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  Mito Freecss...

Coloco o bolo cortado na vitrine do balcão, e deixo a bandeija em um canto.
- Vou ficar com você até o Killua e o Gon chegar - falo para o Kurapika que assente.
 
Pego um pano para limpar uma das mesas, saio de trás do balcão e dou alguns passos, quando o som da porta se abrindo me faz olhar para mesma. Um homem alto, vestindo uma roupa social entra e olha ao redor, seu olhar para em mim e passa a caminhar em minha direção. Largo o pano e abro um sorriso leve.
- Boa tarde, no que posso ajudar? - ele sorri e faz um sinal com a cabeça.
- Boa tarde, estou a procura da senhorita Mito Freecss.
 
Me procurando?
- Pois está falando com ela - ele assente e estica a mão.
- Sou Gotoh, um amigo do Killua, se possível gostaria de tomar alguns minutos de seu dia. 
  
Seguro seus dedos para cumprimentá-lo, e me surpreendo ao sentir o calor de suas mãos, não exageradamente quentes, mas me lembram a sensação de estar em cobertas quentes em um dia frio. Rapidamente retraio a mão e olho ao redor.
- Não tem muito trabalho agora - abro um sorriso - Se importa se conversarmos em uma das mesas?
- De maneira alguma - assinto.
- Fique a vontade. Posso te oferecer algo para beber ou comer?
 
Ele olha para o cardápio na parede passando o olhar rapidamente.
- Aceito um café gelado por favor.
- Já vou trazer - saio para pegar o pedido e vejo a figura elegante se sentar em uma das mesas.
- Tia Mito - olho para o loiro - Quem é aquele homem?
- Gotoh, disse que é amigo do Killua - O Kura parece pensar por um momento.
- Ah sim, ele era o mordomo da casa dos Zoldycks.
 
Assinto me recordando de quando o Killua me disse sobre o mesmo, ao que parece, ambos sempre  foram muito próximos, e ele cuidava bem do Killua e da Alluka. Pego dois copos de café gelado e sigo para a mesa, entrego o dele e me sento em seguida.
- Muito obrigado - sorrio.
- O que gostaria de falar?
 
Ele olha para os lados como se estivesse sem jeito antes de me olhar, seus olhos escuros refletidos pelo óculos incrivelmente limpo, cravam nos meus.
- Você deve ter ouvido que durante toda minha vida trabalhei para os pais do Killua - assinto- Eu tenho um grande afeto por ele, assim como tenho com a Alluka. Creio que consiga entender a preocupação de saber com quem ele está, quem está cuidando dele- ele desvia o olhar- Queria poder conhecê-la, para de certa forma ficar mais despreocupado.
- Você acha que eu faria algum mal para o Kill?
 
Ele me encara.
- Perdão eu não queria dizer isso, eu... - começo a rir ao vê-lo se retratar.
- Está tudo bem, estou apenas brincando com você - ele solta um suspiro de alívio e vejo um sorriso longo curvar em seus lábios.
- Por um momento achei que havia te insultado de alguma forma- ele arruma o óculos.
 
Balanço a cabeça em negação antes de tomar um pouco do café gelado.
- Na verdade o entendo. Eu fico incrivelmente preocupada se o Gon tem contato com alguém que não conheço, em seu lugar também gostaria de ter certeza sobre a índole da pessoa que está responsável pelo Killua - ele assente.
- Exatamente assim que me sinto- ele toma um pouco do café gelado- Mas agora acho que posso ficar aliviado, você parece ser uma boa pessoa.
  
Ele me olha por um segundos antes de abrir um sorriso, me fazendo sorrir também...

Gotoh...

Tomo mais um pouco do café gelado, que está incrivelmente bom. Silenciosamente analiso a pessoa a minha frente. Ela tem uma postura correta, traços finos e delicados, pincelados com precisão em seu rosto, que por sua vez, carrega uma beleza simples mas incrivelmente natural, ela tem o mesmo tipo de olhar que o Killua tanto me disse sobre o Gon. Puros, doces, encantadores simplesmente por serem tão transparentes.
 
Eu vim aqui apenas para saber um pouco sobre ela, costumo ser incrivelmente preciso ao analisar o caráter de uma pessoa em uma breve conversa, sei que ela é uma pessoa boa, mas por algum motivo não quero ir embora ainda, quero saber um pouco mais sobre a pessoa na minha frente.
- O Killua ainda está na escola? - ela nega.
- Hoje ele tem consulta com o psicólogo, foi uma das exigências no contrato com a Hunter - assinto.
- Sim, foi uma ótima ideia, ele já passou por muitas coisas, não conseguirá seguir em frente se não encarar certas coisas do passado. Ignorar as dores superficialmente apenas causa mais dor a longo prazo.
- Foi o que disse para ele quando ocorreu a primeira consulta, ele não queria voltar. Estava com medo. Mas, acho que ter o Gon ao lado dele e todas as pessoas que o amam e apoia, faz ele ter uma coragem que antes estava oculta - balanço a cabeça em afirmação.
- Você passa segurança, deve ter feito ele se sentir acalentado- ela sorri timidamente e derrepente me dou conta de minhas palavras, com um pigarreio desvio o olhar, virando o resto do líquido do copo em seguida.
 
Me levanto da cadeira e a Mito se levanta em seguida parando na minha frente.
- Desculpa ter vindo te incomodar no trabalho.
- Não foi incômodo nenhum Gotoh - sorrio.
- Quanto ficou o Café?
- Por conta da casa.
- Não posso aceitar- pego um cartão e estico, ela segura minhas mãos e me faz paralisar por alguns segundos.
- Já disse que é por conta da casa - retraio minha mão e coloco o cartão no bolso.
- Certo. Então... já vou indo. Muito obrigado pelo tempo e pelo café.
 
Ela sorri.
- Você será sempre bem recebido - assinto e viro de costas, dou alguns passos até a porta mas uma sensação inquietante está em meu peito, e antes que eu perceba já voltei até a Mito.
- Você... gostaria de jantar qualquer dia desses? - ela me encara confusa.
- Jantar?
- Sim... claro, apesar se quiser... para conversamos com calma sobre os meninos.
 
Ela sorri.
- Eu aceito - acabo sorrindo também, abro minha carteira tirando um cartão com meu número.
- Se quiser pode me contatar para vermos com calma.
- Mais tarde te ligo Gotoh - assinto.
- Tenha um bom dia Mito, foi um prazer te conhecer.
- Igualmente. Tenha cuidado ao voltar para casa.
- Terei - viro de costas e sem olhar para trás saio do café, com as mãos levemente trêmulas e uma sensação desconcertante no peito.

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Where stories live. Discover now