A Luz da Minha Escuridão *Killugon*

~42~

Killua Zoldyck...

Minha respiração está calma, porém minha mente fervilha em uma angústia impulsiva, estou parado faz alguns segundos encarando a maçaneta. Eu sei que há muitas pessoas nesse mundo com longos cabelos negros e lisos como o do Illumi, mas uma intuição quase que mística me diz que é ele, mas ao mesmo tempo que tenho certeza disso, torço para que esteja errado. Com um longo suspiro abro a porta.
 
Olho para frente e vejo o Illumi com um livro nas mãos, ele automaticamente me encara, antes mesmo que eu note, meu olhar cai pelo seu pescoço e desce até parar em seus braços, mesmo a distância, posso ver a esfoliação que se destaca em meio ao seu pálido tom.

Engulo em seco e abro lentamente meus lábios, sem sequer saber quais palavras serão proferidas, mas antes mesmo que minha voz saia ele abre um sorriso, me fazendo paralisar.
 
Acompanho com o olhar quando ele coloca o livro lentamente na mesa.
- O que foi Kill?
- Eu...
- Deixa eu adivinhar está preocupado? - ele me interrompe.
 
Eu tenho vontade de me socar nesse momento, eu sei que é ele, mas meu corpo se paralisa quando seus olhos frios me encaram, quase como se o mundo se tornasse turvo demais para que eu possa dar sequer um passo... Eu sei que sensação é essa... medo.
- Não se preocupe tanto - ele se levanta se apoiando na mesa em seguida - Ele não vai morrer com uma pequena ferida daquelas.
 
Meu coração se acelera, seu olhar frio me encara, um maldito sorriso no canto de seus lábios. Fecho meu punho e cravo minhas unhas em minhas próprias mãos, abaixo a cabeça encarando meus pés, e sinto meu corpo se acender em um rancor, uma raiva...
- Seu filho da puta - as palavras saem quase que em um sussurro - escuto sua risada.
- Você foi ingênuo demais Killua, achou mesmo que passou despercebido o seu envolvimento com ele? Ridículo - as palavras são proferidas com um desdém, a medida que sua voz ecoa, mais minhas unhas se aprofundam em minha pele.
 
Alguns segundos torturantes de silêncio se seguem antes de sua voz voltar a preencher o cômodo.
- Mas até que te entendo... ele é realmente uma graça- mordo meu lábio inferior com força- Fui tentado a olhar para trás quando escutei o grito dele, tão desesperador enquanto a bala o atingiu...
 
Meu corpo se move antes mesmo que eu perceba, meu punho fechado é rapidamente levado até o rosto de Illumi, a ação repentina o acerta em cheio, escuto o som da minha mão em seu rosto fino e o tilintar da virada brusca de seu rosto.
  
Minha respiração está pesada, eu quero deixá-lo em pedaços nesse momento, caído no chão sem nada em sua mente além da dor.
 
Ele vira lentamente passando a mão no sangue que escorria de seus lábios, uma risada cínica ecoava.
- De onde surgiu essa coragem toda? - ele se move rapidamente agarrando minha blusa, antes que eu possa me soltar, um soco é fortemente desferido em meu rosto, ele me solta fazendo com que eu caia no chão, sinto o gosto metálico do sangue em minha boca - Tanto tempo me ouvindo e você não aprendeu? - ele se abaixa ficando próximo do meu rosto - Não se enfrenta alguém que você não tem a menor chance de vencer... - um sorriso surge no canto de seus lábios tingidos por sangue fresco.
 
Apoiado em meu joelho eu me levanto dando mais um soco em seu rosto, antes que ele se vire novamente agarro a gola de sua blusa fazendo com que ele me encare de frente.
- Pouco me importa se eu vou sair muito machucado, ou com a porra do meu corpo inteiro quebrado - minha voz está rouca banhada por uma raiva extrema, meu corpo treme mas minhas mãos não fazem menção de ceder, e meus dedos ainda seguram fortemente o tecido - Mesmo que você acabe comigo, pode ter certeza que eu acabo com você também.
 
Ele sorri, com um filhete de sangue escorrendo de seu rosto.
- Tudo isso por conta de um garoto sem nenhum tipo de importância?... - ele leva a mão até as minhas tentando se soltar de meu aperto.
- Ele não é sem importância seu desgraçado, ele é a pessoa que eu amo, por isso... - antes que eu termine de falar ele me chuta fazendo com que eu caia longe, o local atingido doi. Nos segundos que demoro para conseguir me levantar ele já está na minha frente.
- Amor? - ele ri - Não seja ridículo Killua, você só ia trazer dor para ele. Você não sabe amar alguém- mais um chute é desferido em minha costela. Um gemido de dor escapa de minha boca.
 
Com os olhos marejados e o sangue escorrendo, vejo ele levantar a perna e seguro a mesma jogando o corpo do mesmo para trás, antes que ele levante eu me recomponho.
- Você achou mesmo... que seria feliz com ele? - dou um soco em seu estômago, fazendo ele se curvar.
- Eu sou feliz com ele. E mesmo que eu tenha que te mandar pro inferno para estar com ele - seguro o cabelo do Illumi levantando seu rosto - Pode ter certeza que eu não vou sequer pensar em não fazer isso.
 
Encaro seu rosto e só vejo de relance o movimento rápido de seu braço e uma dor aguda na região do meu tórax. Aos poucos meu corpo começa a ceder, e ele escapa de minhas mãos.
- Sabe o que é ridículo? - ele limpa a boca se afastando de mim. Tento fortemente manter meu corpo em pé, mas minhas pernas caem cada vez mais- Que você realmente acreditou que conseguiria cuidar dele, salvar ele... Mas não consegue salvar a si mesmo.
- O que ... Você colocou em mim?
- Isso? - vejo ele levantar uma agulha- é um sedativo.
 
Seguro meus dedos no chão e tento andar até o Illumi eu não posso deixar... ele ir até o Gon.  Levo minha mão até meu tórax, com um grito de dor tiro a agulha. Minha vista está cada vez mais turva... Ainda não...
 
Meu corpo inteiro doi, tento me levantar mas caio de joelhos, enquanto a risada do Illumi ecoa pelas paredes da casa, quase que um eco em minha mente...
- ah - Me coloco de pé, olho para o Illumi e dou um passo cambaleando, quando estou quase próximo meu corpo cai em um baque, fazendo com que meu rosto bata no chão com uma força absurda.
- Para de lutar, você já não está nem enxergando nada.
 
A voz dele soa distante, seus sapatos estão ficando turvos, minha vista escurecendo...
- Mas não se preocupe em breve você vai ver o Gon.
 
Meus olhos ficam marejados, eu não consigo me mover ... as lágrimas caem antes que eu perceba. Eu falhei... mais uma cai.
- Gon... - e como uma explosão... tudo ficou preto e já não escuto mais nada, a última sensação é a dor em meu peito e a fria lágrima que escorre pelo meu rosto...