Capítulo 24

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Ana Steele

Eu e Christian nos despedimos, deixando uma intensa falta um do outro depois do aconteceu no escritório. Não sei como alguém não ligou no telefone ou até mesmo bateu na porta, mas lembrei da ordem que ele havia deixado claro para todos enquanto eu estiver na empresa.

Meu celular toca e caço ele dentro da bolsa, vendo na tela que era minha nova chefe da SIP.

- Ana Steele – digo ao atender.

- Senhorita Steele, que bom ouvir sua voz novamente. Até sinto saudades de como falava comigo pessoalmente – diz a voz rouca e enjoada de Jack Hyde.

Meu corpo todo tremia de raiva, ódio e vontade de colocar alguém atrás desse infeliz. Aposto que me ligou pra me provocar!

- O que você quer, imbecil? – Pergunto ríspida

- Apenas saber como você está e se ainda continua trabalhando na empresa na qual não sou mais o chefe – diz ele rindo todo ignorante no telefone.

- Sabe o que é estranho? Você ligar do celular da minha chefe e me fazer esse tipo de pergunta tão idiota. E se te interessa saber: estou ótima, pois tenho pessoas que valorizo e ainda continuo com meu emprego. Agora o que anda fazendo da sua vida medíocre? – Digo firme e ríspida.

- Contando os dias para te encontrar – diz ele e desliga o telefone na minha cara.

Mas é tremendo cara de pau e sem vergonha para me ligar, dizendo todas essas abobrinhas. Isso é um absurdo!

Desço do ônibus em passos nervosos e espumando de raiva, crendo que serei obrigada a ter uma conversa muito séria com a senhorita Elizabeth Morgan, minha chefe e que possivelmente se envolvia com esse palhaço.

Ando poucos passos até chegar ao meu prédio, cumprimento o porteiro que vive me dando olhares doidos quando me ver e entro no elevador já com a porta aberta. Durante o tempo que fiquei ali dentro, fiquei pensando em tudo o que o infeliz do Hyde me disse ao telefone e tremi por dentro. O elevador parou, sai e passei na chave na porta exausta.

Jogo a bolsa na poltrona, massageando a têmpora e vou até a cozinha tomar um copo d'água. Respirei fundo e comecei a rir de toda a aventura perigosa que vivi com Christian em seu escritório, naquele perigo de sermos pegos feito crianças aprontando algo longe dos pais.

Escuto passos atrás de mim seguido de um vento frio. Espanto meu extremo medo e viro meu corpo, dando de cara com Suzannah e sua expressão nervosa. Seu rosto todo vermelho e os olhos inchados de tanto chorar, suas mãos tremia fechados em punho.

- O que você quer, Suzannah? – pergunto encarando ela.

- Você se acha esperta o suficiente para me enfrentar, não é? – diz ela rindo ironicamente – Mas para mim não passa de uma tremenda estúpida.

- Se pensa assim, azar o seu – respondo da mesma altura sua tentativa de me provocar.

Confesso que Suzannah é uma mulher bonita e elegante, pena que sua mente funciona de outra maneira. Ela usava saltos azul marinho, blusa de manga curta e uma calça social, cabelos presos em um rabo de cavalo alto e não usava maquiagem.

- Não sei como o Christian perdeu a atração por mim e foi olhar justo para você: uma insignificante e boba – disse ela e começou a rir. Sai furiosa da cozinha, e a agarrei pelo cabelo.

- Como se atreve a me ofender? Quando a única insignificante aqui é você – digo e faço olhar para mim – Sabe porque o Christian não te olha como antes? Quer mesmo saber?

- Diz. Se é mulher o bastante como José me disse – respondeu ela e fervi de raiva.

- Porque você foi capaz de matar um ser humano na qual carregava e o fez pisotear em seu orgulho – digo e ela vira uma bofetada em minha cara.

Pigarreio, nãodeixando me abater, e lhe devolvo dois tapas de uma vez só. Ela vem para cima de mim, nos fazendo rolar pelo chão do meu apartamento com Suzannah tentando me deter. Solto outro tapa.

- Você não tem direito de me julgar. Seu amado foi quem pediu aquilo e, óbvio, que não iria permitir estragar meu corpo pra carregar um bastardo – diz ela sem emoção. E volto com outro tapa.

- Não tem vergonha de dizer algo assim, porque futuramente vai se arrepender de tudo que fez. Você não passa de uma vagabundinha ordinária, uma mixetera barata e ratazana de esgoto – digo e escuto a porta ser escancarada. Cindy e Christian adentra meu apartamento, separando eu e Suzannah.

Em seguida vejo Kate e Elliot apavorados atrás de Cindy. Suzannah levanta do chão, ajeitando os cabelos e arrumando a roupa.

- Eu avisei para que não se aproximasse dela, Suzannah – Christian berra segurando Suzannah, Cindy me senta no sofá e Elliot me dá um copo de água – Já sei que o inútil do José está envolvido até as orelhas com você e sugiro que o avise para não voltar a ver Anastásia.

- Eu te amo Christian e você não vai ficar com ela. Entendeu? – diz ela gritando.

- Basta, Suzannah – diz Cindy – E saia daqui antes que eu faça uma besteira de te jogar por essa janela.

- Cala a boca, estúpida – grita Suzannah – Você não será meu e de ninguém – saca uma arma por detrás da calça, engatilhando e aponta para Christian.

- Não – grita Elliot e Christian o barra.

Essa conversa está indo para o caminho doloroso, Suzannah com certeza está perturbada e todos nós calmos para que tudo pudesse se amenizar. O que poderia não acontecer.

- Abaixa a arma, Suzannah. Você não vai fazer isso – diz Christian.

- Vou. Porque se fui capaz de tirar a vida de um filho seu, posso muito bem acabar com a sua palhaçada em viver de amor – diz ela rindo e lágrimas saltam de seus olhos.

- Você não sabe amar, porque um ser humano como você não merece nada e nem ninguém – diz Christian – Ou já se esqueceu do porquê sua mãe e irmã te abandonaram?

- Seu infeliz – grita ela e dispara a arma.

- Não – grito e tomo a frente de Christian, ouvindo Kate me gritar atrás e a bala queimar meu peito.

Algo quente molha o tecido da minha blusa, a dor é dilacerante e pressiono o local aonde vinha a dor. Vendo a minha mão encharcada de sangue vivo, debulho em lágrimas e me dou conta que minhas horas estão contadas neste mundo. Deixaria Christian sofrendo, minha mãe e todos que me amam. Mas, por amor, impedi que me tirassem o que de melhor houve em minha vida.

- Ana. Ana – chama Christian e caio em seus braços, tentando encontrar ar – Baby. Porque fez isso?

- Eu.... preciso.... te... proteger – soluço e ele pressiona o ferimento – Não... poderia.... te.... deixar.... ir

- Ana, não feche os olhos. A ambulância está vindo – diz Kate nervosa e pega em minha mão – Você foi mais louca que Suzannah pulando na frente desse jeito.

- Amiga.... eu não aguento.... viver.... assim – falo com dificuldades e meus olhos pesam demais – Cuide.... do.... Christian.... para.... mim

- Não, baby – diz ele e só ouço seu desespero – ANAAAAAA.

A escuridão me toma e toda a dor parece desaparecer. Me sinto perdida, pois o chão e o céu sumiram das minhas vistas. O silêncio perturba demais, quero tanto ouvir o som da voz do Christian, vê-lo e dizer que sinto muito por tudo que fiz de errado nesse tempo que estamos juntos, mas a volta é impossível.

Meu peito queima e meu coração é fraco, perde o sentido das batidas. Só o que lembro é de ver o tamanho desespero nos olhos de Christian, tão dependente do meu amor e carinho, agora o deixaria viver sem sentido algum da vida.

Ah! Christian. Eu te amo hoje e sempre!

Deve ter sido o acasoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن