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Killua Zoldyck...

Ele levanta o rosto me encarando.
- Não.Eu não estou com medo de você agora. 
  
Eu poderia dizer que ele está mentindo, falando isso da boca para fora, talvez para não me deixar saber que na verdade ele está com medo, mas quando eu olho em seus olhos... sei que ele está falando a verdade. É como se eles fossem o mais límpido espelho, que capta cada detalhe em seu reflexo, tão assustadoramente sincero.

Que tipo de pessoa tem esse olhar?
- Que seja - viro de costas e volto a me sentar na poltrona- Bom, como já disse... não estou aqui atrás da sua família ou de você, na verdade gostaria de nunca mais te ver novamente, portanto eu estar aqui não passou de uma mera coincidência. Eu vou sair daqui, te garanto que não vou mais voltar. 
  
Ele se vira e me encara, ainda em pé.
- Você ter estado aqui hoje, pode ter sido uma mera coincidência, mas me salvar não foi, foi uma escolha. Por isso eu não vou deixar você ir embora daqui, como se não tivesse acontecido nada- ele abre um sorriso pequeno antes de voltar a falar - notei que sua blusa se sujou, talvez você tenha machucado quando caiu. Ao menos... me deixe ver se machucou e cuidar disso para você, posso te emprestar uma blusa também.

Desvio o olhar, passo a encarar uma das cadeiras que estavam na sala.
- Você é pequeno para ter alguma roupa que sirva em mim, além de que, não estou muito sujo.
- Você não é tão alto assim, e tenho algumas que ficam grandes demais para mim, que deve servir em você. Vou pegá-las.
 
Não me viro para olhá-lo, mas escuto o som de seus passos enquanto ele se afasta. Olho para o local que ele estava.
 
Eu poderia levantar e sair daqui antes que ele volte para a sala, mas, por algum motivo eu não me movo, fico esperando ele voltar.
 
Não muito depois o vejo com uma blusa de manga cinza, com um modelo semelhante a que estou usando, na outra mão ele segura uma pequena caixa.
-Achei a blusa e trouxe um kit para limpar o ferimento, acho que tem uma pomada aqui também - ele coloca as coisas no sofá e anda até mim- Você... - ele desvia o olhar e vejo seu rosto ficar levemente corado - pode tirar a ...
 
Antes que ele termine de falar, me levanto e tiro a blusa de meu corpo, deixando minha parte superior nua, sinto um leve arrepio com a temperatura.

Gon Freecss...

Sua pele é pálida, como se não tomasse sol a muito tempo... seus músculos e cada detalhe é tão bem desenhado e marcado, que é quase como se fosse uma pintura feita a mão. Não estou dizendo que ele é musculoso como as pessoas que vemos por ai, ele é magro, mas seu corpo é bem cuidado, forte, e surpreendentemente lindo.
 
Subitamente me dou conta que o estou olhando a muito tempo, e desvio o olhar. Sinto o rubor tomar meu rosto.
Eu estou corando? Por que diabos eu estou corando ?
- Você poderia virar? - ele solta um suspiro e se vira.
 
Suas costas está com uma marca vermelha arroxeada, que foi causada pelo impacto na calçada, como eu havia notado antes, sua pele é pálida, isso faz com que o hematoma fique mais evidente.
- Está muito ... - estico minhas mãos em direção a sua pele, meus dedos tocam sua pele nua por poucos segundos, antes de ele se afastar rapidamente. -Perdão eu ... Eu só queria ver como  estava.
- Me passa as coisas para limpar, deixa que eu faço isso - ele diz, ignorando completamente meu pedido de desculpas.
- Você não vai conseguir passar, está muito no meio. Eu posso passar para você, será rápido.
- Não é como se eu tivesse escolha- ele se senta no sofá - pode passar.
- Há sim- sento atrás dele, pego o soro fisiológico, o algodão para passar, e a pomada.
 
Coloco o soro no algodão e aproximo de sua pele, minha mente é preenchida pelo momento que ele se afastou.
- Vou passar o soro agora - ele apenas assente com a cabeça. 
 
No momento que o algodão toca o machucado, sinto o mesmo se arrepiar. Abro um sorriso.
- Está muito gelado? - ele não me responde. Meu sorriso se fecha e eu começo a passar atentamente.
 
Tenho que limpar direito para que não doa tanto, afinal, ele só está assim por ter me salvado, tudo porque eu não penso antes de fazer as coisas e simplesmente sai correndo no meio da rua sem nem ao menos olhar para os lados. Eu tenho que ser mais atento.
 
Assim que termino, coloco o algodão na tampa da caixa e abro a pomada. Passo um pouco da mesma em minhas mãos, antes de levá-las até a sua pele. Como da vez que eu coloquei o soro, ele se arrepia, finjo não notar e passo minhas mãos sob o machucado, delicadamente para não arder. Espalho a pomada e passo meus dedos em movimentos circulares. Sua pele antes fria, agora parece se esquentar com meu toque. É ele ou eu?
 
Por algum motivo quando eu o toco, é como se o ar ficasse pesado, inexplicávelmente sinto como se uma corrente elétrica passasse da ponta de meus dedos, e percorresse meu corpo por completo na velocidade de um raio. Me deixando sem reação alguma.
 
Ele vira seu rosto para o lado.
- Acabou?
- Hã? - tiro minhas mãos rapidamente- sim acabei.
  
Ele se vira e se aproxima, seus olhos azuis fixados em mim. É como se eu estivesse paralisado, vendo ele se aproximar cada vez mais. Minha respiração para por alguns segundos antes de ficar pesada, seu braço em direção do meu corpo.O que ele vai fazer? Minha mente em confusão, assim como meu coração que se acelera derrepente. Fecho os olhos.
 
Não sinto nada.

Os abro novamente, vejo ele pondo a blusa que eu trouxe.
 
Ele se levanta e me encara.
- A porta está aberta? - assinto, ele anda até a porta. 
 
Sei que se ele sair, nunca mais o verei. Eu deveria estar tranquilo por isto, mas é como se uma guerra interna estivesse sendo travada dentro de mim. Minha parte racional quer que ele vá, e a outra... simplesmente grita que quer vê-lo de novo, mesmo que não tenha razão nenhuma nisso, é quase como um desejo, um...
- Killua - O chamo quando sua mão estava na maçaneta - ele se vira me encarando.
 
Ótimo. O que eu vou falar agora?
- Minha blusa. Você pode me devolver depois? Eu lavo a sua e te devolvo também.
- Ok- ele abre a porta e sai.
 
Com um longo suspiro me jogo no sofá.
Blusa? Sério isso Gon Freecss...? A melhor coisa que você pode pensar, foi ele te devolver a blusa ?
  
Olho para a poltrona, onde sua blusa estava jogada.
  
Pelo menos agora eu tenho um pretexto para vê-lo de novo... apesar de eu não ter ideia do motivo de eu querer encontrar com ele de novo... só sei que ... Abro um meio sorriso. Por enquanto, saber que ele virá mais uma vez... me deixa estranhamente... feliz?

A Luz da Minha Escuridão *Killugon* Where stories live. Discover now