Capítulo 12

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Christian Grey

Bip. Bip. Bip

Um som tão irritante começa a me deixar nervoso e só o que vejo é um escuro, sem nenhum pesadelo ou qualquer presença estranha. O ar parecia que tinha voltado com toda a força que se foi, meu corpo relaxou e a dor deu lugar ao alívio repentino.

Aonde eu estava? O que aconteceu?

Lembro de estar em meu escritório, a briga tensa com Suzannah, Anastasia ao meu lado me passando calma depois de passar nervoso e em seguida a dor no peito. Meus pulmões tentando sugar o ar sem sucesso algum, Ana desesperada e fazendo massagem no meu peito assoprando o ar para dentro da minha boca.

O toque. Desespero. E o escuro sem sentido.

O barulho chato daquele bip já estava se tornando um incomodo dos grandes, fui abrindo meus olhos devagar e uma claridade forte me atingiu de repente.

- Christian – chamou uma voz doce – Consegue me ouvir?

- Estou morto? – pergunto e engulo seco. Minha garganta arranha e aos poucos mexo meus dedos.

- Não. Você não está morto, graças a Deus – disse a mesma voz só que agora chorando.

Mexo minha cabeça e olho em direção da onde vem a voz. É minha mãe. Grace.

- Mãe – chamei – O que aconteceu?

- Você passou muito mal no trabalho, meu bem. Chamaram a ambulância e te trouxeram pra cá – contou ela e sinto sua mão acariciar meus cabelos, me fazendo sorrir – Fiquei tão desesperada, filho.

- Eu não me lembro de muita coisa, mãe – digo e minha cabeça explode em uma dor excruciante – Estou com dor de cabeça.

- Vou chamar a enfermeira para aplicar um analgésico – diz ela e aperta o botão do lado da cabeceira.

Minha mãe continua com o cafuné e vago nas lembranças de quando era uma criança quietinha, tinha acabado de me adaptar ao novo lar e só precisava de um carinho depois de ter passado por tanta dificuldade. Fecho meus olhos, deixando me levar pelo carinho materno.

Alguns minutos demoram até entrar no quarto uma enfermeira e o médico.

- Bom dia, senhor Grey – diz o médico – Como se sente?

- Com dor de cabeça, doutor. Garganta seca – respondo e ele me examina.

- Isso é normal, pois dormiu por mais de 24 horas – diz ele e arregalo os olhos.

- Quanto tempo estou aqui? – pergunto e o médico sorri.

- Há dois dias. Mas dormiu por 36 horas seguidas, sem nenhuma alteração no sistema nervoso ou qualquer complicação – diz ele e checa minha pressão – Pressão arterial normal.

A enfermeira aplica algo em meu soro e a dor de cabeça começa a se aliviar, tinha uma cânula presa no nariz que levava oxigênio para meus pulmões.

- Se lembra de alguma coisa, senhor Grey? – pergunta o médico.

- Pouco. Estava no meu escritório conversando com Ana e de repente comecei a ficar sem ar – disse – Depois disso, mais nada.

- Certo – disse ele e anotava na prancheta – O senhor estava ingerindo alguma bebida ou comeu antes?

- Só tomei metade de um copo de água – respondi e ele anotou – O que aconteceu?

- Senhor Grey, fizemos um exame de sangue e encontramos uma substância tóxica mortífera no seu organismo – disse o médico e franzi o cenho – O senhor foi envenenado. Se os paramédicos demorassem mais alguns minutos, não haveria chance de sobrevivência e acredito que ingeriu junto com a água que tomou.

Como não notei que a água estava com um gosto estranho?

Anastasia estava ao meu lado, mas não seria capaz de fazer algo tão monstruoso assim comigo e, aliás, não lhe dei motivos para esse ato. Muito menos algum familiar meu. Quem está por trás disso?

Suzannah.

O médico e a enfermeira saiam do quarto e só fica eu e minha mãe.

- Filho, o que essa Ana fazia em seu escritório? – perguntou minha mãe.

- Ela chegou no momento que Suzannah estava indo embora, depois de uma briga feia que tivemos e eu fiquei muito nervoso. Ana ficou comigo para me acalmar, conversando e pediu que minha assistente trouxesse água. Logo eu comecei a me sentir mal, ela ficou apavorada e aplicou os primeiros socorros – contei e vi minha mãe empalidecer.

- Meu Deus! Fui uma idiota e injusta – disse ela – Fiquei descontrolada quando soube o que tinha acontecido com você que acabei acertando um tapa nela. Agora me sinto arrasada e essa moça te amparou.

Parei para raciocinar direito. Minha mãe acaba de me contar que bateu em Anastasia por acreditar ser a culpada pelo meu envenenamento.

- Mamãe, como pode ser tão fria? – digo chateado – Você nunca foi de fazer isso. Ana só me ajudou, mesmo estando desesperada ao me ver passando mal e desmaiando na sua frente.

- Me perdoe, filho – diz ela chorando e fico sensível ao ver ela dessa maneira – Eu errei com essa moça.

- Errou não. Magoou os sentimentos dela, mãe – digo – Aonde ela está?

- Está na sala de espera acompanhada pela Cindy – responde minha mãe limpando as lágrimas – Vou chamar elas e dizer que acordou.

Não falo mais nada e só balançando a cabeça em sinal positivo. Grace sai do quarto de cabeça baixa, me deixando ali sozinho com as paredes brancas do quarto. Aquele bip permanecia no ambiente, me tirando do sério e percebo que são meus batimentos cardíacos.

Vejo a porta do quarto abrir e Anastasia entrar junto com Cindy, elas duas me olham com uma expressão triste.

- Bem vindo de volta ao planeta, Grey – brinca Cindy e dou um riso fraco – Se você tentar nos deixar de novo, juro que no retorno te meto o tamanco na cara. Entendeu? – minha melhor se aproxima e belisca minha bochecha.

- Com toda a certeza, Cih – brinco e ela ri. Ana permanece quieta – Ana.

Ela me olha e Cindy sinaliza para que se aproxime do meu leito. Anastasia corre, me abraçando e dando-me um selinho demorado. Percebo alguns pontos vermelhos em sua bochecha, lembrando que minha mãe havia lhe dado um tapa.

- Graças a Deus – diz Ana e limpo suas lágrimas – Tomei um susto grande quando te vi mal.

- Agora estou bem. Muito obrigado por ficar aqui e ter a paciência de me ajudar – agradeço e ela sorri – Minha mãe me contou do tapa que te deu.

- Ela só estava nervosa – disse ela compreensiva e tocando o local do incidente – Se fosse um filho meu, ficaria do mesmo jeito.

Pigarreei alto quando ela disse a palavra "filho" e espantei de imediato a lembrança horrível.

- Eu amo a dona Grace, mas ela exagerou – disse Cindy – Não precisava ter dado esse tapa na Ana. Até Elliot ficou abismado com essa atitude dela.

- E eu não fiquei diferente – disse e acariciei a bochecha de Ana – Ela se arrependeu quando contei ao médico e reconheceu a tremenda injustiça. Tome a liberdade se quiser perdoar minha mãe ou não.

- Vamos ter tempo para conversar em uma outra ocasião. Por enquanto não quero contato com a Grace – disse Ana visivelmente magoada – Será que posso ficar aqui com você?

- Claro que sim – respondo e ela me beija na testa.

- Ah fala sério! Que piegas vocês dois – reclama Cindy e rimos – Muito mel com açúcar, parecendo dois adolescentes com os hormônios em ebulição.

- Sexo no hospital não pode, Cindy – digo e Ana belisca meu braço.

- Quanta sutileza, senhor Grey – desafia Ana – Dá pra ver que já voltou ao normal.

Aproveito para me distrair um pouco com a minha amada melhor amiga Cindy e seu jeito foda de ser, Ana fica comigo o tempo todo e manda algumas mensagens para Kate passando informações sobre meu estado.

Deve ter sido o acasoWhere stories live. Discover now