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Bisky...

Fecho os olhos por alguns momentos enquanto uma agente faz um curativo no meu ferimento.
- Trouxe um analgésico para emergência - ela me entrega o comprimido.
- Não precisa- afasto sua mão- foi só uma facada, não é nada grave.
- Só uma facada? - ela sorri e coloca o analgésico na minha boca- Você é forte, mas não imortal. A perda de sangue te faria fraquejar- dito isso a mesma se levanta - Vou terminar de cuidar dos corpos, junto com o resto para que possamos avançar.
  
Assinto com um leve sorriso.
- Vou me comunicar com o Kaito. Obrigado.
- Que isso, você é minha líder não é? Aproveite esse tempo para descansar e o remédio fazer efeito.
 
Assinto. Acompanho a morena se afastar com o olhar, tento ao máximo não prestar atenção nos corpos que estão caídos pela sala. Quatro perdas. Respiro fundo levando minha mão até o comunicador, mudando para a linha do Kaito apenas.
- Kaito?
 
Um segundos de silêncio se segue, até que sua respiração forte pode ser ouvida. Um alívio toma meu peito. Ele está bem...
- Bisky? Como você está?
- Bem.
- Situação atual?
- Zeno já está inconsciente, temos quatro perdas dentro da equipe. Dois feridos, nenhum dos ferimentos graves.
- Que tipo de ferimento?
- Uma leve lesão no braço de um dos agentes e uma facada no ombro...
- É você não é?
 
Mordo os lábios. Nem por contato eu consigo omitir as coisas dele.
- Estou bem, não é nada grave. E não é hora de se preocupar comigo, preocupe-se com sua equipe.
- Ok... O Kalluto está em nossas mãos, toda a área subterrânea da casa foi explorada, nenhum sinal do último alvo. Estamos próximos ao pátio principal, chegaremos em sete minutos.
- Vamos nos encontrar. Já que não teve nenhum sinal do esquadrão que iria até a Alluka, vamos mandar alguns agentes para conferir. Juntos seguimos para as áreas ainda não exploradas da casa.
- Você vai até a Alluka. Está ferida.
- Kai...
- Nos encontraremos .
 
Ele encerra a transmissão. Com um longo suspiro jogo minha cabeça para trás... esse idiota...

Kaito...

No caminho até a parte principal da casa não encontramos nada e nenhum sinal de outras pessoas, a tensão está no ar a cada passo, depois da luta com o Kalluto consigo notar a apreensão do esquadrão, como se estivessem esperando por um ataque sorrateiro a qualquer momento... talvez eu saiba disso pois carrego o mesmo sentimento, por mais que não o deixe transparecer.
 
Enquanto uma parte minha está alerta, a outra está preocupada com o ferimento da Bisky, sei que ela é forte e tão capaz, ou até mais capaz do que eu, mas não posso deixar de me preocupar com sua segurança. Quando chego ao pátio principal, incrivelmente amplo, a vejo com o esquadrão, iluminado pelos primeiros raios de sol no horizonte. Já está amanhecendo.
 
Ela caminha até mim, segurando a arma nas mãos, inevitavelmente olho para seu ombro, onde há um curativo, mas não parece ter sido grave.
- Você recebeu alguma informação da equipe responsável pela Alluka? - balanço a cabeça em negação.
- Último contato foi quando estavam perto do quarto, me falaram que viram o homem identificado como Gotoh.
 
Ela parece pensar por um instante em minhas palavras.
- Você acha que ele fez alguma coisa? - dou de ombros.
- Prefiro acreditar que ele tem a índole dita pelo Killua, mesmo assim é claro que algo não planejado aconteceu...
- Eu...
 
Escuto um click incrivelmente baixo sooar do telhado a minha direita. Olho para a Bisky, que para de falar. Ela também ouviu.
 
Não tive tempo de pensar muito quando vi já estava gritando para todos abaixarem, a Bisky dá ordens para seu esquadrão que procura ficar fora de uma área perigosa. Quando meu corpo cai no chão, levanto o olhar e encaro os olhos da loira, enquanto uma chuva de balas corta o ar. Alguns segundos de um barulho ensurdecedor se segue, em meio a gritos e gemidos de agonia dos agentes, não sei dizer quantos caíram, mas não parece ser um número tão pequeno.
 
Silêncio... A munição deve estar sendo trocada.  Temos alguns momentos para organizar. Olho para o corredor que vai para o interior da casa, por onde se pode chegar até o quarto da Alluka.
- Vai.
- Kaito...
- Eu te cubro.
 
Ela me olha como se quisesse protestar, mas sabe a importância do sucesso dessa operação, por isso guia seus agentes para o corredor, enquanto corro até uma pilastra, os que não foram atingidos procuram um lugar para se esconder do próximo ataque.
 
Olho para os que estavam próximos de mim enquanto as silhuetas lideradas pela Bisky somem de minha visão. Meu coração está acelerado, uma adrenalina intensa faz meu corpo tremer internamente.
- Posição do alvo?
- No meio do telhado a direta Senhor.
- Qual a arma?
 
No momento que falo, escuto o som das balas, muitas de uma vez... nunca vi uma arma que tenha tamanha força de ataque, e consegue soltar mais balas que uma de grande porte do exército.

Espero pacientemente a corrente de munição serem dispersadas. Contei 23 segundos até o outro ataque.
 
Respiro fundo. 23 segundos .
- Ninguém sai da área de segurança- Grito o comando. 
 
Quando o som para, agarro fortemente a arma em minha mão, com seu cano queimando entre meus dedos. Não posso errar.
  23...
  22...
  21...
  20...
  
Olho para cima e vejo a Kikyo, enquanto conto os segundos na minha cabeça. Aponto a arma para seu pescoço, como já está destravada, puxo o gatilho, acompanho a bala voando pelo ar. O projétil está a poucos metros de distância, quando a mulher levanta o olhar e com um sorriso se levanta, correndo pelo telhado e pousando no chão, saindo do curso da bala.
 
Quando seus pés pousam, sons de passos são ouvidos em conjunto. Eles estão avançando.
- Eu mandei não sair porra- grito, mas tarde demais...
 
Com uma risada cínica e aterrorizante, ela saca duas armas, cada uma tendo a capacidade de expelir seis projéteis a cada quatro segundos. Volto ao pilar, apertando a arma em meus dedos.
  
Esses filhos da puta, qual o problema de conseguir me ouvir? Impacientes... mordo o lábio inferior.
 
Quantos morreram agora?

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Onde histórias criam vida. Descubra agora