Capítulo 26

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Ana Steele

Meu corpo não se mexe, não sinto nada e tudo que vejo é a escuridão. Tento me mover para encontrar outra posição, mas meu corpo não me obedece de jeito nenhum e meus olhos parecem que estão colados. Simplesmente não desperto!

O que estava acontecendo? Aonde estou? Porque não me acordam?

Só ouço uma porta abrir e passos leves se aproximam.

- Ana, minha filha amada – é a minha mãe. Ela está chorando? – Você vai ficar bem. Eu e seu pai estamos rezando mais do que de costume. Precisamos que volte para nós e para o amor da sua vida, que não sabe o que tomar um ar fora do hospital. Te amamos tanto, minha boneca.

Como assim voltar? Estou morta?

- Há mais de 36 horas que está dormindo, meu amor – é meu pai com a voz embolada. Ele não é de chorar assim – Acorde. Fique conosco.

Sinto uma mão suave acariciar meu rosto e mexer em meu cabelo. Minha mãe chora em desespero, por cima de mim e quero retribuir seu carinho.

Porque durmo a tanto tempo assim? Aonde está o Christian?

Lembro pouco do que houve: Suzannah enlouquecida no meu apartamento, a nossa terrível briga, Christian arriscando a vida para me defender e a hora que ela dispara a arma... pegando em meu peito. Depois disso, só dor e a falta de ar em meus pulmões.

Médicos dizendo que eu estava morrendo... meu coração perdia as batidas, uma luz me puxando e voltava. E agora não sei porque não me movo.

Estou inerte há mais de 36 horas... quero voltar! Preciso proteger Christian, estar com ele e sentir seus braços. Mas eu não consigo!

Sinto lágrimas escorrer dos meus olhos, sem abri-los. Estou desesperada e perdida, não reconheço minha falta de força e muito menos essa impossibilidade.

- Baby – é Christian. Meu amor. O homem por quem estou aqui lutando sem resposta – Ainda continua sem se mexer, e eu sem ver seu sorriso e seus olhos. Estou morto. Morto. Não me deixe, por favor.

Eu te amo, Christian!

Tento mais uma vez um pequeno esforço, logo sinto uma corrente passar por minhas veias e movo os dedos, apertando a mão de Christian.

- Baby... você – ele se emociona, sua voz embola – Aperta de novo, baby?

Aperto novamente sua mão, ouvindo um bip acelerado e irritante ao meu lado.

- Senhor Grey.... – ouço outra voz masculina e grossa, reconhecendo ser supostamente o médico.

Não ouço mais nada, voltando para o buraco escuro e profundo.


Christian Grey

Saio do quarto, contente e emocionado com o regresso de Ana. Ela conseguiu apertar minha mão e me passou o arrepio tão conhecido de esperança pela grande recuperação. Meu amor e minha nova fé estava fazendo sentido a partir daquele momento.

Sinto alguém do meu lado e vejo que é meu pai.

- Filho, o que houve? Ana piorou? – pergunta ele preocupado.

- Não.... pai. Ela.... – não consigo dizer por tamanha emoção.

- O que, filho? Fale o que houve – diz ele me amparando.

- Ela conseguiu apertar a minha mão – respondo e meu pai me abraça.

- Filho, isso é... um ótimo regresso – diz ele e choro em seu ombro, parecendo criança que acaba de ver os pais.

Minha mãe sai do quarto de Ana com uma expressão aliviada e acaricia minhas costas.

- Querido, a Ana está voltando para nós – diz a minha mãe emocionada também – Foi um regresso enorme que ela deu. O médico que está cuidando dela disse que nem mesmo com a Carla ela deu essa novidade. É o elo enorme do amor entre vocês.

- Mamãe, será que durante esses dias ela acorda? – pergunto e minha mãe prontamente muda a expressão.

- Pode ser que ela demore um pouco mais para acordar, querido – afirma ela – É um processo delicado e longo. Então, continuemos com a fé que tudo voltará a ser melhor.

Abraço minha mãe e arrasto meus pais para um canto, para mostrar a surpresa que preparei para o dia que Ana abrirá os olhos e lógico que tive ajuda dos meus amigos e irmãos para isso.

- Pai, mãe. Quero que vocês saibam de uma coisa – começo – Sei que ainda é cedo para isso acontecer e pode ser que seja apressado demais, mas vendo que Ana foi capaz de levar um tiro no meu lugar, pude clarear mais meus pensamentos e fazer essa surpresa para ela quando sair do coma.

- E o que é, filho? – pergunta meu pai e tiro do bolso a caixinha azul-marinho veludada e pequena. Abro e mostro para eles o lindo anel da Tifanny's encrustada de rubi.

- Christian... meu querido – minha mãe nem consegue falar e pega na mão a caixinha – Você vai pedir ela em casamento.

- Sim, mamãe. Ana é a mulher com quem quero estar e devo muito por devolver o que um dia tiraram de mim: a alegria, a vida e me ajudou a enfrentar meus medos – digo e me emociono – Ela é o que de melhor aconteceu nessa vida. Por isso, sei que agora quero dividir tudo com ela para sempre.

- Sempre tive orgulho de você, filho – diz meu pai – Soube o que é melhor, escolher os passos a seguir e o que queria. Quando te olhei pela primeira vez, senti um calor incomum no coração por saber que iria passar o que aprendi com o seu avô.

- Obrigado, pai – agradeci e ele me abraçou forte.

Eu só esperaria o dia mais feliz para fazer a entrega do anel. Com certeza Ana vai reclamar do caríssimo anel de noivado e dizer que soará estúpido um pedido feito dentro de um hospital, sendo que poderíamos fazer um jantar em família e encarregar a surpresa para todos que nos apoiam. Dou uma leve risada ao lembrar da língua afiada e petulante dela ao me enfrentar, sempre contradizendo tudo que falava.

Nossas aventuras, loucuras, os momentos que fazemos amor e aproveitando a saudosa companhia um do outro. Essas lembranças são o que me mantém em pé e forte para esperar que ela volte para mim em um determinado momento.

Deve ter sido o acasoWhere stories live. Discover now