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Killua Zoldyck...

O vento gelado bate em meu rosto, fazendo com que alguns fios caiam em meus olhos, a Bisky está parada ao meu lado, em frente a cafeteria na calçada. Avisei o Gon que iria vir aqui para conversar, que em breve voltaria para cima, ele apenas assentiu com um sorriso e voltou a arrumar as coisas junto com o resto das pessoas.
 
Estranhamente estou apreensivo, como se uma onda de ansiedade me atingisse a todo momento, e minha mente circula pelas possibilidades do assunto desta conversa.
 
Olho para a loira e seus lábios se abrem lentamente...
- Killua... Eu pensei muito no que fazer a respeito da sua irmã. Sabe, a operação vai ocorrer nos próximos dias, amanhã já vou estar saindo de York Shin pela manhã... eu espero que dê tudo certo e eu possa trazê-la em segurança...
 
Aperto fortemente minhas mãos com os punhos fechados.
- Você vai me dizer que uma das condições é eu... - engulo em seco, como se as palavras não quisessem sair de minha boca- Bisky, sei que agora não tem como eu cuidar dela, mesmo que tivesse não sou a pessoa mais indicada para isso... Mas por favor- dou um passo em sua direção- Não me deixe sem saber aonde ela está.
- O que? - ela levanta a sobrancelha confusa e balança a cabeça em negação- Eu jamais iria deixar você sem notícias da Alluka - meu coração nesse momento parece ter finalmente encontrado um alívio.
- Você está falando sério? - um sorriso largo se abre em meu rosto.
 
Ela sorri e assente.
- Sim... É justamente sobre isso que queria falar com você- meu sorriso aos poucos diminui se transformando em um leve curvar, enquanto minha atenção é voltada para a pessoa na minha frente - Eu pensei muito, muito, desde nossa conversa no hospital. Você  sabe que devido às condições dela, será necessário que alguns exames e avaliações sejam feitos antes de tomarmos alguma atitude.
  
Apenas assinto levemente.
- Eu não quero colocar a Alluka em uma instituição qualquer, não acho que seria o certo. Ela não é uma pessoa sem família... ela tem você. Por isso... - seu olhar se desvia por um instante, seu peito subindo e descendo em uma respiração longa, deixando evidente a ansiedade e aflição- Killua... eu quero pedir seu consentimento, para ter a guarda dela.
 
O que?
- Você quer a guarda da Alluka?
 
Ela assente.
- Eu sei que não pareço ser a pessoa mais indicada para isso... Mas eu prometo que vou dar meu melhor, sempre estarei aqui com ela. Não vou deixar que vocês se... - antes que ela termine de falar, meus pés se movem por instinto, meus olhos se fecham enquanto a abraço.
- Obrigado- sussuro. Não acho que outras palavras podem se encaixar melhor no sentimento em meu peito nesse momento...

Gon Freecss...

Meus pés se movem de um lado para o outro pelo tapete do quarto. Todos já foram embora, a Mito os acompanhou até lá embaixo, isso já faz alguns minutos mas nem ela nem o Killua subiram de volta.
 
Estou tão concentrado em continuar meus movimentos ansiosos, que só percebo que a porta foi aberta quando a familiar voz preenche o ambiente.
- O que está fazendo?
 
Meu olhar se levanta.
- Kill - Vou até ele- O que a Bisky queria?
 
Ele pega em minha mão e lentamente me puxa até a cama, sentamos ao mesmo tempo.
- Ela me disse que gostaria de ficar com a guarda da Alluka após a operação- vejo o tão sincero brilho em seus olhos e não posso deixar de sorrir- Eu vou poder ficar ao lado dela Gon. 
 
Levo minha mão até sua nuca e puxo sua cabeça presa na curvatura de meu pescoço.
- Eu disse que tudo ficaria bem - afago seus cabelos. - Em breve vocês estarão juntos de novo - um suspiro de alívio sai de seus lábios.
- Obrigado- ele levanta o rosto me encarando profundamente.
- Está me agradecendo pelo o que dessa vez?
 
Ele dá de ombros.
- Pela recepção... Por tudo. - seu olhar desce para meus lábios fazendo meu corpo se arrepiar - Obrigado pelo caloroso beijo de acolhimento também.
- Beijo de acolhi ... - antes que eu termine minha frase, suas mãos fortes seguram minha nuca ao mesmo tempo que sua boca se choca com a minha. A suavidade de seus lábios em contraste perfeito com o calor e a explosão de nossa línguas entrelaçadas, os movimentos como traços de uma paixão acumulada... nesse momento sei que assim como eu, ele esperava por este toque tão íntimo.
 
Com um suspiro pesado nossos lábios se separam, o meu coração tão rápido como um cometa. Abro os olhos apenas para me ver perdido no brilho do par de safiras delirantes a minha frente.
 
Sorrio levemente.
- Notou que mudei nosso quarto? - enquanto falo meus dedos passam docemente pela sua bochecha.
 
Ele ri baixo.
- Eu gosto quando você fala assim - levanto a sobrancelha.
- Assim como?
- Nosso quarto.
 
Sinto meu rosto corar.
- Mas é o que ele é- me levanto e abro os braços como se estivesse mostrando o quarto- Comprei alguns livros para você- aponto para a escrivaninha e seu olhar acompanha meu movimento. Vejo o sorriso se formar em seu rosto.
- Você colocou nossa foto.
- Eu gosto dela.
 
Ele olha para mim com o olhar repleto de ternura que faz meu corpo balançar.
- Eu também.
  
Limpo a garganta e caminho até o guarda roupa abrindo o mesmo.
- Tarãm - ele levanta e vem até o meu lado.
- Comprou roupas para mim? - assinto.
- Não sei quando você poderá pegar suas coisas de volta. Não são muitas mas dá para você usar sem problemas.
 
Ele olha para mim e sorri.
- Obrigado.
- Já disse muitas vezes para parar de me agradecer por coisas pequenas.
 
Seu olhar intercala entre as roupas e meu rosto.
- Não é uma coisa pequena, você teve o trabalho de arrumar tudo, quer dizer que pensou em mim nesses dias - coro e desvio o olhar.
- Não é como se fosse uma surpresa eu ter pensado em você- as palavras saem quase que incapazes de serem ouvidas.
 
Ele ri.
- Que bom... - meu olhar para no seu - Porque eu não deixei de pensar em você a cada minuto dos meus dias naquele hospital.
  
Suas palavras me atingem em cheio, iluminando meu ser por completo. Sinto que minha mente se embaralha, meu peito já não parece estar em suas condições normais.
 
Vejo ele desviar o olhar e quando seu rosto se vira, noto que suas orelhas estão em um tom avermelhado.
- O que é aquilo?
 
Ele aponta para a caixa no meio das roupas.
- É... uma coisa que comprei para você - ele olha para mim.
- A surpresa?
 
Assinto. Pego a mesma e coloco em suas mãos.
- Abre - ele pega a caixa e caminha até a cama, sigo seus movimentos me sentando. Seus dedos delicamente puxam o embrulho, ao abrir a caixa sua expressão se ilumina.
- Isso ... - ele levanta as duas xícaras, cada uma em uma mão.
- Você gostou?
  
Ele sorri.
- Como não gostar? Eu adorei. - ele entrega uma para mim - Esta é sua.
 
Olho para o desenho, é a que tem uma lua estampada, com nuvens atrás. Ele olha para a outra, com o desenho de um sol.
- Vou ficar com essa.
- Você gosta do sol?
 
Ele olha para mim e balança a cabeça em negação.
- É que me lembra você. Na minha vida você é aquilo que ilumina tudo mesmo que eu tenha passado pela maior escuridão, você é meu sol... então ao usar essa caneca todos os dias... vou lembrar de você.
 
Minha mente fica embaçada, como eu posso me manter mentalmente equilibrado quando ele é tão pretensioso e sincero em suas palavras? Não tem quem resista a isso!
 
Delicamente coloco a caneca na cama e me aproximo.
- Killua - como se apenas pela entonação na minha voz ele soubesse minhas intenções, seus olhos se fecham e uma mão para em minha cintura... com um leve curvar eu o beijo. Tomo cuidado para não encostar em sua costela, mas a cada movimento isso se torna quase impossível. Como se todo meu corpo gritasse que apenas esse beijo não era suficiente, como de quisesse cada vez mais.
 
Enquanto o beijo continua não posso deixar de desejar secretamente que ele melhore logo...

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Where stories live. Discover now