não passou protetor solar e ficou extremamente vermelho.
- Eu lembro. Você teve que passar pomada em mim.
- Foi doloroso - ele caminha até a outra.
- Quando começamos a morar juntos... logo depois dos meus pais morreram.
 
Assinto em silêncio.
- A gente não tinha nem sofá na casa - rimos.
   
Ele olhou uma por uma.
- Eu não sei como te agradecer... isso é... incrível- ele me olha, uma lágrima cai  de seu olho direito- Eu amei... - sorrio e chego perto dele.
- Tentei organizar nossa história aqui... Mas acho que preciso  de uma árvore maior se for fazer isso de novo.
- Você acha?
 
Assinto enquanto o seguro pela cintura.
- Cada passo da minha vida vai ser com você ao meu lado... - ele sorri e leva uma mão até o canto do meu rosto.
- Eu te amo tanto.
- Eu acho que te amo mais - me aproximo e dou um beijo rápido nele.
- Acho que não- ele ri.
 
Aperto sua cintura o que o faz rir mais.
- Não? -ele me encara.
- Ok... eu me rendo.
 
Rimos e me aproximo, até que o riso se torne um leve curvar, e junto nossos lábios delicadamente.
 
Meu mundo está girando devagar... aquela sensação de estar justamente onde deveria estar me domina... não me resta dúvidas que essa pessoa na minha frente é meu universo inteiro...

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Where stories live. Discover now