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Killua Zoldyck ...

O antigo ponto de recepção e transporte de drogas de York Shin, se encontra nos limites da cidade, é um local remoto e relativamente deserto. Possui uma cadeia de galpões industriais, onde ficavam as cargas... isso antes da operação que prendeu a maioria das pessoas que comandavam a região, até que o ponto ficou abandonado.
  
No caminho para cá mandei para a Pitou as informações das gemas brancas, cumprindo assim com a minha parte do acordo... espero que seja o último que tenha que fazer com ela.
 
Parte dos agentes da operação saíram em um ponto mais longe da entrada dos galpões, que é onde o Hisoka fará a troca. Pois estes são os atiradores, e precisam estar nos pontos estratégicos apontados pelo Kaito. Temos no veículo um mapa atualizado da região, demarcado com alguns pontos vermelhos que indicam a posição de cada agente.
 
Daqui a cerca de duas horas e meia o Hisoka estará aqui, neste momento eu preciso estar muito bem posicionado. Ficamos a manhã inteira e parte da tarde na sede, aprontando tudo que fosse necessário. O por do sol será a hora da ação. O que é muito propício, pois os galpões oferecem um bom disfarce, e a iluminação precária é como uma proteção que oculta todos que ali estiverem.
  
Sinto uma mão familiar em meu ombro e me viro em direção ao Kaito.
- Está bem? - assinto.
- Calmo? - abro um meio sorriso.
- Não tem como estar calmo, mas não estou com medo se é isso que está me perguntando. Estou mais ansioso para acabar com isso logo e poder voltar para casa.
  
Ele arruma a roupa antes de se apoiar em um dos galpões ao meu lado.
- Fica tranquilo, acabei de receber uma confirmação, todos os atiradores já estão em posição... O drone já verificou a área, não tem sinal de qualquer outra pessoa além de nós, não tem o que sair errado.
- Colocou pessoas vigiando a entrada da região? - ele assente.
- Na casa de chá antes de chegar na área remota, tem dois agentes disfarçados.
- Certo - coloco a mão no bolso sentindo o calor alcançar minhas mãos.
- Killua - o encaro - Quem te passou a informação do Hisoka? - dou de ombros.
- Uma conhecida.
- A troco de que?
- Ela estava me devendo uma, resolvi um problema para ela um ano atrás... então, não precisei de pagamento ou algo do tipo.
 
O Kaito parece desconfiado mas não diz mais nada.
- Suponho que não vai me dizer o nome da pessoa? - balanço a cabeça em negação.
- Nem todas as pessoas que tem ligação com os criminosos da cidade devem ser presas, vai ser muito útil esse contato caso precisem - dou de ombros- sabe, faz parte do nosso acordo eu oferecer informações sobre alguns grupos criminosos - vejo ele assentir.
- Mas você já deu seu depoimento.
- Eu sei, mas nunca sabemos quando vai ser útil de novo. Além de que, delatar me colocaria em risco, não posso deixar isso acontecer. Você entende não é?
 
Ele parece pensar um pouco, olhando para um grupo de agentes que conversavam baixo.
- Tudo bem. Eu coloquei no relatório que consegui a informação com um antigo informante com quem trabalho - abro um sorriso.
- Muito obrigado Kaito.
 
Ele abre um sorriso quase imperceptível, e sai em seguida em direção ao grupo de agentes. Pego meu celular no bolso e vejo que está sem sinal, não vou conseguir falar com o Gon, e não posso dizer nada pela escuta porque não será apenas ele que estará  ouvindo. Portanto, engulo minha vontade de falar com ele e passo a conferir tudo que preciso, se a arma está em uma posição favorável e de fácil manipulação, se o colete está bem preso e se verdadeiramente não fica marcado por baixo do moletom.
   
Olho para o Kaito que no mesmo instante me encara, faz um movimento de cabeça. Está na hora de nos separamos. Apenas assinto e vejo a movimentação ao meu redor.
  
O tempo se passou mais rápido do que pude notar, o sol quase neutro do dia passou a ficar cada vez mais fraco, por entre as nuvens de chuva, um tom alaranjado enfraquecido pode ser visto, ou seja, o sol está se pondo. Já não vejo nenhum dos agentes, que estão separados pelo terreno ao redor, nenhum deles em um local exposto de fácil localização.
  
Não existe luz artificial no ambiente, já que os postes de iluminação estão tanto tempo sem uso que já nem pegam mais. Mas por sorte, não está escuro ao ponto de não conseguir enxergar. Respiro fundo e coloco a mão no interior da blusa, sinto a lâmina tão familiar em meus dedos, aquela sensação inquietante em meu peito... espero que não precise usar isto novamente.
   
Utilizar a faca é minha última opção, apenas em uma situação urgente a deixaria em ação, ainda tenho boas habilidades físicas, consigo me defender bem, e diferentemente da luta corpo a corpo com o Illumi, o Hisoka não tem controle psicologicamente sobre mim, nada que ele diga irá conseguir me desestabilizar ou me deixar nervoso ao ponto de tomar atos imprudentes e impulsivos como opção.
  
Olho de um lado para o outro, estou entre o imenso corredor de galpões, olho para trás pois penso ter ouvido o som de uma pedra caindo, mas foi tão baixo que tenho quase certeza que o som foi produzido pela minha própria mente. Continuo andando para frente cada vez mais lentamente, tiro minhas mãos de dentro do moletom, a cada passo o meu coração fica cada vez mais inquieto, fico alerta a qualquer movimento ou som, por mínimo que seja ao meu redor. Algo me diz para estar pronto para qualquer coisa, uma sensação, um instinto de que não estou sozinho, algo furtivo se move nas sombras, tão habilidosamente que não produz um único som ou ruído, é apenas um silêncio mortal... não posso vê-lo, mas já estive em muitos cenários parecidos para conseguir sentir quando algo está a espreita.
  
Passo por um contêiner e estou em céu aberto, um leve ranger sooa atrás de mim, quebrando a quietude. Abro um sorriso de lado.
- Você já foi mais imperceptível - viro para trás e uma figura pula do contêiner por qual passei, pousando no chão com maestria. A silhueta alta e esbelta se aproxima, os dentes brilhando em contraste com o cabelo para o alto.
- A quanto tempo Killua - ele mexe em algo na mão, o som do objeto passando pelos seus dedos revela que é uma carta de baralho - Perdi muita coisa enquanto estive fora? - ele para no momento que seu rosto fica nítido. Dou de ombros.
- Não vou perder meu tempo te atualizando. Acho que temos algo bem mais sério para tratar.
  
Ele ri e meu corpo se arrepia.
- Você sempre foi um espetáculo a parte- seus dedos se movem, noto quando algo brilhante passa pelos seus dedos, trocando de lugar com a carta de baralho, e em questões de segundo, o objeto corta o ar em minha direção...

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Where stories live. Discover now