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Killua Zoldyck...

Quando finalmente sento na cadeira desocupada no fundo da sala, tento ao máximo não olhar para as pessoas ao meu redor, pelo simples fato de que enquanto caminhava até aqui, alguns olhares curiosos queimavam sobre mim, não sou muito bom em ser amigável, tenho receio de dar um olhar  ruim para alguém sem ter a intenção, por isso, foco minha atenção na janela.
 
Escuto o som de uma cadeira se movendo. Um garoto se senta na minha frente, suas pernas de cada lado da cadeira, seu olhar em mim e um sorriso estampado em seu rosto. Não posso simplesmente ignorá-lo. Me viro e faço um aceno com a cabeça.
- Qual o seu nome? - respiro fundo.
- Killua - o menino de cabelos claros fica me encarando como se esperasse alguma coisa. Eu deveria ter perguntado seu nome também?
- Ah. Prazer Killua, me chamo Pokkle - ele sorri e desajeitadamente retribuo o sorriso, que nada mais é do que um leve curvar. Um silêncio constrangedor toma o ambiente.
 
Droga. Eu sou péssimo nisso.
- É... - começamos a falar juntos, o que faz ele rir. Eu deveria rir também?
 
Por que é tão difícil fazer isso? Estou parecendo um pessoa que viveu reclusa a vida inteira...

Mas... Eu sou uma pessoa que viveu reclusa. Respiro fundo, eu só preciso ter uma conversa normal.
- Pode dizer primeiro. Não queria te atrapalhar - ele assente.
- Você é muito educado... veio de que escola?
 
Balanço a cabeça em negação.
- Eu... estudei em casa a vida inteira - ele faz uma expressão de surpresa e sorri amigavelmente.
- Então Bem-Vindo.
- Obrigado- quando falo isso um homem alto e esbelto, segurando uma xícara de café entra na sala.
- Esse é nosso professor de matemática- Pokkle sussurra para mim enquanto se endireita na cadeira.
  
O professor encara a sala, e seu olhar quase que imediatamente pousa em mim.
- Temos um aluno novo ... gostaria de se apresentar?
 
Eu posso falar não? Olho para o professor, mas vejo que a pergunta é algo retórico. Respiro fundo e me levanto.
 
Os olhares de todos estão cravados em mim, não gosto disso, parece que estou sendo julgado. Foco em um ponto na parede e meus lábios se abrem lentamente.
- Me chamo Killua Zoldyck... é um prazer conhecê-los.
  
Quando me sento, noto que algumas pessoas ainda me olham. Solto o ar. Isso não é nem um pouco fácil.
 
Eu, que já passei por diversas situações em que minha vida estava em risco, me sinto desesperado ao encarar alguns adolescentes... Isso é cômico e estranhamente patético.
 
O professor começa a passar algumas coisas na lousa, o assunto é Álgebra II, algo que estudei algum tempo atrás, não tenho problemas nessa matéria.
 
Assim a aula se segue, depois outra, e mais outra. Em todas não tive problemas nas atividades, terminei rapidamente cada uma delas, de vez em quando o Pokkle falava alguma coisa ou fazia algum comentário, acho que ele está tentando fazer amizade comigo. E ele não parece se importar com minha falta de habilidade na comunicação, o que é ótimo. Não preciso me forçar a me comunicar com ele, não me deixa desconfortável.
 
Escuto um sinal estridente soar. Olho para o Pokkle que levanta.
- É o sinal para o Intervalo. Vamos, podemos comer juntos.
- Eu... - quando ia dizer que já tinha alguém me esperando, uma pequena garota com um rosto delicado e cabelos verdes, parcialmente cobertos por uma boina amarela me encara com um sorriso meigo.
- Eu sou a Ponzu, queria lhe desejar boas vindas em nome da sala - ela estica a mão - sou a representante de classe, pode me pedir ajuda caso esteja com dúvidas.
 
Com certa relutância aperto sua mão.
- Muito obrigado.
 
Ela sorri e seu rosto fica vermelho no momento que minha mão toca a sua. Afasto minha mão da sua rapidamente. Quando o Gon faz esse tipo de expressão é algo lindo e extremamente fofo, mas quando ela fez, senti arrepios pelo meu corpo e vontade de me afastar.
 
Seu olhar se abaixa.
- Vamos Killua.
 
Assinto e me levanto e passo a andar junto com o Pokkle até a porta. Quando chego perto vejo o Gon, que ao me ver abre um sorriso lindo, faz meu coração acelerar e meu rosto se iluminar. Estou a poucos passos dele quando uma voz me chama, fazendo com que eu me vire para trás.   
- Você... não gostaria de... de... almoçar comigo? - as últimas palavras saem rápidas, a Ponzu me encara.
  
Abro um sorriso leve.
- Muito obrigado - dou alguns passos até o Gon e seguro sua mão, ele me encara surpreso - Desculpe, mas já havia prometido que passaria o intervalo com meu namorado, mas... se quiser se juntar a nós ... podemos ir juntos- sorrio e ela cora instantaneamente e balança a cabeça em negação.
- Não... só achei que estaria sozinho. Vou encontrar as meninas... - ela olha para o Gon e faz um cumprimento com a cabeça- Até mais - ela sai rapidamente pelo corredor.
- Killua- o esverdeado diz em tom de repreensão.
 
Dou de ombros, quando o Pokkle começa a rir.
- Você é direto e educado ao mesmo tempo Killua, maravilhoso. 
  
Rio junto com ele. Quando o Pokkle se vira e estende a mão para o Gon.
- Prazer sou o Pokkle, sento na frente do seu namorado - o Gon cora e estica a mão retribuindo o cumprimento.
- Sou o Gon, por favor cuide dele para mim.
  
Eu sou o tipo de pessoa que precisa de cuidados?
- Pode deixar- ele dá um passo para trás - vou encontrar o pessoal na quadra, querem jogar?
 
Balanço a cabeça em negação.
- Vou ficar com ele - o mesmo assente.
- Nos vemos depois. Até mais Gon.
- Até- o esverdeado sorri para o garoto que corria pelo corredor.
 
Quando estamos sozinhos ele me encara.
- O que foi?
- Você tem que ser mais gentil com as pessoas.
 
Dou de ombros.
- Eu não fui mal educado com a garota, apenas disse a verdade. 
- Claro que sim Killua. Vamos o Kura está esperando a gente no refeitório- ele arruma sua mão na minha e começamos a descer as escadas.
  
Assim que entramos no refeitório ele solta minha mão lentamente. Noto que ele faz isso sempre que estamos perto de muitas pessoas... ele tem medo de que alguém diga algo? Fico confuso mas minha expressão se suaviza quando vejo o loiro sentado em uma mesa, três bandeijas estão a nossa espera, com vapor saindo dos alimentos.
 
Olho para ele e sorrio. Sentando na sua frente e o Gon ao meu lado.
- Oi Kura.
- Eai Kill. Como está sendo o primeiro dia? - dou de ombros e começo a arrumar os talheres.
- Não estou tendo problema com as matéria, até consegui falar com alguém. Está sendo bem tranquilo até agora.
- Você se adapta rápido as mudanças - assinto. E começamos a comer.
- Olha, você gosta dessa parte da carne- pego a mesma do meu prato colocando no do Gon que cora levemente.
- Não precisa.
  
Minhas sobrancelhas se arqueiam.
- Mas eu sempre faço isso. 
  
Ele sorri e sussurra um obrigado. Volto a comer, mas não posso deixar de notar alguns olhares em mim, como se me furassem.  Aperto o talher em minha mão e me acalmo, com um longo suspiro volto a comer.

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Место, где живут истории. Откройте их для себя