~44~

1.2K 168 47
                                    

Gon Freecss...

Frio... é como se uma brisa gelada tivesse invadido meu corpo, está tudo meio dolorasamente anestesiado. Meus olhos estão relutantes em abrir, de longe escuto o som de uma voz distante. Onde estou? Respiro fundo, mofo, poeira, como se o lugar não fosse limpo há muito tempo.
 
Meus olhos parecem pesar, a cada tentativa de abri-los volto a fechar os mesmos. A última coisa que lembro é do tiro, sirenes, vozes abafadas em confusão e derrepente tudo ficou escuro. Eu fui baleado, então estou no hospital?
 
Clic... O som de uma gota de água caindo ecoa.
 
Me mexo mas sinto que meus braços estão presos, um arrepio percorre meu corpo ao toque da gélida corrente. Definitivamente não estou em um hospital. Respiro fundo e tento abrir os olhos, minha vista está embaçada, mas aos poucos passa a ficar mais nítida.

Está escuro, não vejo nada ao meu redor, tem apenas uma fraca luz amarelada, e a luz da lua que atravessa as vidraças velhas do local. Meu coração começa a acelerar, eu não sei onde estou, eu estou com medo. Abro a boca mas a voz não sai, minha garganta está seca. Por quantas horas eu fiquei inconsciente?
 
Tento ir para frente mas a corrente me impede e puxa meus braços para trás do meu corpo, um gemido de dor escapa da minha boca, a corrente puxou o recém ferimento da bala, como se rasgasse.
- A... - engulo em seco - Socorro - a voz sai baixa e rouca, mesmo que alguém estivesse perto dificilmente me escutaria.
 
Olho desesperado ao redor, estou em um galpão vazio, um decadente galpão. Está velho, com as vidraças quebradas e infiltração... Não tem um lugar assim no centro de York Shin, devo estar na parte afastada da cidade.
  
Mordo o lábio inferior e olho para trás, as correntes estão em volta do meu pulso, presas em um mastro enferrujado. Forço porém não consigo me soltar, inevitavelmente gritos de dor saem de meus lábios, sangue começa a escorrer em pequenas quantidades, a corrente está muito apertada e o mínimo contato corta minha pele.
- Soco...
- Sua voz está péssima. Quer um pouco de água? - viro bruscamente em direção a voz, tem um homem de cabelos negros e longos, olhos profundos me encarando, com um sorriso que faz com que eu tenha arrepios, caminhando em minha direção.
 
Recuo. Ainda rindo ele se abaixa e olha para meus braços.
- Você vai se machucar feio assim. Posso te prender de outro jeito. Acha melhor?
- Quem... - antes que eu termine de falar ele segura meu rosto, forçando minha boca aberta e derrama água na mesma. Eu começo a tossir, meus olhos lacrimejam e cuspo uma grande quantidade de água no chão sujo.
 
Olho para a figura na minha frente, seu corpo alto está de pé.
- Não se mexa tanto, seus pulsos podem se ferir gravemente e você pode morrer pela perda de sangue.
- Q.. quem é você? - ele dá de ombros.
- Por que estou aqui?
  
Ele se abaixa e a medida que seu rosto se aproxima do meu, meu corpo fica em estado de alerta, como se uma aura maligna intoxicasse o ambiente ao meu redor. Sinto sua respiração batendo na curvatura de meu pescoço...
-Você é meu meio de dar uma lição ao meu irmãozinho... - ele ri.
  
Killua.

Ele se afasta no mesmo momento que eu me impulsiono para frente mas a corrente me puxa agressivamente de volta.
- O que você fez com o Killua? Cadê ele? - as palavras saem com minha voz desesperada. Um medo incapaz de ser contido me domina.
 
O homem na minha frente apenas ri e segue andando, ele some na escuridão do galpão. Segundos depois vejo a silhueta de outro homem ao seu lado, com algo no colo... ambos andam até serem iluminados pela luz da lua... é o Hisoka. Seu olhar encontra o meu e ele sorri maliciosamente, mas não me importa, pois meu olhar é direcionado a pessoa em seus braços.
 
O Killua está com a roupa manchada de sangue, seu rosto machucado, seus olhos fechados...
- Killua - O grito atinge todo o local.
 
Me forço novamente, dessa vez mais agressivamente mas novamente a corrente me aperta e sinto mais sangue escorrer até a ponta de meus dedos, uma gota pinga no chão, e noto que assim como eu, o Killua está preso mas com uma algema em volta de seus braços.
- Ele não está morto - o Hisoka fala.
  
O cara, que agora sei se tratar do Illumi me encara friamente.
-Por mim era muito mais fácil te matar naquele hospital, mas não tem a menor graça - derrepente as palavras do Kill invadem minha mente "Ele gosta de transformar tudo em um espetáculo"... Seus olhos mostram isso, ele se diverte com essa situação.
- Desgraçado- grito para ele, quando o mesmo corre até mim com uma lâmina nas mãos, fecho os olhos, quando uma voz profunda sai da escuridão, me paralisando.
- Se afasta Illumi, não machuca ele agora.
 
Abro os olhos e meu olhar é levado até o dono da voz. Seu rosto está parcialmente iluminado, sério, longos cabelos brancos caem por seu rosto até os ombros, com ondulações. Ele... é o pai do Killua?
- O menino não vai aguentar qualquer ferimento, a situação já está crítica - ele não me olha em nenhum momento.
 
Seu olhar volta para o Hisoka.
- Alguma coisa?
- Não. Nenhum contato até agora.
- Sai, vai ver se tem algum sinal deles - ele assente e coloca o Killua no chão, saindo logo em seguida por uma janela rachada. Minha atenção é voltada para o albino.
- Kill- minha voz chorosa o chama - Kill acorda - ele nem ao menos se mexe, está imóvel no chão, sua pele manchada de seu próprio sangue que está escorrendo de seus ferimentos. O Illumi está de costas para mim, mas lembro que seu rosto também estava machucado. Isso quer dizer que eles brigaram?
 
Lágrimas se formam em meus olhos, e mesmo que eu tente segurar elas escorrem por meu rosto.
- Kill- sinto um chute em meu rosto, forte o suficiente para que eu cuspa sangue no chão, meu corpo inteiro doi.
- Cala a boca- a voz do Illumi soa.
 
Antes de me recompor escuto som de passos, quando olho para frente o robusto homem me encara.
- Parece que não adiantou muito seu pai tentar te esconder nesses anos, no fim vocês vão morrer como ele - ele não demonstra nenhum sentimento ao falar.
- Meu pai? - as palavras saem quase que em um sussurro...

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Where stories live. Discover now