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Kurapika...

Assopro o café e vejo a fumaça saindo do copo descartável e preenchendo o ar, quando uma mão para em meu ombro, olho para trás e vejo a Mito com uma expressão cansada.
- Como você está? - seus lábios se forçam em um sorriso.
- Bem, só vim pegar um pouco de café e já vou voltar para o quarto.
 
Ela se move em direção a cafeteria do hospital mas eu seguro seu braço.
- Por favor, vá para casa descansar, eu passo essa noite com o Gon- no momento que termino de falar o Leorio chega até nós, me dá um beijo na testa como cumprimento e encara a Mito.
- Ele está certo Mito. Não se preocupe, vá descansar - ela nega.
- Não posso ir para casa e deixar ele aqui, não conseguiria nem dormir.
- Você está aqui há muito tempo, pelo menos toma um banho e come alguma coisa.
 
Ela olha para nós dois.
- Eu volto logo - sorrimos ao assentir.
- Só vou para o quarto, deixei meu celular e a chave de casa lá.
- Vamos então, eu e o Kura já vamos ficar por lá mesmo.
 
Tomo o resto do café em um gole que faz minha garganta se esquentar e jogo o copo na lixeira próxima, antes de acompanhar ambos pelo corredor até o quarto do Gon.
 
O Leorio abre a porta e uma corrente fria de ar nos atinge. Meu olhar é direcionado para a cama, no momento que um ruído sai da boca da Mito. O Gon...não está aqui...
- Enfermeira - antes que eu pudesse ter noção do que está acontecendo a Mito corre com o Leorio pelo corredor, atrás de algum responsável.
 
Dou um passo e vejo que o lençol da cama está bagunçado, quase que por completo no chão, como se ele tivesse sido puxado para fora da cama, o acesso em seu braço está caído próximo ao travesseiro. Meu coração começa a acelerar... alguém levou ele.
 
Escuto passos e a Mito chorando, quando me viro o quarto está com três seguranças e uma enfermeira, o Leorio ampara a Mito em seus braços.
-Onde ele está? - pergunto quase atropelando uma palavra na outra enquanto ando até o grupo.
- Não sabemos. Um segurança foi checar as imagens. Mas aparentemente ninguém viu ele saindo desse quarto. - a voz forte do Leorio está trêmula.
  
Soluços podem ser ouvidos.
- Eu... só sai por alguns minutos. Eu não devia ter saído- rapidamente envolvo a Mito em meus braços, assim como o Leorio.
- Vamos encontrar ele... Não deve estar longe - sussurro, mas sei que nada que eu possa dizer nesse momento irá amenizar a situação...

Após cerca de dez minutos, estamos todos sentados no quarto, a enfermeira trouxe um copo de água para que a Mito se acalmasse, e estamos aguardando a resposta a respeito das imagens de segurança, a essa altura as autoridades já foram acionadas. Mas ainda nos vemos no escuro, como é possível que alguém suma sem ser visto em um hospital tão grande como esse? Creio que essa seja a pergunta que está na cabeça de todos nesse momento.

Olho para o Leorio que estava tentando manter a calma, mas seus olhos estão repletos de desespero e preocupação, enquanto os meus já estão vermelhos, pois mesmo que eu queira passar tranquilidade para a Mito não suportei vê-la chorar tão desesperadamente. O Moreno aperta suas mãos nas minhas, no momento que um policial entra juntamente com um segurança.
 
Todos levantamos da cama com a chegada deles.
- Então?- a Mito se pronuncia. O policial nos encara.
- Por favor senhora, sente-se.
 
Ela dá um passo em direção ao oficial.
- Me diz logo o que aconteceu... cadê meu filho? - a pronúncia das palavras são modificadas pelas lágrimas que escorrem por seu rosto. Vou até ela e a puxo para um abraço, encaro o policial.
- Por favor não faça suspense, diz logo o que aconteceu - o Leorio diz ao parar ao meu lado.
 
Com uma tosse o oficial começa a falar.
- As câmeras internas dos corredores não pegaram nenhuma movimentação anormal, ninguém fora do comum passou ou sequer parou em frente ao quarto, não temos imagens de quem levou o garoto ou de quando ele foi levado.
- E as câmeras externas?
 
O policial olha para o segurança.
- Infelizmente, um homem com uma habilidade sofisticada de parkour subiu pela parede como um animal, se segurando na própria estrutura do prédio, um carro preto dava suporte em frente ao edifício. Mas as imagens não mostram o rosto do indivíduo, ele estava com uma máscara cobrindo o rosto, nada além de seus olhos podiam ser vistos. A ação não durou mais que dois minutos, rapidamente ele entrou e tirou o garoto ainda inconsciente da cama, e voltou a descer do mesmo jeito, mas dessa vez com o auxílio do motorista do veículo...

A Mito chorava desesperadamente, com os soluços incapaz de serem contidos, a aperto em meu braço enquanto lágrimas silenciosas escorrem pelo meu rosto, olho para o Leorio que não está muito diferente de mim.
- A Placa... o carro não deve ter ido muito longe, vocês conseguem rastrear a placa? - o policial assente.
- Já foi emitido um chamado para todas as viaturas próximas, a procura já está sendo feita.
 
O Leorio assente. O oficial nos encara.
-Desculpa ser inconveniente, sei que é um momento delicado, mas tenho esperanças de achá-lo ainda hoje a noite. Por isso eu preciso saber o que aconteceu hoje, e se ele tinha inimizade com alguém, ou algo que o colocasse em perigo, se o comportamento dele estava estranho?
 
A Mito ia falar mas faço menção para que ela deixe que eu respondo as perguntas, ela não está em condição disso.
- Ele é uma pessoa muito meiga, não tem inimizade com ninguém, é simpático. Hoje assim como todos os outros dias ele estava normal. Tinha saído para ir no mercado, quando no centro um assaltante, ou ao menos alguém que tem a suspeita de ser assaltante, estava sendo perseguido por dois policias, houve dois disparos e um acertou o braço do Gon... por isso ele estava aqui - limpo as lágrimas e tento controlar minha voz.
- Ele tinha contato com alguém de fora frequentemente... ou alguém veio vê-lo? - assinto.
- Sim, ele tem um amigo o Killua, que veio até aqui quando soube do acidente.
- Ele voltou? - nego.
- Ele disse que voltaria em pouco tempo mas não apareceu - a Mito diz com a voz um pouco danificada.
- Vocês tem o endereço desse menino?
- Não... mas- pego meu celular- tenho o número dele se for útil.
  
O oficial pega um celular para anotar as informações.
- Saberia me dizer o sobrenome dele?
- Sim... é Killua Zoldyck, o número é...
 
Antes que eu possa terminar de falar a Mito corre até mim e me segura fortemente, os dedos pressionando minha pele. Seu rosto está escuro, um desespero amedrontador tomou seu olhar.
- Qual o nome dele ?
- Zoldyck - minha voz sai baixa pelo susto.
- Você tem certeza disso? - ela está com o olhar fixo em mim.Assinto.
- Senhora? - ela ignora totalmente o policial e corre apressadamente até seu celular, com as mãos visivelmente trêmulas ela segura o mesmo. Após alguns segundos sua voz percorre o quarto, todos estão em silêncio presos na ação peculiar da Mito, sem entender o porquê o sobrenome do Killua trouxe tanta aflição ao ponto de cessar o choro.
- Kaito...

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Where stories live. Discover now